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O pau que dá em Chico dá em Francisco

Por Ivan Roberto Peroni

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Entristece-me a baixaria ocorrida nesta quarta-feira no centro de Araraquara. O que poderia ter sido um encontro político, de apontamentos e soluções para o destino do país e futuro das nossas crianças, foi um espetáculo deprimente de agressividade e selvageria que ridiculariza os princípios democráticos.

Não há inocentes num cenário tão desafiador.

Há sim, disputa pelo poder, idéias distorcidas envolvendo nas vias públicas agressores e agredidos simbolizados por um peso único e preço ideológico. Radicais de esquerda e direita me passam por causa da briga de rua, cada vez mais a preocupação, sobretudo, com a estabilidade democrática e as condições culturais para o estabelecimento da liberdade.

Não bastasse, entre socos e pontapés sinto cada vez mais distante – a naturalização das relações sociais entre jovens que imaginam estar reconstruindo um país: na porrada.

Ora, que belo exemplo dos políticos, nem todos, para às crianças.

Não bastasse, tivemos dias antes um padre burlando a fiscalização e pouco se importando com a existência de um decreto, onde feriu e colocou em xeque-mate princípios bíblicos que indicam que todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei. Não podemos acusá-lo pela prevaricação, mas desacreditar da sua convicção em semear o bem para a colheita plena de amor e verdade.

Ora, que belo exemplo do padre para às crianças.

Paralelamente, é de se duvidar que a pandemia tenha fechado ao mesmo tempo, por uma ou duas horas seus olhos para o ato insano de uma deputada que conclama aglomeração de pessoas em praça pública tendo em mente um discurso que também não nos levaria a caminho algum. Ah sim, da balbúrdia, do destempero e incentivo à banalidade, pra não dizer das próprias brigas nas ruas.

Ora, que belo exemplo da deputada para às crianças.

São atitudes que vejo banalizar uma semana santa, onde cada qual coloca acima dos princípios éticos – vaidade e poder e deixam para julgamento da população fatos que maculam a ordem e a dor das famílias consternadas pela perda das pessoas que mais amavam.

Não bastasse, a Campanha da Fraternidade que neste ano é ecumênica, pregando a união de todos, também de pronto mostra que a reflexão pode nos ajudar  a compreender melhor o tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” com o lema “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido, fez uma unidade”.

Assim, que do decreto, os envolvidos se lembrem sempre – todos são iguais, pois todo Francisco é Chico e todo Chico é Francisco, razão pela qual não há que se diferenciar na aplicação de uma norma.

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR