A história do Restaurante Gimba para quem o conheceu no mínimo é curiosa: foi lá que muitos jovens se conheceram e promoveram a festa de casamento. Era a época em que a música italiana corria o mundo e filmes como “Dio come ti amo” com Gigliola Cinquetti, tinham sessões seguidas há poucos metros do Gimba: Odeon e Paratodos. Na verdade, a cidade acontecia da Avenida Barroso até a Brasil, onde personagens surgiam abreviando o futuro entrando para a história comercial de Araraquara.
Foi neste clima de romantismo que o empresário Roberto Aboud viveu sua infância e adolescência dentro do Gimba. O pai José, faleceu aos 45 anos, vítima de um infarto que não deu chance de recuperação. Assumiria então, Roberto, o segundo filho do casal, aos 17 anos.
Depois da morte de Zé, Aparício ajudou o herdeiro a cuidar do restaurante, mas a pouca idade e a falta de estrutura não deixaram que o comércio se prolongasse por muito tempo, mas mesmo assim, o Gimba foi sinônimo de sucesso entre os 10 anos que durou, até 1977.
Segundo Aboud, os romeiros que vinham do Rio de Janeiro e outros Estados para assistir a passeata de Corpus Christ em Matão – além de muitos outros eventos, como o exame de Madureza que ocorria em Araraquara e atraía milhares de pessoas – passavam para almoçar no restaurante.
“Chegavam 10 ônibus de uma vez e as pessoas ficavam até três horas esperando na fila para comer. Não havia muitas opções em Araraquara e a reputação do restaurante era muito grande. As pessoas gostavam de comer lá”, afirma Roberto, emocionado diante de tanta lembrança.
Antes de ser Gimba, o barracão servia para um boliche chamado “Morada do Sol”, vendido ao Aparício, que permaneceu com o negócio por mais um ano. Depois disso, a era do boliche em São Paulo e no interior foi caindo e ele decidiu abrir o restaurante em seu lugar, no mesmo espaço que serviu por mais 13 anos.
“Todo casamento importante, festa de 15 anos, eventos de qualquer tipo na cidade, tudo era realizado no Gimba. Foi um grande sucesso, até começar a decair o movimento. Eu tinha 17 anos apenas, minha mãe era a cozinheira do restaurante e depois da perda do marido tão precocemente, não tinha mais ânimo para fazer seus pratos. Aí passamos o restaurante para as mãos do tio Aparício e ele continuou por mais alguns anos, até fechar”.
A família compunha uma série de restaurantes. Aparício foi proprietário da Kibelanche e casado com Izabel Assi Dahub, irmã de Salwa Assi Abboud, viúva de Raimundo Abboud, ex-proprietário do restaurante “O Barril” – que faria sucesso alguns anos depois – e irmão de José Aboud, ex-proprietário do restaurante Gimba, ambos primos de Aparício.
Roberto Aboud hoje é proprietário de uma loja de acessórios no centro de Araraquara, Aparício continuou tocando firmemente a Kibelanche, passando para seus filhos, junto com a sua mulher Izabel até então responsável pela cozinha do estabelecimento. Aparício, faleceu no dia 26 de janeiro de 2016.
A Revista Comércio, Indústria e Agronegócio presta uma homenagem aos responsáveis pela administração de um restaurante que recebia milhares de pessoas em um final de semana, atraídos pelos jogos da Ferroviária ou times grandes que compareceram na cidade.