Home Seu nome está na rua

Renato Zoega, da confeitaria,  onde o mundo era mais doce

Um verdadeiro artista do ramo de confeitaria, o dom de fazer doces herdados de seus antepassados.

2223
Renato e sua esposa Lucrécia Guaglianone (Nina)

Por Samuel Brasil Bueno (in memoriam)

Renato nasceu em Rio Claro (29 de fevereiro de 1904), sendo seus pais Guilherme Zoega, filho de suecos e Catharina Boller Zoega, filha de alemães. Renato teve três irmãos: Arthur, casado com Nena; Hilda, casada com Attílio Gignini e Ottília, casada com Licanor Brancini (todos falecidos). Ele fez seus estudos, do primário até o curso de Contabilidade, no Colégio Koelle na sua terra natal. Na década de 20 a família veio para Araraquara, onde fincaram raízes.

Em 24 de setembro de 1933, casou-se com Lucrécia Guaglianone (Nina), filha de Vicente Guaglianone e Sophia Guaglianone. O casal Renato e Lucrécia teve uma única filha: Nilza Maria, casada com Pedro Roberto Amaral em 6 de julho de 1963. Deste casamente nasceu Renata, sua única neta que infelizmente Renato não chegou a conhecer.

O casal Renato e Lucrécia; a filha Nilza, o genro Pedro e a neta Renata; Renato na festa de formatura de sua filha Nilza, no antigo Teatro Municipal

Batalhador, seguindo a tradição da família, Renato abriu a Confeitaria Zoega, na Avenida Espanha, entre as Ruas Nove de Julho e São Bento. Durante três décadas, de 30 a 60, a confeitaria foi o ponto de encontro de todas as gerações no centro da cidade. Crianças, jovens e adultos ali se encontravam para saborear as deliciosas bombas, cocadas, queijadinhas, bombocados e demais doces fabricados pelo Zoega, como era conhecido. Vendia seus doces também na região, bem como confeccionava bolos que enchiam de alegria as festas de aniversário e casamento.

Renato, na sua Confeitaria Zoega na Rua São Bento, em Araraquara

Foi um homem simples, bom e generoso. Em ocasiões especiais distribuía seus doces às crianças pobres dos orfanatos. Nos fundos da confeitaria funcionava uma fábrica, onde Renato podia dar emprego a muitos pais de família que o ajudavam na fabricação dos doces, entre eles, o José, que era o chefe da fábrica.

Hoje, a neta Renata, que durante muitos anos ficou fora de Araraquara, trabalhando na vida artística pelo Brasil, está de volta para cuidar da sua mãe Nilza. Ela continua dançando, dando aulas de ballet e teatro, e fazendo vários trabalhos como modelo, apresentadora e influencer pela região… Dona Nilza, mesmo em tratamento não abandonou o trabalho voluntário, pois continua se dedicando ao “Grupo Coração” criado por ela há mais de 10 anos, confeccionando enxovais para bebês carentes, e gorros, meias, mantas, cachecóis para os idosos, que estão nos asilos e casas de caridade. Na herança, a filha, dona Nilza e sua neta Renata Zoéga continuam o trabalho que Renato Zoega começou para ajudar os mais necessitados.

Sua segunda paixão era a pescaria. Saia com seus companheiros “Pedrão” e Jydalo Jorge no seu “fordinho 29” e iam para a beira do rio. Seu segundo sonho foi realizado certa feita, quando a turma do Totó Casella foi passar 15 dias pescando no Rio Coxim, Mato Grosso. Chegou a escrever um diário contando a famosa viagem: “A Caravana da Moleza”.

Dona Nilza e Renata, filha e neta de Renato Zoega

Renato amava os pássaros e criava periquitos australianos. Possuía um enorme viveiro, onde os periquitos, canários e pintassilgos ficavam soltos como se estivessem no seu próprio “habitat”. A lembrança de sua figura esguia, calvo, doceiro, pescador e amigo permanece viva nos corações daqueles que o conheceram e com ele conviveram.

Renato Zoega faleceu no dia 19 de novembro de 1963, com apenas 59 anos, longe da “sua confeitaria”, pois já havia vendido para um seu parente, que manteve a tradição por mais alguns anos. Sua esposa, dona Nina, faleceu aos 88 anos, no dia 19 de janeiro de 1996.