Home Agronegócio

Sem ministro da Agricultura, Agrishow terá Bolsonaro na abertura

Carlos Fávaro havia confirmado participação na cerimônia e prometia anunciar pacote de recursos para o setor

89
Feira se tornou briga política no interior de São Paulo

A Agrishow, maior exposição de tecnologia agropecuária da América Latina, saiu da agenda do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que havia confirmado participação na cerimônia de abertura do evento, na próxima segunda-feira (1º), em Ribeirão Preto (SP).

Segundo a Revista Globo Rural  o presidente da Agrishow, Francisco Maturro, procurou o ministro, na terça-feira (25), para informar da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu aliado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na abertura do evento. Segundo fonte ligada ao ministro, ele teria recebido a sugestão de ir ao evento em outro dia.

Na manhã desta quarta-feira (26), Maturro confirmou que ligou ao ministro no dia anterior para falar do movimento que existe no interior de São Paulo de apoiadores do ex-presidente para recepcioná-lo e informar da presença de Bolsonaro na Agrishow no primeiro dia.

O presidente da feira, no entanto, negou que tenha desconvidado Fávaro para a cerimônia de abertura, conforme noticiado pela Globo Rural na primeira versão desta reportagem, publicada na noite de terça.

“Era minha obrigação informar o ministro do movimento que está acontecendo em Ribeirão Preto e não é um movimento pequeno. Ligamos com a preocupação de informá-lo de que o ex-presidente virá à feira e queremos apenas informar que pode haver um constrangimento para todo mundo. Ainda informei que haverá uma reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), na terça-feira, e convidei para que permanecesse em Ribeirão para essa reunião. Ele agradeceu e a conversa se encerrou. Foi uma conversa rápida”, disse Maturro.

O presidente da Agrishow reforçou que na cerimônia de abertura participam somente as autoridades constituídas, que sobem ao palco na solenidade, e que a presença de Fávaro é fundamental neste evento. “Ele é o ministro da Agricultura e será bem-vindo. Preciso que ele venha na abertura, é importante para nós, fundamental”, afirmou.

Fávaro não irá à abertura nem comparecerá à Agrishow em nenhum outro dia, segundo a assessoria do ministério. O evento tem patrocínio oficial do governo federal e do Banco do Brasil.

O episódio reforça a distância que ainda existe entre o agronegócio e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que trocaram farpas desde a campanha eleitoral.

MUDANÇA DE PLANOS

Carlos Fávaro já havia reservado a data na agenda e planejava anunciar a liberação de mais de R$ 400 milhões de suplementação orçamentária para equalizar juros de linhas de investimentos do Plano Safra 2022/23 durante a visita ao interior de São Paulo.

O recurso é capaz de apoiar o desembolso de R$ 12 bilhões em financiamentos de máquinas e equipamentos, por exemplo, o principal negócio da Agrishow.

Várias linhas de investimentos do Plano Safra 2022/23, anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro, estão fechadas desde o ano passado devido ao esgotamento precoce dos recursos alocados para subvenção dos juros.

O objetivo era, justamente, ampliar o cardápio de alternativas de financiamentos aos produtores em momento de dificuldade, juros altos e escassez de recursos, e aquecer as vendas no evento.

O anúncio dessa suplementação será reagendado para outro momento. Fávaro trabalha junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por uma suplementação maior, de R$ 1 bilhão, capaz de equalizar cerca de R$ 30 bilhões em empréstimos ao campo.

O ministro também pretendia falar da construção do novo Plano Safra 2023/24, que deverá ser anunciado em junho, e da linha em dólar lançada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agro recentemente.