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Desmilitarização da PM e descriminalização das drogas

Por Walter Miranda

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Em João 8:32 está a sabedoria: “A verdade vos libertará”. A frase foi enfaticamente pronunciada, no ano de 2018, pelo então candidato Bolsonaro durante sua campanha política, logicamente objetivando conquistar votos dos que se reivindicam cristãos ‒ a maioria no Brasil.

Respeito quem pensa o contrário, e longe de mim querer me conflitar com seres humanos que, após lerem o evangelho cristão, tenham interpretação diferente da minha. É muito importante a gente ser humilde, aceitando a responsabilidade de estudar, entender e obedecer ao que nos ensina um dos livros mais ricos do mundo: a Bíblia.

Seria ótimo se as 40 mil pessoas que participaram da “Marcha para Jesus” na cidade do Rio de janeiro, no sábado passado (19), protestassem contra as chacinas da polícia militar ocorridas nos dias 28 de julho e 4 de agosto, deixando 45 mortos no Rio de Janeiro, boa parte negros, todos pobres.

Essas chacinas têm ocorrido também em São Paulo e outras cidades do Brasil, tirando vidas de crianças e adolescentes, como a de Thiago Menezes Flausino, com apenas 13 anos, que sonhava ser jogador de futebol, mas assassinado pela PM do Rio de Janeiro.

Em Êxodo 20:13 é ensinado para não matarmos ninguém. A violência não agrada a Deus, razão pela qual não podemos aceitar o porte de armas. Este ensinamento deixa claro que a vida humana é sagrada para Deus.

O aumento da violência envolvendo a Polícia Militar e os seres humanos, bandidos ou cidadãos de bem no Brasil, não tem sensibilizado, como deveria, a maioria dos policiais e da população, inclusive daqueles que se identificam como cristãos, participando de passeatas, danças e festas para Jesus Cristo. Penso que não conhecem a verdade refletida nos ricos ensinamentos do evangelho cristão.

Está na pauta do Congresso a desmilitarização da PM e a descriminalização do porte e consumo de drogas. Não entendo por que boa parte do Congresso, pressionado pela bancada evangélica e a extrema-direita, insiste em manter o consumo de drogas como crime. Na verdade, querem manter a violência do Estado, que invariavelmente tem práticas racistas. Esta violência se manifesta, num primeiro momento, com a militarização da PM.

Enquanto houver a concentração de poder nas mãos de uma minoria rica e branca; enquanto protegerem os membros de uma elite que representa a burguesia com a caneta e as armas nas mãos, não tenho dúvida de que teremos mais e mais chacinas vitimando pretos e pobres no Brasil, muitos inocentes.

É incontestável que a violência da PM na Cracolândia, em São Paulo, contra os doentes químicos, tem a ver com as omissões dos governantes, parlamentares, comandantes policiais e juízes. Todos eles, à sua maneira, participam do controle social e racista. Não conhecem a verdade e não se libertam. Em João 13:34, Jesus nos ensina a amarmos uns aos outros como ele nos amou. Quem ama de fato não mata.

A verdade é que a descriminalização das drogas já deveria ter ocorrido, para identificação dos doentes químicos, conduzindo-os para o tratamento. Não defendo a legalização desta desgraça que destrói famílias e vidas humanas. O tráfico tem que continuar sendo ilegal e punido com o rigor da lei.

A falsa “guerra das drogas” já tem décadas e não tem diminuído o tráfico no Brasil e no exterior. Nas prisões só há negros e pobres, presas fáceis para as facções que controlam os presídios e enriquecem os poderosos, que vivem da produção e tráfico das drogas, incluindo parte da Polícia.

(*) Walter Miranda, graduado em Economia e Contabilidade; mestrado em Ciências Contábeis pela PUC/SP; pós-graduado em Gestão Pública pela UNESP/Araraquara, militante do PSTU e da CSP-CONLUTAS Central Sindical e Popular.

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