Em 2010 escrevi: “Não há um dia sequer que termine sem que deixe de ser noticiada uma novidade no campo da ousadia criminosa. O que há com o Brasil, afinal, onde não existe mais constrangimento, pudor ou ética?”
Hoje continua igual, mas sabemos: há a esquerda e os maus políticos.
Impressiona ver como persistem na cena da vida pública nacional os políticos profissionais, de carreira, cuja vida pessoal e familiar é dedicada única e exclusivamente a usar da máquina pública em seu favor, deixando os interesses verdadeiros da população brasileira à margem de suas atitudes.
Isso sempre foi uma constante. A questão é que, em vez de arrefecer, exacerba. O tempo e as experiências amargas não têm contribuído para afastar do cenário decisório nacional aqueles que nele ingressam com objetivos definidos e escusos de auto-locupletação.
A praga da utilização dos recursos públicos em favor de interesses particulares é inerente ao ser humano. No Brasil é vírus.
Esse vírus raramente é colocado na pauta das análises e discussões da sociedade.
Com a politização da gestão pública no país, o vírus se disseminou.
Neste momento não é produtivo discutir a questão da ideologização que colocou a chamada esquerda e a mídia que recebia fartas verbas públicas do governo federal e disso foi afastada na gestão atual, numa posição contrária a tudo e a todos que atuam no governo atual.
Um ponto importante neste contexto é o de que, mais uma vez, os interesses nacionais verdadeiros ficaram subalternos dos interesses políticos pessoais, grupais, partidários, e tudo é feito na perspectiva da destruição, manutenção, tomada, do poder e do acesso aos cofres públicos.
Um vírus que sempre existiu mas era mantido um pouco sob controle (não justifica, mas sempre foi assim). Sendo verdade é preciso dizer, após a chegada do PT ao poder, em diversas instâncias, a utilização do tesouro para a ampliação e manutenção do poder político, através de alianças espúrias com a banda podre da iniciativa privada e do chamado meio político, escancarou as porteiras de qualquer pudor ou resistência ética.
O processo é longo, polêmico, e o que cabe neste espaço, hoje, é, uma vez mais, diagnosticar que o mal do Brasil são os maus políticos (e o fato de que a ampla maioria não sabe distinguir o uso do mal e do mau).
Eles persistem, insistem e raramente se vê em algum um mínimo amor ao país. O Brasil, para essa camada elitista que se aboleta nos gabinetes luxuosos, cercados de privilégios, mordomias e puxa-sacos, e se escondem, também atrás da autoridade der seus cargos, existe para que, arrogantemente, sangrem o tesouro nacional em seu favor.
O diagnóstico vem sendo feito. O remédio, a educação da massa, a melhoria de sua qualidade de vida para acabar com os currais, nunca entra no receituário.
O mal do Brasil são os maus políticos.
*Paulo Saab, jornalista, bacharel em Direito, professor universitário e escritor
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