Sou graduado em economia e pós-graduado em Ciências Contábeis e Gestão Pública. Poderia aqui definir princípios econômicos e contábeis que aprendi nos bancos escolares das universidades que cursei, principalmente da PUC/SP, onde tive a oportunidade de ter excelentes professores e doutores.
Assim, capacitei-me para lecionar em várias universidades em São Paulo e Grande São Paulo. Com essa formação, está insuportável conviver com pessoas liberais, neoliberais e fascistas, defensores de um regime capitalista, insensível aos sofrimentos da população pobre, mal remunerada, faminta e subnutrida.
Acessando o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União: “portaldatransparência.gov.br/despesas”, e “portaldatransparencia.gov.br/receitas”, é possível entender, claramente, o que passo a expor. Se após o que esclarecerei contabilmente continuarem acreditando em fake news produzidos por pessoas desonestas, fiquem à vontade, mas parem de ficar opinando sem entender contábil e matematicamente o que está acontecendo quando se quer a redução radical das taxas de juros no Brasil.
No ano de 2022 entrou para os cofres do Tesouro Nacional o montante de R$ 4.21 trilhões. Só o Ministério da Economia arrecadou R$ 3.4 bilhões, e os demais órgãos, R$ 773,5 bilhões. Com uma reforma tributária justa alavancando a arrecadação, retirando a carga tributária do lombo dos pobres e da classe média, e tributando os ricos e milionários, é possível aumentar a arrecadação.
No mesmo ano saiu dos cofres do Tesouro Nacional o montante de R$ 3.913 trilhões. Portanto, houve uma sobra de caixa (superávit) no montante de R$ 294 bilhões. Sobrou dinheiro porque o governo anterior deixou Restos a Pagar (dívidas vencíveis a curto prazo a serem pagas em 2023) no valor de R$ 225,2 bilhões. É como se o cidadão tivesse dinheiro no banco em 31/12/2022, mas estivesse com dívida no cheque especial, ou quitada com cheque pré-datado.
Ainda nesse ano, a União amortizou e refinanciou dívida pública interna no montante de R$ 1,23 trilhão, e pagou R$ 443,9 bilhões de juros e encargos. Para terem ideia da relevância dos juros pagos aos banqueiros e outros especuladores financeiros, o Tesouro gastou R$ 144,1 bilhões com saúde, R$ 143,03 bilhões com educação e R$ 120,14 bilhões com outros gastos sociais, incluindo o Auxílio Brasil. O governo anterior deixou uma dívida de R$ 6 trilhões. No início do mandato (janeiro de 2019), o Brasil tinha uma dívida de R$ 3,8 trilhões.
Portanto, é possível concluir quem é o principal vilão dos gastos públicos no Brasil. Está evidente que são os banqueiros e outros especuladores financeiros. Abocanharam, em 2022, R$ 443,9 bilhões só de juros, enquanto para os gastos sociais com saúde, educação e assistência social o governo anterior gastou R$ 407,27 bilhões.
Não é necessário ser um bom economista ou contador para entender, claramente, que o presidente do Banco Central, de formação ortodoxa, de direita ou extrema-direita como era seu avô, querendo combater a inflação com taxa de juros nas alturas, deixando a população e os pequenos e médios empresários financeiramente quebrados, enquanto uma minoria de especuladores financeiros fica cada vez mais milionária.
Penso que o Lula tem razão quando critica o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, a exemplo do falecido avô, é fiel aos princípios da ortodoxia política econômica preferida pelo sistema capitalista, priorizando preservar os interesses dos banqueiros que, no Brasil, querem manter a taxa Selic de 13,75% para este ano de 2023. Deu para entender quem está quebrando o Brasil cara-pálida?
(*) Walter Miranda, graduado em Economia e Contabilidade; mestrado em Ciências Contábeis pela PUC/SP; pós-graduado em Gestão Pública pela UNESP/Araraquara, militante do PSTU e da CSP-CONLUTAS Central Sindical e Popular.
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