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Cias aéreas apostam no SAF de etanol para redução de emissões

Assunto foi pauta do 17º Encontro de Açúcar e Álcool promovido pelo Banco Citi

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Mercado sucroenergético brasileiro já é uma potência

A produção de combustível para aviação (SAF) a partir do etanol potencializa o mercado de etanol e é visto pelas companhias aéreas como uma das principais alternativas para o segmento aéreo reduzir suas emissões, a fim de cumprir as metas de descarbonização fixadas entre 2030 e 2050.

O assunto foi pauta da 17ª edição do Encontro Anual de Açúcar e Álcool, realizado pelo banco Citi, que tratou das tendências nacionais e internacionais do mercado de açúcar e álcool, com ênfase no combustível sustentável de aviação (SAF) e em oportunidades para o etanol brasileiro.

O evento contou com os painéis “Tendência do Mercado Nacional e Internacional de Açúcar e Álcool”, apresentado pelo CEO da DATAGRO Consultoria, Plínio Nastari, e “SAF: Combustível de Aviação Sustentável (SAF) e Oportunidade para o Etanol brasileiro”, que reuniu Francis Queen, VP Executivo de etanol, açúcar e energia da Raízen, que falou como a empresa se tornou a 1ª produtora de etanol do mundo a obter selo para SAF; Roberto Chaves, VP de suprimentos da Embraer, que falou sobre a adaptação dos aviões para operar com SAF e a meta da própria Embraer de ter todos seus voos de transporte, de aeronaves até clientes, abastecidos com SAF até 2040, e Ligia Sato, gerente de sustentabilidade da LATAM Airlines Brasil, que falou sobre quais os benefícios para a empresa com o SAF sendo produzido no Brasil.

Para André Cury, Head do Citi Commercial Bank (CCB) para a América Latina, o mercado sucroenergético brasileiro já é uma potência. “E há, no horizonte, a possibilidade de voos ainda mais altos. Com relação ao SAF, a expectativa também é positiva, com possibilidade de o etanol suprir a demanda. A conjuntura é favorável a curto prazo e, a médio e longo prazo, tem potencial bem significativo”, disse.

Para Francis Queen, da Raízen, um dos grandes desafios é a produção: “O mercado de hoje produz pouco e tem desafios de escalar a produção atual existente”, disse.

“E como se dá essa demanda, nós precisamos chegar a 450 bilhões de litros lá em 2050. Mas vamos pensar a curto prazo, no qual a Europa já fala, em 2025, de 5% de SAF. Se não investirmos em infraestrutura, não vamos ter como chegar a esses 5%, que representam cerca de 20 bilhões de litros, contra uma produção, no ano passado, de 300 milhões de litros. É uma demanda gigante e um desafio enorme. O que a gente tem na mesa para chegar a isso? A tecnologia que está na mesa é a produção do SAF a partir do etanol, já com várias empresas desenvolvendo essa rota. As outras tecnologias ainda estão muito distantes, o que nos coloca num papel importante na disponibilização dessa solução”, ponderou Queen.

Segundo Ligia Sato, a Latam, no ano passado, estabeleceu o compromisso de usar 5% de SAF em suas operações até 2030.

“Entendemos que isso é necessário para demonstrar que há demanda. A aviação é responsável por 2% das emissões, embora se pense que seja mais. Porém, independentemente disso, estamos 100% comprometidos em reduzir nossas emissões”, disse.

Para Roberto Chaves, no que se refere ao uso de energia em suas operações globais, a Embraer pretende chegar a 100% de fontes de energia renovável até 2030.

“Ano que vem, nossas operações no Brasil e em Portugal, que representam 80% do nosso consumo, já estarão operando com fontes de energia renovável”, disse. Segundo ele, o SAF ocupará o protagonismo nas operações de substituição do querosene de aviação.