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Produção de etanol no mundo em 2050 deve ser de 810 milhões de toneladas

Esse potencial de mercado equivale a 9 vezes mais a produção mundial de 2022

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No acumulado da safra 2023/24, a comercialização de etanol soma 29,76 bilhões de litros

Com a utilização do etanol na extração de hidrogênio, como combustível de aviação (SAF), na navegação marítima (Bunker) e, ainda, na produção de etileno, projeta-se, para o ano de 2050, um potencial para o mercado de etanol de 810 milhões de toneladas, o equivalente a 9 vezes mais da produção mundial registrada em 2022.

A avaliação é do presidente da DATAGRO Consultoria, Plínio Nastari, durante apresentação do painel “Tendência do mercado Nacional e Internacional de Açúcar e Álcool”, no XVII Encontro Anual de Açúcar e Álcool, realizado pelo Citi Brasil, na noite de quinta-feira (5), no Espaço Golf, em Ribeirão Preto-SP.

Segundo Nastari, o potencial para hidrogênio é de 200 MMT; SAF:360 MMT; Bunker: 225 MMT e Etileno: 25 MMT. “Isso tudo dá 810 MMT, que é 9,4 vezes a produção mundial atual. O Brasil, de forma conservadora, pode cumprir com mais 113 MMT desses 810 milhões, então existe um grande senso de urgência no setor”, avalia Nastari.

Segundo ele, para chegar a esses números, as novas tecnologias na produção de cana terão papel fundamental. “Temos novas tecnologias entrando. A semente de cana, por exemplo, que o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira – vai disponibilizar, de forma comercial, em 2025, vai trazer uma revolução nesse mercado, com a redução do custo do plantio e o aumento de produtividade”.

Nastari destacou, também, o aproveitamento de CO2 biogênico; o uso de etanol para SAF, um mercado com potencial para 449 milhões de litros; etanol para navegação marítima; maior uso de etanol 2G, pellets de bagaço e expansão da produção de etileno a partir do etanol.

Entre as boas notícias de perspectiva para o setor, Nastari destacou, ainda, o impacto causado pelo RenovaBio, que, desde 2020, proporcionou um avanço médio de 3,3% na Nota de Eficiência Energética Ambiental (NEEA) e o surgimento de um novo padrão de ESG, que é o + Valor.

Com relação à safra atual, o consultor ressaltou que os preços do açúcar em Nova York têm se mantido num patamar entre 25 e 27 centavos por libra/peso.

“A evolução do preço do açúcar está sendo extraordinária. O mercado continua sendo sustentado por fundamentos otimistas, uma vez que a queda de produção na Índia e Tailândia levará o equilíbrio mundial a um déficit maior em 2023/24 (out/set), levando a China a recorrer a medidas de curto prazo para controlar os preços internos”, explicou.

A estimativa de moagem na região Centro-Sul 2023/24 é de 624,50 milhões de toneladas, uma alta de 13,9% em relação à safra anterior. Segundo Nastari, a safra está indo bem, com produção de açúcar 18,7% acima e etanol 5,5% acima.

“Devido ao forte mix de produção de açúcar e ao ritmo lento das exportações, os estoques de açúcar no Centro-Sul do Brasil atingiram 13.06 milhões de toneladas em 31 de agosto, um aumento de 22,6% em um ano, o maior volume já registrado para esse mês.  Já os preços do etanol permanecem de lado, apesar da recuperação gradual do consumo de etanol hidratado, que, para os produtores paulistas, fechou a R$2,1642/litro na última sexta, queda de 0,4% em uma semana. O preço do etanol anidro está 15,5% abaixo do preço da gasolina na refinaria, um dos motivos da queda do preço da gasolina na bomba, devido à mistura do etanol (27%)”, informou.

Já o clima, a curto prazo, até o final de outubro, vai continuar chuvoso na região do Centro-Sul. “Mas, na segunda quinzena, a gente observa uma previsão de menor precipitação, o que vai permitir a moagem desse volume enorme de cana, que ainda está disponível para ser moído. Para novembro/dezembro, a gente tende a ter uma precipitação abaixo da média, que também vai permitir às usinas a moagem”, disse Nastari.

“O pico do El Niño, que é bom para o Centro-Sul, mas não é tão bom para o Norte/Nordeste nem para Índia e Tailândia, deve ser no final deste ano (dez/jan/fev), mas, a partir de maio, junho e julho, a gente começa a entrar no ciclo provável do La Niña de novo, que traz menos precipitação na região Centro-Sul”, disse.