Reunidas na noite de quarta-feira (08), para participar da mais esperada premiação do setor, o Prêmio Mastercana Brasil, as principais lideranças do campo bioenergético apontaram que um dos grandes desafios do segmento é demonstrar ao mundo o potencial da cana, como uma das principais matrizes energética em tempos de economia verde.
A resiliência do setor, que se reinventou, se modernizou e cresce em importância e participação econômica, foi a tônica dos discursos dos empresários, produtores e gestores que foram contemplados com Troféu MasterCana, que desde 1988 consagrou-se como a premiação mais tradicional do setor.
Sob a condução do jornalista e diretor do Procana, Josias Messias, a cerimônia de premiação, patrocinada pelas empresas AxiAgro, Netafim, HRC, Autojet from Spraying Systems e S-PAA, foi realizada nas dependências do auditório da Amcham, na capital paulista. Mais de 70 executivos foram homenageadas nesta edição da premiação.
O deputado federal Arnaldo Jardim, uma das principais lideranças do setor junto ao Poder Legislativo, na ocasião representando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, abriu os discursos da noite do evento. Jardim destacou a importância do prêmio, porque permite ao setor se repensar. Na Câmara, o deputado é o coordenador da frente de apoio ao setor bioenergético, que segundo ele enfrenta três grandes desafios: Combater a visão de alguns setores da indústria automobilística, que apontam o carro elétrico como a melhor solução para reduzir a emissão de carbono dos veículos.
“Precisamos defender o modelo híbrido com participação do etanol e para isso lançamos o movimento pela mobilidade sustentável.”. Com relação à alta dos preços dos combustíveis, o deputado criticou a visão limitada do setor econômico do governo quando da abertura para importação de etanol. Jardim criticou também as ameaças ao biodiesel. “Introduzindo uma diminuição na mistura do etanol, sem justificativa do ponto de vista ambiental, social e econômico”.
Mas além dos desafios, o deputado destacou que o setor também tem grandes oportunidades, como a consolidação do RenovaCalc, ferramenta que mede a performance ambiental das usinas que fazem parte da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). A ferramenta calcula a ACV e sua Intensidade de Carbono (IC), que somados totalizam a Nota de Eficiência Energético-Ambiental, que permitirá acesso aos Créditos de Descarbonização (CBios).
PREMIAÇÃO
O primeiro laureado com o prêmio de empresário mais influente do ano foi Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina desde 2017. Di Si é um dos principais entusiastas do etanol de cana. Para ele, o Brasil tem nas mãos uma oportunidade de ouro. “Acredito que as políticas públicas têm de ser trabalhadas de forma transversal. Estou otimista com a nova lei do combustível do futuro que está sendo trabalhada, entre diversos atores (Ministério das Minas e Energia, Agricultura, Meio Ambiente, Academia, Indústria Automobilística), para desenvolver uma política que veja do poço à roda. Estamos trabalhando para as próximas gerações.”
Para o empresário, o setor tem três pernas fundamentais: a sustentabilidade no DNA, a social, e a econômica. “Visitei muitas usinas aqui e vi que estas três pernas estão presentes. Vamos transformar o etanol em uma célula de combustível, e vamos virar uma potência. Todos nós podemos ser protagonistas deste sonho. Agora só temos que transformar esse sonho em realidade”, finalizou Di Si.
O prêmio de empresário do ano foi concedido a Bernardo Biagi do Grupo Batatais, que na cerimônia foi representado pelo filho Baudilio Biagi Neto. “Meu pai pediu para lembrar que temos que representar os mais de 3 mil funcionários, 1.400 fornecedores de cana, que nos ajudam a superar os obstáculos para alcançar nossos objetivos. Em usina a gente não costuma comemorar, porque os desafios vão se sobrepondo uns aos outros, por isso, esse momento é tão importante”, destacou Biagi.