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As cores da Primavera… e as queimadas

Por Maria Emília Souza Taddei

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Nesta quarta-feira dia 22 de setembro iniciou-se para nós brasileiros, a primavera. Tempo da floração de diversas espécies de plantas quando, as paisagens enchem-se de cores e tudo fica com aspecto alegre e cheio de vida.

Mas, essa é uma primavera com poucas cores. Está tingida pelo cinza e permeada pelo alaranjado das muitas labaredas espalhadas pelos nossas florestas, nossos campos, nossas plantações…

No território brasileiro, os meses entre agosto e setembro são de clima sêco e quente. Esse tempo mais seco aliado à ação dos ventos e à ausência de chuvas, comum nessa época do ano, faz com que as queimadas, em larga escala, espalhem-se por todo lado.

Elas geram destruição ambiental dos biomas e das áreas que elas afetam,  emitem gases poluentes, como o CO2 ( Dióxido de Carbono) e fumaça, que vão se alastrando, prejudicando toda a fauna da localidade, obrigando animais silvestres a irem para habitats que, não os de origem, vão poluindo estradas e rodovias, prejudicando o trânsito e podendo gerar graves acidentes,  vão deixando muitos proprietários rurais sem chão, enquanto assistem completamente atônitos à queima de seu patrimônio, muitas vezes o trabalho de uma vida inteira, se transformando em um amontoado de materiais, paus, arames e esqueletos completamente queimados. Há ainda, o incômodo gerado para as pessoas que, inalam diretamente a fumaça, causando sérios problemas respiratórios. Essa emissão de gases e fumaça também afeta o meio ambiente e contribui para o chamado aquecimento global e efeito estufa. Esses gases desequilibram a temperatura do planeta Terra, aumentando-a promovendo diversos efeitos negativos, como desequilíbrio do ciclo da água, com ausência de chuvas em diversas regiões do mundo e aumento do nível dos oceanos, em decorrência do derretimento das calotas polares.

As queimadas podem surgir de maneira natural: por uma ação da natureza, como um raio, faíscas por exemplo, ou pela ação do homem, quando quer limpar pelo fogo, ateando assim, fogo em alguma área, para eliminar possíveis entulhos ou matéria orgânica, quando fumantes jogam pelo seu caminho, de forma aleatória e irresponsável suas bitucas de cigarro, ainda acesas e por tantos outros procedimentos inconsequentes do homem…

Segundo afirma o pesquisador, Alberto Setzer, do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, instituição governamental responsável pelo monitoramento e controle de queimadas no país: “Todos os casos que estamos detectando agora são de ação humana. Ou por acidente, ou proposital, mas é uma ação humana que está por trás disso. O clima apenas cria condições favoráveis para a vegetação queimar”.

Diante dessa triste e grave realidade entendemos que, planos diversos devem ser desenvolvidos com parcerias entre a sociedade civil e governamental, na tentativa de combate às queimadas no território brasileiro.

Todos têm responsabilidades e precisam fazer a sua parte, com urgência e muita disposição. Há soluções possíveis e precisamos dar vida à elas.

Entre as mais comuns e eficazes temos:

  • informação; precisamos investir na área da comunicação em massa, para educar as pessoas a não realizarem práticas ainda persistentes que, podem gerar focos de incêndio. Essas campanhas podem ser realizadas através de mídias sociais, entre os diversos grupos da sociedade, através de vídeos e folders educativos, campanhas de órgãos governamentais;
  • Formação de  brigadistas, grupos de pessoas treinadas para o combate ao fogo com equipamentos de segurança e de controle de incêndios quando detectados em seu início;
  • Implementar-se plano de ação de combate ao fogo formando-se uma parceria entre diversos grupos da sociedade, proprietários rurais e entidades governamentais, como, por exemplo, o Programa Corta Fogo como forma de prevenção para o próximo ano.

O grupo Mulheres do Agro Araraquara vem postando material contendo sugestões de procedimentos preventivos e de ação imediata em casos de incêndio entre suas integrantes. Ainda assim tivemos entre nós, amigas cujas propriedades foram alcançadas pela queimada e embora tivessem contado com a colaboração de toda uma rede de apoio, nem todas conseguiram controlar o fogo a tempo de não sofrerem inúmeras perdas.  Como outros tantos agropecuaristas estão, aos poucos, reconstruindo suas  propriedades, suas vidas, após a queimada…

Então, vamos nos organizar, nos unir, para que nossas primaveras possam ter muitas cores, além do cinza, preto e laranja. Precisamos ter em mente que, “todas as pessoas, nós, a sociedade vive em total conexão com o meio ambiente. Tudo que impacta o meio ambiente impacta todos nós”, (Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, organização da sociedade civil brasileira cuja Missão é: “Contribuir para que a sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando a atividade humana com a conservação da biodiversidade e com o uso racional dos recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações”).

*Maria Emília Souza Taddei, é empresária do agronegócio, associada do Sindicato Rural e integrante do Grupo Mulheres do Agro Araraquara

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR