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Para proteger abelhas, Cofco cria apiários ao redor de canaviais

Companhia já identificou mais de 5 mil colmeias no entorno dos seus canaviais e investe em capacitação de apicultores.

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As abelhas são um problema para os agricultores. Não pela presença delas, mas pela ausência. O uso intensivo de agrotóxico está matando diversas espécies, que são grandes polinizadoras. Uma pesquisa realizada por cientistas dos Estados Unidos, Canadá e Suécia e publicada na revista científica Royal Society, relatou que diversas áreas agrícolas estão sendo prejudicadas pela falta de abelhas nas plantações. Entre os alimentos que tiveram sua quantidade reduzida estão a maçã, as cerejas e os mirtilos.

Para evitar o problema no Brasil, a gigante chinesa Cofco, ligada grupo Cofco Corporation, maior empresa de alimentos da China, passou a acompanhar os apiários no entorno dos seus canaviais. Já foram identificados 78 apiários, que concentram mais de 5 mil colmeias. O programa, que teve início em 2016, dá capacitação aos apicultores.

Mas, ainda há o problema da pulverização dos defensivos agrícolas, uma espécie de kryptonita para as abelhas. A solução encontrada para proteger os insetos foi utilizar a tecnologia de monitoramento via satélite. O sistema identifica os apiários e altera a rota dos aviões pulverizadores, que evitam as regiões.

Abelhas ameaçadas de extinção

Em 2017, a primeira abelha foi adicionada na lista de espécies ameaçadas dos Estados Unidos: o zangão. Pelas últimas duas décadas, o macho sofreu uma redução de 87%.

O estudo publicado na Royal Society analisou os dados de 13 estados dos Estados Unidos e suas respectivas culturas alimentares. Os cientistas relataram que as abelhas estão sofrendo com a redução de campos floridos, com o uso de pesticidas e também com a crise climática global.

Abelhas selvagens, como mangangás, são exemplos de polinizadores que estão sendo afastadas das plantações. Os cientistas estimam que três quartos das culturas alimentares do mundo podem ter prejuízo devido a redução de abelhas nos campos agrícolas.

A ecologista Rachel Winfree, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, disse em nota que, dentre as 131 colheitas analisadas, as que continham mais abelhas tiveram uma produção significativamente maior. Os pesquisadores ainda ressaltaram que as abelhas selvagens são polinizadoras mais eficazes do que abelhas comuns, embora ambas estejam em declínio.