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Benê: “Minha felicidade em apontar os 10 melhores pilotos brasileiros”

Este é um desafio de escolher os dez melhores pilotos da história brasileira, muito difícil para mim, porque sei que Salerno, Victorinho, Eduardo Luzia e Neto em condições de igualdade com os demais, chegariam muito mais longe do que foram. Isso é absoluta verdade.

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Eduardo Luzia cercado de Adu Celso, Edmar Ferreira e Tucano, entre outros

Outro dia conversando com Mario Tamburro, amigo recente, que também é apaixonado por corridas, ele me lançou um desafio de escolher os dez melhores pilotos brasileiros de motocicleta de todos os tempos. Fiquei pensativo e inquieto. Acho que somos de uma geração diferente, eu sou um pouco mais velho. Comecei muito cedo e parei muito cedo, portanto nunca havíamos nos falado antes, o que não nos impediu de palpitarmos.

Comecei citando Alex Barros, o que dispensa qualquer discussão pela brilhante carreira internacional do maior nome do motociclismo nacional. Em segundo Adu Celso, que foi o primeiro brasileiro a ganhar uma prova do campeonato Mundial (Jerez/Espanha/1973); em terceiro Cesar Barros, que disputou um Campeonato Mundial por inteiro, o que já o qualifica e depois citei aqueles nacionais que tive o privilégio de ver ao vivo: Carlos “Jacaré” Pavan, Walter “Tucano” Barchi, Denisio Casarini, Edmar Ferreira, Antonio Jorge Neto, Paulé Salvalagio e Eduardo Luzia.

Mario Tamburro

No geral, concordamos com sete nomes, o que é uma boa porcentagem. Pouco depois tivemos novo contato e mencionei o esquecimento de Paolo Tognocchi, multicampeão que não a toa ganhou duas vezes as 500 milhas de Interlagos, que ele concordou plenamente, citando um lapso meu também, que imediatamente concordei, que era o nome de Eric Granado, campeão europeu em 2018. Assim nossa lista ficou em nove nomes.

Percebi que ele, como a grande maioria, com exceção do nome de Alex Barros, acha que Tucano foi o melhor. Tucano era um senhor piloto, dono de uma técnica invejável, tinha um controle emocional admirável e foi com certeza, no Brasil, o que mais vitórias obteve e ainda o privilégio de ser o ídolo de Alex. Denisio Casarini, outro “monstro”, era impetuoso, acelerava muito; destemido, acumulou muitas vitórias e acidentes, o que sempre provocava arrepios nas provas em que participava.

O goiano Edmar era uma fera também, que eu assisti de criancinha em corrida de rua em Araraquara, depois em Interlagos. Posteriormente foi campeão latino americano e ainda participou de um mundial também. Antonio Jorge Neto, que vi muito pouco, entre outras coisas, ganhou as 100 milhas de Daytona (EUA), o que já o qualifica. Paulé, que sempre corria com o número 32, eu admirava porque enxergava nele um batalhador e que na raça ia sempre brigar lá na frente.

Alex Barros e Valentino Rossi

Sempre trago na memória um duelo que ele fez em Interlagos com Kent Anderson, então campeão mundial, na Copa Centauro de 1973, duelo inesquecível. Eduardo Luzia, outro escolhido por mim, ganhou um Centauro e ainda teve uma longa carreira de regularidade, o que não pode ser desprezado. Desta minha lista, por fim, Carlos “Jacaré” Pavan, que foi o ídolo que mais emoções me deu no curto espaço de tempo que pude vivenciar. Era um piloto extraordinário, divertido, brincalhão, carismático, técnico, aguerrido, corajoso e ainda muito humilde.

No ano de1974 que lá estive, ganhou tudo, inclusive as 500 Milhas, em parceria com Johnny Cecotto, em uma corrida irrepreensível.Jacaré, com a mesma velocidade que estreou, partiu. Em 1972 corria e se destacava com uma velha Ducati. Depois, em 1973, com uma ultrapassada TR2, mais ainda, e em 1974, com YAMAHATZ de Edgar Soares, fez a diferença em vitórias e acidentes também. Foi campeão paulista e poderia ter ido muito mais além. Em 1975 ganhou as 200 milhas do Brasil na categoria esporte e segundo na geral. Até ai tudo pode parecer normal, não fosse que neste dia sua perna direita, que tinha uma haste metálica de 42 centímetros, o que a imobilizava.Como a corrida foi no anel externo de Interlagos, ele “apenas não” usou o freio traseiro. Quando das 500 milhas de 1974, no sábado, nos treinos com motocicletas diferentes, confesso que achei que ele era tão bom quanto Cecotto. No Campeonato Mundial, se por ventura tivesse participado, poderia, com certeza, brilhar como uma estrela internacional. Talento não lhe faltava. Por ironia do destino, no mesmo ano, faleceu num acidente de rua, abrindo talvez a maior lacuna do motociclismo nacional.

Olhando assim a relação no papel me parece muito fria. O próprio Mario Tamburro, que eu não vi pilotar, tem resultados maravilhosos, o que também o qualifica a estar entre os escolhidos. Nomes como de Ivo Caprotti, Carlinhos Aguiar, os irmãos Contra Pino e Chaveta, Gustavo Cecarelli, Santo Feltrin, Birigui, Zezo Ponticelli, Milton Adib, Coronel Limonge, Ramon Macaya, Paulo Castroviejo, Antonio Bernardo Neto, Salvatore Amato, Denilson Peres, Ubiratan Rios, Eugenio Handa, Wilson Yassuda, Fifa Carmona, enfim… nos meus sonhos de menino piloto, nunca passaram desapercebidos.

Quando fecho meus olhos, na corrida imaginária que gostaria de ter terminado, considerando a dificuldade orçamentária do Moto Clube Araraquara, a precariedade de logística e as oportunidades que não chegaram, só consigo claramente enxergar que nunca poderiam ficar fora desta lista de melhores José da Penha Moreira, Evaldo Salerno, Olympio Bernardes Ferreira Neto, Celso Faito Martinez, José Manoel do Amaral Sampaio, Victorinho Barbugli, Edivilmo Queiroz, Bianchini, Zé Faito, Diogo Faito e  Eduardo Luzia, pilotos que eternamente formam o meu gride.

Penha, Salerno, Eduardo Luzia, Neto e Victorinho no período que participaram, sempre foram expressivos.

Felicidade é em êxtase, ainda ficar com estas dúvidas.

Velhos tempos, belos dias…

Texto: Benedito Salvador Carlos, o Benê, com a colaboração de Leandro Pardine e Deives Meciano