Pouco antes de começar o Curso de Aquaponia no Sítio São Paulo, dia 9 de dezembro, o coordenador regional do Senar, João Henrique de Souza Freitas, comentou com os participantes do programa que “esta atividade não é nada recente. Embora ainda não seja tão conhecida por este nome, os astecas já cultivavam peixes e hortaliças, dentro da lógica do sistema”. Só que eles utilizavam lagos com peixes como meio de cultivo para produzir plantas terrestres acondicionadas em jangadas flutuantes, completou.
Nos últimos 30 anos, a Aquaponia passou a ser entendida como um sistema de cultivo que une a Piscicultura (cultivo de peixes) e a Hidroponia (cultivos de plantas sem o uso de solo, com as raízes submersas na água).
Para o zootecnista Manoel Braz, instrutor do Senar, é um sistema que resolve um problema da piscicultura solucionando um problema da hidroponia. De fato, explicou Braz, a aquaponia é o sistema de produção de peixes integrado ao de vegetais de forma que haja benefícios para ambos.
Segundo ele, o princípio é de que os peixes criados com ração geram dejetos que são aproveitados pelas plantas cultivadas sem solo. O substrato das plantas funciona como filtro biológico transformando a matéria orgânica em sais que são absorvidos pelos vegetais e a água retorna ao viveiro de peixes com qualidade para o seu reuso.
A cartilha elaborada pelo zootecnista e usada durante os cursos explica que o sistema compreende o viveiro de peixes, filtro biológico, calhas ou tubos semelhantes aos de hidroponia e elétrobomba para promover a recirculação.
Os viveiros para engorda de peixes, disse ele aos participantes do programa, podem ser escavados ou construídos sobre o solo com estrutura de metal ou alvenaria. Internamente são revestidos com manta de PVC, vinil ou concreto armado. O volume é determinado pela produção esperada, sendo que 30 a 45 quilos de peixes por metro cúbico uma produtividade já conseguida no Brasil, mas que pode ser melhorada já que nos EUA se obtém normalmente 75 quilos. O filtro biológico deve receber a água com os efluentes sendo que a soma do tempo que a água fica estocada deve ser superior a 4 horas.
Em Araraquara, a empresa Aquanature há quatro anos vem desenvolvendo importante trabalho na área de aquaponia e segundo sua diretora Jussara Sutani, mestranda em meio ambiente, Araraquara tem potencial para crescer neste mercado: “Quanto empresa estamos batalhando para que esse conhecimento chegue a todos”, diz ela, com entusiasmo.