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A quem interessa privatizar a Petrobrás?

Por Walter Miranda

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A campanha “O Petróleo é nosso” resultou vitoriosa por muitos anos, com a criação da Petrobrás, no ano de 1953. Na época havia um confronto entre nacionalistas, formados por militares de direita e partidos de esquerda, que defendiam o monopólio estatal da exploração do petróleo; e os defensores do capital estrangeiro, considerados entreguistas, formados por economistas, como Roberto Campos.

O petróleo, há muitos anos disputado em todo mundo, deixou o Brasil por bastante tempo totalmente dependente das importações de combustíveis, principalmente dos Estados Unidos, gerando muitos conflitos políticos com os governantes. Assim, no início da década de 1950, o Brasil importava 93% dos mais disputados derivados do valorizado petróleo.

O pré-sal (camada de rochas abaixo de uma camada de sal), a uma profundidade de 8.000 metros da camada de sal, onde se localiza um depósito de matéria orgânica que se acumulou ao longo de milhões de anos, transformando-se em petróleo foi importante.  Segundo geólogos, estima-se que o pré-sal guarde cerca de 80 bilhões de barris de petróleo e gás, o que deixa o Brasil na privilegiada posição de sexto maior detentor de reservas no mundo.

Tudo o que escrevi, até aqui, não estava na minha própria cabeça, mas foi fruto de pesquisas usando o “Google”, para humildemente entender por que neste mundo capitalista, milhares de grandes investidores no Brasil e no mundo ‒ tendo Paulo Guedes e Bolsonaro como seus defensores ‒ insistem, desde o início do atual governo, em privatizar a Petrobrás e a propriedade das reservas naturais dos mais cobiçados insumos mundiais, que são o petróleo e o gás natural.

O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro RJ) denunciou na sua página na internet que “Fernando Henrique Cardoso – o FHC – acabou com o monopólio do petróleo e vendeu boa parte das ações da Petrobrás na Bolsa de Nova York”. Vale a pena acessar o link:  https://sindipetro.org.br/o-petroleo-tem-que-ser-nosso-2/, e entender a opinião do Sindicato, que representa os trabalhadores da Petrobrás, quanto ao papel da Petrobrás para o Brasil.

Usando a minha formação educacional e experiência profissional, sempre na área da ciência contábil, complementada com 32 anos na auditoria fiscal, acessei o link: https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/25fdf098-34f5-4608-b7fa-17d60b2de47d/62a9ccc2-cc8b-8819-a870-44204e2f97c8?origin=1, e obtive as demonstrações financeiras da Petrobrás-Petróleo Brasileiro S/A encerradas em 31 de dezembro de 2021. Acessando, principalmente, o Balanço Patrimonial, Demonstrações de Resultados e Relatórios dos Auditores KPMG Auditores Independentes Ltda, foi possível ter várias informações.

No ano de 2021, a Petrobrás apresentou as seguintes informações financeiras: Receita de Vendas no valor de R$ 452,7 bilhões, com  crescimento de 66% em relação a 2020; Patrimônio Líquido de R$ 389 bilhões; Valor de Mercado R$ 437,7 bilhões (valor das ações na Bolsa de Valores); Lucro Líquido de R$ 106,6 bilhões (lucro recorde); Distribuição de dividendos (participações no lucro) de R$ 72,7 bilhões; a União é dona de 36,6% do capital total e recebeu R$ 37,3 bilhões em forma de dividendos; foi pago à União o valor de R$ 54,5 bilhões em royalties; somando os dividendos da União aos pagamentos de tributos à Receita Federal, Estados e Municípios, foram repassados R$ 230 bilhões.

Vejam que estamos diante de uma grande empresa estratégica para a economia do Brasil, com um enorme patrimônio e resultados exageradamente surpreendentes no ano de 2021, apesar da crise social e econômica. Privatizar é, a meu ver, uma decisão de lesa-pátria, pois não se trata de venda somente do patrimônio acima, mas também a exploração das riquezas naturais no subsolo e no pré-sal.

É claro que os mais empenhados na compra dos 36,6% das ações da Petrobrás pertencentes à União são os investidores brasileiros e estrangeiros, interessados na boa performance econômica da empresa, graças aos exagerados preços dos combustíveis pagos pelos brasileiros, com paridade ao preço internacional do barril de petróleo.

(*) Walter Miranda, de vice-presidente do Sindifisco Nacional-Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil/Delegacia Sindical de Araraquara; Diretor do SINSPREV-Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Saúde e Previdência do Estado; militante da CSP CONLUTAS Central Sindical e Popular.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR CONLUTAS-Central Sindical e Popular