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6 de Janeiro: para além da Folia de Reis

Por Luís Augusto Zakaib

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Depois de Pelé, o atributo de “Rei” passou a ter outro significado. Significava o “melhor” em algum segmento. Senão uma unanimidade, alguém singular naquilo que fazia. Edson Arantes do Nascimento, que imortalizou a camisa 10, morreu há um ano, no final de 2022, 29 de dezembro. “Rei morto, Rei Posto”, diz o ditado popular, tanto que pouca gente lembrou do Rei do Futebol na data em que partiu.

Já a Folia de Reis, celebrada no dia 6 de janeiro, vem de muito tempo, trazida pelos portugueses, lembrando os Reis Magos, e segue como tradição em algumas cidades do país. E a vida segue marcando o dia 6 de janeiro como o Dia de Reis.

Para além de Gaspar, Baltazar e Melchior, os que visitaram Jesus após seu nascimento, cada um de nós traz guardado para si seu Rei, em âmbito mundial, nacional, municipal ou mesmo aquele escolhido para ser o Rei em suas memórias ou orações (para que for da fé).

No futebol, há muitos deles atualmente… E outros que, por bem ou por mal, tivemos “que engolir” pelos grandes feitos. Claro que Zagallo foi rei nesse esporte. Tetracampeão, dentro e fora de campo, nos deixou neste dia 6 de janeiro.

Para além da monarquia, vemos reis pelo mundo todos os dias. Os que se intitulam: “O Rei do Pastel”, “O Rei do Comércio”, “O Rei do Transporte”… E os reis anônimos, que cuidam bem de seu reino, honra seu reinado e proporcionam qualidade de vida a seus súditos.

Nas cidades do interior ainda vemos grupos de músicos e cantores levam cantoria e alegria para a comunidade. Tive o prazer de acompanhar alguns desses momentos há cerca de duas décadas e confesso que me emocionei com essa tradição, que segue até hoje em algumas localidades.

Dia 6 de janeiro também marca o início da carreira de um dos mais importantes jornalistas que Araraquara já teve: Ivan Roberto Peroni, um dos reis nessa área, que há quase meio século vem colocando seu talento e olhar apurado em textos jornalísticos e opinativos para nossa informação e reflexão.

Mas o dia 6 de janeiro significa para mim o dia do Meu Rei: meu pai. Ele se foi há 14 anos, num dia que o sol ardia até seu sepultamento. E em seguida choveu. Foi o “Pelé” na medicina. Foi “Rei” como pai. Quem o conheceu sabe bem o que sinto e o que deixo registrado nessas palavras.

Estejam nossos reis nus, mortos ou equivocados, vamos reverenciá-los, não como súditos, mas com o respeito que suas histórias merecem. É isso.

*Luís Zakaib, jornalista e escreve para o Portal RCIA ARARAQUARA

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR