Passar pelo que estamos passando, nem eu, nem você, nem ninguém podíamos imaginar que isso um dia aconteceria. Que saco, meu! Quando pequenos ouvíamos falar da gripe espanhola, da peste negra, do terremoto que destruiu Lisboa, das guerras mundiais, mas nunca imaginamos que nós, nós mesmos, fossemos viver tragédia parecida.
Que caraca, meu! Esse tal de coronavírus tá judiando demais da humanidade. São nossos velhinhos assustados, entre eles o Tito Cassoni, o Magdalena, o Ivan Roberto, o Polezze, o Massafera, o Chico Santoro, o Bedran, acho que o Zézinho de O Imparcial e o Lineu, inclusive eu; nossos adultos não menos assustados; e os nossos jovens também um tanto assustados. E não apenas com a gravidade da doença, mas também com a Economia, que se muito afetada provocará tanto ou mais sofrimento que a doença em si.
O isolamento social forte reduz o crescimento da doença evitando, assim, sobrecarregar o sistema de saúde, uma vez que parte dos infectados (principalmente idosos) vão necessitar de internação hospitalar. É a busca do achatamento da curva da demanda por leitos hospitalares para que não supere a oferta (que em todos os países está sendo aumentada). Uma conduta perfeita, pois seria um ato de desumanidade não poder dar atendimento hospitalar aos doentes graves.
No entanto, manter a maioria das pessoas por muito tempo em suas casas provoca grandes prejuízos à Economia, mesmo que os serviços essenciais sejam mantidos. Haverá o fechamento de muitas empresas e negócios, desemprego em massa, finanças públicas arrasadas em razão da queda da arrecadação dos tributos e funcionários públicos e empresas prestadoras de serviços sem receber. E aí mais sofrimento e mortes virão, associados a muita desordem e rompimento da paz social – um verdadeiro tsunami assolando a sociedade.
O que a maioria dos países está fazendo, ou planejando fazer, é praticar um isolamento forte no início e, à medida que o crescimento da doença for sendo controlado, relaxar o afastamento social, mantendo-o apenas para as pessoas de maior risco e aqueles que estão contaminados. O sucesso dessa estratégia está em escolher o timing correto para promover o relaxamento da quarentena, de forma a que ninguém fique sem atendimento hospitalar e que a Economia não seja “destruída”.
Que Deus ilumine os nossos governantes para que adotem medidas que evitem o sofrimento do povo agora, com o refreamento da doença e das mortes, e no futuro, com a não “destruição” da Economia – afinal, trabalho tanto para o empregado como para o empregador também é vida.
E que Deus olhe por todos nós, que estamos com as nossas vidas, nossos empregos e nossos negócios ameaçados. Please, fast: um remédio e/ou uma vacina
*Coca Ferraz, é engenheiro e professor da USP (Universidade de São Paulo)
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR