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O calvário de Edinho para chegar às eleições de outubro

Por Ivan Roberto Peroni

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O que Lula disse neste sábado (1) durante a posse do Diretório Estadual do PT é o que temos comentado: “não perder o foco da periferia”. Porém, o desgaste da atual administração se consolidando em regiões periféricas não é nada bom para o PT, muito menos para Edinho. Mesmo se desdobrando até outubro o partido não terá tempo hábil de reverter um quadro decadente, somando-se a isso a legislação eleitoral e a fiscalização implacável dos adversários.

Edinho pode ter sido até um bom gestor nos oito anos do seu primeiro e segundo mandatos, contudo chega ao final desta gestão fragilizado e sem a mesma confiança da população nos bairros, seu foco principal.

É evidente que qualquer projeção neste momento para sua reeleição é prematura, contudo, nos últimos tempos as manifestações vindas da periferia asseguram descrédito, fato que também consideramos normal e na medida exata do que já ocorreu com prefeitos anteriores – cansados e impacientes nas suas tratativas com o povo. Disso se valem os assessores ingênuos que cometem deslizes como este da unificação de linhas de transporte coletivo em prejuízo dos moradores do Adalberto Roxo-Valle Verde.

Dois anos atrás o cenário ainda era outro – de confiança, no entanto inúmeros foram os fatores que de forma minguada passaram a alterar o comportamento da comunidade periférica em relação ao seu líder. Bairros com ruas esburacadas, saúde sem remédios e médicos para atendimento, desorganização no transporte coletivo, creches com problemas de zeladoria e acolhimento, situações enfim, que contaminaram outros setores da administração pública.

Não era isso que gostaríamos de ter ou ver, afinal esta é a cidade que amamos e que precisamos que seja plenamente digna encorajando nossos filhos e netos a nos darem uma velhice segura.

É até provável que soma-se a estes fatores, o desgaste político ocasionado pelo constante temor da Lava Jato aqui chegar e fechar o ciclo ameaçador de outra situação incomoda provocada por sua passagem como tesoureiro da campanha de Dilma Roussef. Gotas homeopáticas desta pressão, ainda que falando do cumprimento das leis praticadas no país projetam um filme de terror, influenciando Edinho a repensar diversas vezes se vale a pena estar vivendo as agruras do – como será o amanhã.

O que falamos agora pode ter um fundo de verdade, pois se antes estava ele a participar de todos os eventos que via de regra é uma agenda positiva de proximidade com a população, é verdade que agora há disposição apenas para ir a periferia de acordo com a cartilha de Lula – os candidatos à próxima eleição terão que caminhar como nunca pelas periferias das cidades. A frase define que o que sobra ao partido é a fidelidade nos bairros. Experiente, Lula é mais enfático: “Se perderem a liderança nesses locais é porque se distanciaram deles”.

Edinho até que tenta se manter na periferia por conta do Orçamento Participativo onde a população define obras prioritárias, porém, poucas são as escolhas que saem do papel já que para construí-las é preciso recurso. Como tê-lo se o município está quebrado, segundo suas próprias palavras. Assim, de bom lhe sobra apenas a reinauguração do Pronto Socorro do Melhado e o sonho de ver a Ferroviária S/A – campeã paulista em meio a tantos imbróglios.

Parafraseando o que vem da história bíblica, ainda que exista controvérsia sobre quem ajudou Jesus a carregar a cruz até o Gólgota (calvário), a verdade é que somos convidados por ele a tomar cruz de cada dia e carregá-la.

O Lula deve interceder junto ao Mestre Jesus pois a cruz dada ao Edinho – está pesada demais…

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR