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Nova cepa semelhante à indiana circula na região de Araraquara

Informação é que outras variantes com mutações já estão sendo identificadas em Porto Ferreira e Descalvado

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Araraquara tem 31.396 casos confirmados de Covid-19

Segundo fontes ligadas à Diretoria Regional de Saúde de Araraquara, uma nova cepa, semelhante à indiana, está circulando na região. A variante, que ainda está sendo estudada, foi detectada por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Porto Ferreira e Descalvado.

De acordo com fontes ligadas ao Sesa, a variante com mutação pode ser semelhante à cepa indiana. Derivada da linhagem B.1.1.28 – prevalecente no País na primeira onda da pandemia, em 2020 –, a nova variante apresenta a mutação L452R na região da proteína de espícula (também conhecida como Spike, ou S, responsável pela entrada do vírus nas células humanas).

A mutação L452R coloca a comunidade científica em alerta, por estar associada ao escape de anticorpos neutralizantes, como observado em duas variantes já identificadas na Califórnia, nos Estados Unidos; mais recentemente, também, na nova variante descrita na Índia, que pode estar associada ao crescimento exponencial do número de casos no país asiático.

PREOCUPAÇÃO

“Nós já atuamos fazendo diagnóstico daquela região, que chamamos de Diretoria Regional de Saúde 3, onde temos Araraquara e as cidades vizinhas”, conta o professor do Instituto de Biotecnologia (IBTEC) do campus Botucatu, João Pessoa Araújo Júnior, integrante da Rede Corona-ômica BR MCTI.Cidades

“O que nos levou a buscar esta região, especificamente, foi o fato de termos encontrado as variantes P.1 e P.2 [originária do Rio de Janeiro] numa cidade pequena, que foi Porto Ferreira. Nossa hipótese inicial era: vamos estudar bem essa cidade, porque conseguiremos monitorar qual variante irá prevalecer, a P.1 ou P.2; se alguma tem uma vantagem sobre a outra. Nessa busca, acabamos encontrando a nova variante”, revela.

Além de Porto Ferreira e Descalvado, um mapa divulgado aponta outras cidades de São Paulo em que a possível nova variante foi identificada. Compõem a relação outros oito municípios: Araras, Cesário Lange, Itirapina, Mococa, Rio Claro, Santa Cruz das Palmeiras, Sumaré e Tambaú.

MUTAÇÕES

“O que nos preocupa é que esta possível nova variante está circulando numa região em que já predominam variantes de preocupação, a P.1 e a B.1.1.7, além da variante P.2. Então, provavelmente, esta nova variante tem alguma vantagem evolutiva; caso contrário, já teria desaparecido ali”, analisa o professor da Unesp. Ele explica que as mutações surgem aleatoriamente e podem capacitar o vírus a aumentar sua transmissão e multiplicação, mas podem desaparecer, caso não cumpram esse propósito.

O comunicado sobre a circulação da possível nova variante no Brasil foi divulgado no dia 4 de maio, antes mesmo da publicação do estudo em periódicos científicos internacionais, com o objetivo de alertar os gestores da área da saúde para a tomada rápida de decisões e, assim, conter a transmissão do vírus potencialmente mais transmissível.

“A nova variante que nós identificamos parece estar restrita, ainda, a uma região geográfica. Então, existe a vantagem de trazer um alerta para que medidas sejam tomadas, de modo a tentar evitar que ela se espalhe para outras localidades”, afirma Cintia Bittar Oliva, pesquisadora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) do campus da Unesp em São José do Rio Preto.

ARARAQUARA

A secretária de Saúde, Eliana Honain, informou não houve registro dessa variante na cidade. “Temos muita preocupação com  a pandemia como um todo, pois todas as variantes podem chegar a qualquer momento em todas as cidades. Isso justifica todas as ações que desenvolvemos para controle da pandemia”, finalizou.