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ESALQ publica estudo sobre a ferrovia e o agronegócio

Indústria sucroenergética tem interesse em utilizar mais o modal

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As ferrovias surgiram em São Paulo a partir da segunda metade do século 19

A expansão do sistema ferroviário pode trazer uma série de benefícios para o país e principalmente para um segmento que possui uma histórica demanda reprimida, como é o agronegócio. Iniciativas de modernização, expansões, aprimoramento de regulações e marcos legais são fundamentais, ainda mais para um país de dimensões continentais, com uma malha de baixa densidade. Há muitas oportunidades para serem destravadas.

O assunto foi tema do estudo “Logística do Agronegócio, Oportunidades e Desafios” produzido pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). O Estudo traça um perfil das ferrovias do agronegócio brasileiro.

De acordo com a publicação, o crescimento da infraestrutura ferroviária é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. O Brasil tem se destacado no ambiente internacional como um importante player do agronegócio, com diversas vantagens comparativas no sistema produtivo, mas com um sistema logístico deficiente e desequilibrado de longa data. A matriz de transporte brasileira não apresenta uma efetiva diversificação. É comum observar um crescimento de infraestrutura de transporte abaixo do crescimento da produção do setor do agronegócio por longos períodos.

O setor ferroviário no Brasil tem passado por mudanças significativas nos últimos anos, desde o aprimoramento do ambiente regulatório, novas concessões e recentemente com a criação de um importante marco para o setor, a possibilidade da construção de ferrovias por parte do setor privado, mediante autorização, com a assunção de riscos por parte dos interessados, instituída pela Medida Provisória nº 1.065/2021 (Programa de Autorizações Ferroviárias).

Os investimentos ferroviários no país podem ser muito vantajosos, principalmente para o setor do agronegócio. Há uma grande demanda reprimida por transporte ferroviário no país, uma vez que existe desenvolvimento produtivo e econômico em muitas regiões, principalmente no segmento de agronegócios. O desenvolvimento dos sistemas de produção começou antes da infraestrutura logística (veja o exemplo na nova fronteira agrícola brasileira envolvendo os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).

Uma oportunidade muito interessante para o setor ferroviário é a movimentação de carga geral e contêineres, que ainda é relativamente baixa no Brasil se comparada a outros países. Há ainda o interesse da indústria sucroenergética em realizar o transporte de cana por ferrovia conectando as regiões produtoras diretamente com as usinas, tal como ocorre há décadas na Austrália.

As possibilidades de expansão do sistema ferroviário com as ferrovias mediante autorização são inúmeras e podem contribuir para um Brasil mais diversificado em termos de transporte, principalmente fomentando as chamadas linhas curtas (shortlines) ferroviárias, bem como o portfólio bastante robusto de concessões de ferrovias (Ferrogrão, FICO, FIOL etc.).

A expectativa que se espera é um boom de ferrovias e modernização no setor ferroviário, envolvendo short-lines e long-lines, fomentando uma ampla concorrência no setor, possibilitando que os diferentes perfis de embarcadores (pequenos, médios e grandes) possam utilizar o sistema, contribuindo com uma matriz de transporte mais equilibrada, com reduções de custos logísticos, reduções de níveis de emissões de gases de efeito estufa, reduções de acidentes e aumento da competitividade da economia brasileira.