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Por que Saul Klein escolheu a Ferroviária?

Com o seu principal amor, Saul Klein deixou um legado para São Caetano do Sul. Agora, com a Ferroviária, quais serão as suas intenções com Araraquara?

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Saul Klein chegou em Araraquara, mas com interesse em seu bem maior adquirido recentemente, a Ferroviária, que agora deverá crescer de patamar nos próximos anos.

E sua chegada fez muito barulho, confirmando a entrada de Marcelo Vilar no comando técnico da Locomotiva, enquanto o então treineiro, Vinícius Munhoz, passará a ter função de coordenador técnico do clube. Mas nada disso está garantido, pelo menos para o gaúcho.

Sucesso no Paulistão, Munhoz não conseguiu obter o desempenho desejado na Série D, mas claro que com um elenco muito limitado, e não conseguiu chegar na fase mata-mata da Copa Paulista.

Além dele, outro que é incógnita é o diretor de futebol, Roque Júnior. Surpreso com a informação de que poderia sair, Klein bateu o pé, quer a permanência do profissional e reuniões ontem e nesta terça-feira tem intensificado para que participe do novo projeto.

Mas, o que levou o cabeça da MS Sports a investir na Ferroviária? A resposta está lá em São Caetano do Sul. O acionista declarou abertamente o seu amor pelo Azulão, por ser da cidade e de ter participado efetivamente da projeção nacional que o clube teve no início dos anos 2000.

Porém, as pessoas que cercavam o seu amor trouxeram desconfiança por ele. Presidente a quase três décadas do São Caetano, Nairo Ferreira não estava administrando bem o seu dinheiro dentro do clube, o que fez Klein exigir as famosas notas ficais da empresa São Caetano Futebol LTDA, para saber onde estavam indo as suas “doações”.

O presidente recusou o pedido e o investimento, que eram de R$ 2 milhões mensais, passou a ser de R$ 800 mil, forçando a saída de Nairo do poder, o que não aconteceu. Para um clube do interior, o valor pode ser até considerado alto, mas pelo o que já estava sendo gasto atualmente dentro do clube, passou a ser prejudicial com o passar do tempo.

A publicação de um vídeo por parte do elenco do São Caetano, alegando atraso salarial de dois meses, na verdade foram de 30 dias, talvez com um efeito para que o investidor não deixasse o seu amor para trás. Do próprio bolso, Nairo Ferreira pagou o prejuízo.

Oficializada a saída de Nairo após Klein ter fechado com a Ferroviária, o vice-presidente Roberto Campi, o popular Bia, agora assume a cadeira e tem boa relação com o herdeiro das Casas Bahia.

Na entrevista no Aeroporto Bartholomeu Gusmão, em Araraquara, Klein deixou claro que não estava investindo no São Caetano há três meses e quando ele cita que “eu posso ajudar com ideias e palavras, mas, financeiramente, não dá para abraçar um e outro”, essa articulação se iniciou. Mesmo saindo, o empresário conseguiu três patrocinadores e um outro está por vir, não para alcançar o mesmo investimento que estava, mas para que o São Caetano possa disputar o Paulista da Série A2 e a Série D do Brasileiro. O Azulão se manterá, com ou sem Klein.

A sua escolha pela Ferroviária foi estratégica. Por também ser um clube-empresa desde 2003, Klein viu o clube araraquarense estável e não um negócio que surgiu ontem, vendo como investimento e de retorno financeiro futuramente. A sua visita na Fonte Luminosa o deixou encantado e nos diálogos com o prefeito Edinho Silva (PT), até mesmo sobre como funcionava antiga ferrovia (EFA) dentro da cidade, se mostrando interessado em fazer parte da comunidade e, quem sabe, de um novo amor, desta vez pela cor grená.

Na busca de um novo amor, Saul Klein chegou fazendo barulho em Araraquara – Crédito: RCIA Araraquara

O principal ponto agora é a criação do moderno Centro de Treinamento. O espaço desejado é o Parque Pinheirinho, local onde as categorias da Locomotiva treinam diariamente. O espaço conta com cinco campos, um deles dedicado a prática do rugby, e teve os seus gramados reformulados. A intenção é construir um local onde tenha alojamento e refeitório. O Pinheirinho tem este espaço e o poder público está de olho nesta situação.

As categorias de base são os trunfos deste projeto e a definição do local do CT deve ser definida em breve. Pela primeira vez, o clube pode ter novas categorias, no caso Sub-11 e 13, na disputa do Campeonato Paulista do próximo ano, aglutinando toda a formação de jogadores dentro do futebol atual.

Os ventos sopram a favor também do futebol feminino. A tendência é que todo time titular, campeão do Brasileiro e do Jogos Abertos do Interior, e vice-campeão da Libertadores, permaneça na próxima temporada e que jogadoras, também de alto nível, possam chegar e integrar o elenco da treinadora Tatiele Silveira para que o rendimento continue o mesmo, assim como acontece na equipe do Corinthians, principal rival desta temporada.

Se tudo ocorrer dentro do cronograma, a tendência é vermos a Ferroviária na elite nacional até 2025 e a cidade pode crescer muito dentro deste contexto, principalmente no setor de hotelaria e também em sua logística no transporte terrestre e aéreo, contribuindo em gerações de empregos e modernizando cada vez mais a Morada.

Vamos aguardar e que o “amor” possa existir entre Saul Klein, Ferroviária e Araraquara.