Assim como a água e o ar, o solo é um recurso natural que dá suporte à vida no planeta Terra. Configura uma fina camada superficial que cobre as rochas da crosta continental, considerada um recurso renovável formado pelo intemperismo químico e físico das rochas, através de agentes climáticos (como temperatura e pluviosidade), geomorfológicos (tipos de relevo) e biológico (organismos vivos) em função do tempo.
No entanto, a intensa exploração dos solos por práticas agrícolas inadequadas e outras atividades humanas, aceleram os processos erosivos, sobretudo, com perda da camada superficial e mais fértil do solo a uma velocidade superior àquela requerida para sua formação, tornando o recurso limitado.
A degradação dos solos determinou a queda de várias sociedades antigas e atualmente é geradora de refugiados ambientais, como as famílias expulsas das planícies meridional do EUA pelo Dust Bowl nos anos 1930, do Sahel africano nos anos 1970 e da bacia amazônica nos anos 2000 (MONTGOMERY, 2021).
Em setembro de 2021, no interior do estado de São Paulo, a seca severa que assolou a região no período de estiagem somada à exposição de solos de extensas áreas agrícolas no período de entressafra das monoculturas e fortes ventos gerados pelo sistema pré-frontal desencadearam uma tempestade de poeira com formação de uma grande nuvem vermelha, esse fenômeno semelhante ao Dust Bowl, caracteriza um processo de erosão eólica cujo vento atua como agente erosivo transportando e depositando o material distante do seu local de origem.
A erosão hídrica configura outro processo bastante comum na região. Pode ocorrer através de processos laminares (fluxo difuso) ou lineares (fluxo concentrado) com formação de sulcos, ravinas e voçorocas. Tais processos são capazes de mobilizar grandes quantidades de sedimentos e causar consequências como a limitação da expansão urbana, interrupção do tráfego de veículos, afetar edificações, obras lineares e assoreamento de drenagens, lagos e represas (SANTORO, 2015).
Diante desse cenário, se faz necessário a inclusão de práticas conservacionistas capazes de evitar o desencadeamento de processos erosivos e manter as funções ecológicas solo com a formação de ambientes produtivos e resilientes.
Referências:
MONTGOMERY, D. R. Erosão: dos solos às civilizações. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2021;
SANTORO, J. Erosão continental. In TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (ORG). Desastres Naturais: Conhecer para prevenir (3ºEd, Cap.04) – Instituto Geológico, São Paulo, 2015.
*Rafael Carvalho Alves de Mello é agente de Fiscalização Ambiental – SMMAS, gerente de Unidade de Licenciamento Ambiental e colaborador do RCIA ARARAQUARA
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