Após o incêndio que consumiu a mata nativa e plantações, de produtores do Assentamento Bela Vista em Araraquara, o projeto “Jovem Agricultor do Futuro” que faz parte do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), inova com a “muvuca de sementes” ensinando aos alunos como se monta, para que seja feito um replantio e regeneração pós-fogo.
“O nome pode soar estranho já que o termo ¨muvuca¨ remete à confusão, mas por trás da técnica de misturar sementes de várias espécies há muito cálculo e pesquisa”, diz a bióloga Mariana Crespo Melo que é uma das instrutoras do curso.
A bióloga explica que a mistura de sementes de frutíferas, nativas do Cerrado, e de adubação verde, são colocadas dentro das muvucas. Que foram feitas de terra, esterco e água. “A muvuca, ou também chamada de bombas de sementes conseguem colocar o dobro de árvores no campo com um custo muito baixo”, ressalta.
Na tarde de quinta-feira (1), os participantes do projeto, montaram as muvucas que foi composta de sementes de árvores nativas da região, leguminosas e frutas. A massa para envolver as sementes também pode ser feita com substrato e argila. “Elas podem ser lançadas de várias formas, na caminhada, de bicicleta, com estilingue. As bolas estão prontas, colocamos sementes de árvores nativas da região, e de frutas e leguminosas para que possa no futuro servir de alimento aos pássaros e animais”, diz ela.
Segundo a instrutora, depois da aula é só aguardar as chuvas que começam a chegar em outubro, para espalhar as muvucas, pois assim elas germinam com mais facilidade.
De acordo com pesquisas esta técnica é muito utilizada no Pantanal após as queimadas, para que o bioma seja renovado. Os índios e pequenos agricultores também fizeram uso da “muvuca de sementes” para recuperar as nascentes do Rio Xingu.
O projeto “Jovem Agricultor do Futuro”, visa resgatar nos jovens o amor ao campo que é parte do seu cotidiano. As aulas são ministradas no assentamento durante o período da tarde, sendo destinado a jovens, que tenham idade mínima de 14 anos e máxima de 17 anos e onzes meses, que estejam cursando Ensino Fundamental ou Médio.
A duração do programa é de 150 dias letivos, divididos em 9 módulos, totalizando carga horária total de 600h. As instrutoras do projeto são “as Marianas”, sendo a psicóloga Mariana Torres de Camargo Leite Freitas (responsável pelo conteúdo pedagógico), e a Bióloga Mariana Crespo Melo (conteúdo da parte técnica). O SENAR regional tem a coordenação de João Henrique de Souza Freitas.
Uma horta também foi feita pelo projeto, onde todos participam, tanto no plantio, como nos cuidados diários. Isadora Liz Jorge, de 14 anos, é uma das mais animadas com a horta e com o projeto. “Tanto Isadora, quanto João Vitor Martins da Conceição, são os últimos a deixar a horta, enquanto não águam tudo não saem”, diz a psicóloga Mariana Camargo.
Tudo feito dentro dos protocolos sanitários, obedecendo às normas de distanciamento social e uso de máscaras.
Como disse uma grande produtora do agronegócio de Araraquara, “antigamente quem não estudava ia trabalhar na roça, hoje para ir pra roça tem que ter estudo”, e o SENAR abre as portas para quem deseja aprender.
Para quem se interessar em aprender a fazer as muvucas ou bombas de sementes, e jogar pela cidade, pode encontrar no Youtube ótimos vídeos, só aguardem a temporada da chuva chegar para lançá-las.