Historicamente Araraquara conserva alguns hábitos relacionados aos seus políticos, independente de serem eles bons ou não para a cidade. Só seus moradores podem avaliar; caso alguém de fora se atreva a palpitar onde não é chamado, deixa então de ser visto com bons olhos, coisas normais do interior e dos cafés centrais.
Embora hoje uma parcela dos araraquarenses peça por mudanças, é possível sentir ainda o saudosismo de muitos, que em dado momento são citados com grandes feitos em nome da política local. Outros dizem que é chegada a hora de antigas lideranças saírem de cena, abrindo-se o espaço para os novos. Estariam os novos realmente preparados ?
Vamos lá. O que era tradicional para a época foi rompido com a eleição de Clodoaldo Medina em 1973, deixando para trás a era Rômulo Lupo. Seu mandato terminou em 1976, quando chegou Waldemar de Santi em 1977 com um mandato de seis anos, em 1983 Medina é eleito novamente, ficando no cargo até 1988. De Santi ainda esteve à frente do Executivo em 1989 e 1997. Cumpriu-se a era, Medina-De Santi-De Santi-Medina. Neste momento já se percebe que a cidade tem sim, uma certa querência pelos seus políticos.
Em 1992 Roberto Massafera foi eleito prefeito de Araraquara, quebrando os laços de Medina e De Santi, abrindo a cidade para uma nova era de crescimento econômico, com a chegada de empresas, terminal de integração para facilitar a vida dos usuários do transporte público. Em 1997 a cidade quis novamente colocar De Santi no Executivo, que cá pra nós, sem que os adoradores nos ouçam, não se deu muito bem com a nova era implantada por Massafera. A cidade mostrava não queria só praças limpas; as pessoas precisavam de empregos, empresas, bairros asfaltados, infraestrutura. Seu último mandato não foi bem avaliado, embora muitos jurem que sim, eu estava lá, eu vi.
Vale lembrar que por sua atuação como prefeito a cidade elegeu Roberto Massafera como deputado estadual em 2006, sendo reeleito em 2010 e em 2014.
E com sede de mudanças em 2001 chega à Prefeitura Municipal o carismático vereador Edinho Silva, que trouxe consigo a novidade da participação popular, ficando ele até 2008, quando a cidade também o agraciou com sua eleição para Deputado Estadual em 2010. Em 2015 assumiu o Ministério da Comunicação Social da Presidência da República o que encheu a cidade de orgulho.
Com a saída de Edinho Silva, chega Marcelo Barbieri em 2008, trazendo um crescimento ainda maior com empresas, reabertura da Gota de Leite, fechada por Edinho, construção de milhares de casas populares, fazendo com isto sua reeleição em 2012 com altos índices de aprovação. Marcelo já havia passado pela Câmara Federal por três mandatos, antes de assumir o Executivo local, mostrando circulação livre em vários campos, seja Brasília ou no governo do Estado, mesmo que estes governantes não fossem do seu partido. É inegável a força política de Barbieri, legado que herdou do ex-governador Orestes Quércia e sabe se utilizar dele na hora exata.
Em 2016 a cidade coloca novamente Edinho Silva como prefeito, mesmo diante de investigações da Lava Jato que apuravam corrupção em seu partido, onde até hoje tem seu nome citado. Mas Edinho está acima do PT na cidade, nada parece derrubar um nome que os araraquarenses elegeram por estimação. Será ele então candidato a reeleição logicamente, e com chances de vencer diante do quadro que se apresenta na cidade. A não ser que volte a tona a mesma história (Medina De Santi, De Santi Medina) e o embate aconteça entre Barbieri e Edinho.
Não pense você caro leitor, que não existem costuras neste sentido, pois há. Muitos partidos que no momento dizem ter a intenção de lançar candidato próprio esperam apenas o start dos prediletos, sabendo que nomes de peso ainda ganham eleições nesta cidade.
Embora pequenos partidos tentem demonstrar articulações, novos nomes, junções e estardalhaços em rede social, nada disto vai adiantar se o que querem os prediletos é um duelo de titãs.
A cidade tem seus políticos prediletos, e sabem por quê? Um dos pontos é que eles não gritam ou atacam em rede social, articulam em silêncio, usam da inteligência, fazem política. Quando chegar o momento colocam no bolso todo aquele que bradou superioridade, renascendo das cinzas. Não sou de acreditar em fatos estranhos, isso é histórico. Sentem-se, pois lá vem história.
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