Uma denúncia de que árvores nativas estariam sendo cortadas para que o asfalto pudesse passar pela Chácara Flora, levou a reportagem do Portal RCIA até o local para conversar com os integrantes da associação de moradores “Amar Flora”.
Fomos recebidos pela presidente da entidade Juliana Fernandes Gouveia que tem a sua chácara há 20 anos e atualmente reside nela, Carmem Lígia Martins de Azevedo que mora há 12 anos e também o vice-presidente Eduardo Oliveira de Souza que mora há 9 anos.
Eles explicam que há 30 anos aguardam a pavimentação, e que realmente foi necessário retirar algumas árvores que estavam adentrando no limite das calçadas, mas ressaltam que já tem muitas mudas para o replantio.
Eduardo diz que todos os moradores daquela localidade e os que transitam pelas ruas estão sofrendo há muitos anos com os buracos e com a falta de manutenção nas ruas, “é tudo mal feito quando a prefeitura faz as coisas aqui pra gente, quando chove nem ônibus consegue circular por aqui, e depois de anos de luta da associação com apoio dos moradores conseguimos ganhar no Orçamento Participativo, ao menos onde circula o ônibus. É inevitável a retirada de algumas árvores, mas serão replantadas nas calçadas ao longo do novo caminho e esta pessoa que está reclamando da benfeitoria que estamos recebendo, com certeza amanhã ela vai usufruir e ficar feliz por seu carro não quebrar nos buracos” – afirmou o morador.
NOVO PLANO DIRETOR
A Câmara Municipal estabeleceu diretrizes para o desenvolvimento sustentável da cidade até o ano de 2050. Paralelo a isso, desde junho deste ano, enviado pelo prefeito Edinho Silva, os vereadores, têm em suas mãos o Projeto de Lei Complementar Nº 10. Seu objetivo é a modificação, parcial, mas substantiva, do Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Ambiental de Araraquara – PDPUA. Observado de perto, há dúvidas mais que razoáveis sobre sua adequação tanto à idéia de sustentabilidade, como também à própria obrigação legal da preservação da biodiversidade. Põe em jogo qualquer futuro efetivamente sustentável para a região.
Quanto ao novo Plano Diretor, Eduardo argumenta que a prefeitura fez uma mudança em 2014 para beneficiar o Bairro Vale Verde, e a Chácara Flora está enquadrada na situação de casas populares. Segundo ele, alguns proprietários vêem com bons olhos à possibilidade de lotear suas chácaras e transformar em um pequeno bairro. “Não é isso que queremos para a Flora, aqui é uma área de preservação onde temos várias nascentes”.
O morador diz ainda que esteve presente em reuniões na Câmara Municipal e que dos vereadores presentes – Edio Lopes (PT), Elias Chediek (MDB), Lucas Grecco (PSB) e José Carlos Porsani (PSDB), Chediek seria favorável ao loteamento de chácaras.
O vice-presidente da associação ressalta que a partir do loteamento do Vale Verde a represa do Ribeirão das Cruzes ficou coberta de areia, e que por mais que se tente fazer o desassoreamento, não será possível, pois com a construção dos condomínios e bairros estão levando toda a terra para o Ribeirão das Cruzes. “Não há um tratamento para segurar essa terra, cada chuva que cai, o Ribeirão se enche de areia” – diz Eduardo.
Assista o vídeo completo com a entrevista.