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Araraquarense enfrenta segunda onda da covid-19 na Europa

Esteticista em Portugal há quatro anos, conta um pouco como é entrar em estado de calamidade pela segunda vez

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Priscila e Everton, moram em Portugal há 4 anos. Foto: arquivo pessoal

Portugal vem adotando medidas mais rígidas para enfrentar a segunda onda de covid-19. Na ultima quinta-feira (15) o governo elevou o país para estado de calamidade devido aumento da doença em toda a Europa.

Grávida de 6 meses e morando em Portugal há 4 anos, a araraquarense Priscila Calvanese, conta um pouco de como está enfrentando a segunda onda do coronavírus, onde o inverno chega em novembro podendo aumentar os índices da doença.

Priscila é esteticista, casada com Everton Honorato de Almeida, que é atleta profissional do voleibol e também treinador de voleibol , ele é nascido em São José dos Campos. O casal já morou em várias cidades devido à profissão do esportista.

O casal em passeio por Lisboa

Ela conta que ficou por quase 3 anos em Espinhos, norte de Portugal que fica a vinte minutos do Porto, depois mudaram-se para Caldas da Rainha, Centro Sul, mais próximo de Lisboa, e atualmente pela mudança de clube do esportista, estão morando em Esmoriz.

Quando começou a pandemia o casal estava morando em Caldas da Rainha, parou tudo. “As empresas na cidade fecharam antes mesmo do governo determinar, e isso foi importante para o controle, também vimos o que acontecia na França, Espanha, então deu tempo para nos prepararmos”, diz Priscila.

Ela explica que essa segunda onda já era esperada, uma vez que o maior medo era o verão, já que a maior parte do ano em Portugal é frio, e as pessoas ficam mais em casa e saem somente para o básico, mercado, farmácia que era o que estava aberto. Mesmo após a abertura do comércio se via poucas pessoas nas ruas.

Nas praias se usa paravento, que acaba fazendo uma espécie de cabana ou barreira entre uma pessoa e outra

“Porém no verão, eu acreditava que fosse explodir de casos, todos foram para praia, mas notava-se uma consciência entre os frequentadores, dispenser de álcool gel em todas as calçadas, aqui não usamos guarda sol e sim paravento, que acaba fazendo uma espécie de cabana ou barreira entre uma pessoa e outra, e na maior parte das praias foi mantido o distanciamento, mas os jovens sempre ficavam aglomerados, aumentou um pouco os casos, mas como estava muito controlado, o governo resolveu voltar com as escolas e universidades”, disse ela.

Everton também é monitor de um Centro de Estudos, atividades extra-curriculares, que da suporte  para as crianças após saírem da escola. Onde todos os cuidados são tomados, caso alguém fique resfriado já não vai para a escola. “Caso uma criança positive para covid-19, toda a sala fica em quarentena”, explicou ela.

Mas ela acredita que abertura das universidades influenciou no aumento dos casos, “os jovens andam a fazer festas, saem mais, tanto que no mapa da pandemia de Portugal a região de Braga, Coimbra, Lisboa, onde ficam as universidades, são as regiões mais afetadas. Nas escolas infantis os professores controlam as crianças, na universidade não há controle sobre jovens”, ressaltou.

A araraquarense diz que neste momento estão no Outono, e o grande medo, são as gripes de inverno, onde ela afirma que já há muita gente resfriada, que vem com a mudança de temperatura que chega em novembro com o inverno mais pesado, e isso pode superlotar o sistema de saúde do país.

As medidas de controle do país são muito rígidas, um fato que ela conta é que um atleta saiu do Brasil, com resultado negativo para o coronavírus e chegando a Portugal foi necessário fazer novo teste. “Chegou, ficou isolado em uma sala no clube, eu e meu marido o vimos de longe, apenas cumprimentamos e ele foi fazer o teste, onde foi positivado. Só pelo fato de passarmos do lado dele, meu marido teve que fazer o teste e ficar em quarentena, mesmo tendo seu exame negativado. O sistema de saúde monitora com quem você esteve, caso seja positivo seu exame, e ligam para todos, todos os dias. Para quem descumpre uma quarentena, as multas são altas, giram em torno de $ 1.500 Euros”.

A araraquarense está grávida de seis meses, a chegada do bebê está prevista para fevereiro 2021

Por estar grávida de seis meses, Priscila diz que sai muito pouco de casa, foi à praia antes de saber da gravidez, depois não mais. “Apenas saio para tomar um solzinho em dias de calor, que passam muito rápido aqui, com todos os cuidados. Mas estou muito tranquila, o sistema de saúde de Portugal é muito bom, ligam até para você ir tomar vacinas. Meu marido continua em campeonato, tem contato com crianças e outros atletas e chegando em casa nem fala comigo, já vai direto para o banho”, afirmou.

 

POLÍTICA

O governo português impõe agora que todos baixem um aplicativo em seus celulares, trata-se do “StayAway Covid”. Ele avisa se onde você está, tem alguém contaminado ou em quarentena, mas sem a identidade da pessoa.

Alguns portugueses não gostaram dessa imposição, já que o país ainda vive resquícios de ditadura da era Salazar. Embora o país seja governado pela esquerda na atualidade. “Percebo que aqui eles não gostam do Presidente Bolsonaro e nem do Trump, eles dizem que os dois são alucinados, e na maioria das vezes sabem mais do que acontece no Brasil do que nós brasileiros”, disse.

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Priscila diz que o governo português, ajudou os trabalhadores independentes, como é o caso dela. “Aqui temos a contribuição de seguro social, cada um ganha como auxilio, sobre o que se paga. Eu sempre paguei sobre o salário mínimo que é de $ 650 euros, então recebi $ 250 euros que na conversão hoje daria $ 1.654,07, para quem tem que pagar aluguel e fazer as compras é um valor baixo e houve muitas reclamações dos portugueses. Pais que tem filhos na escola receberam um abono maior”, disse

O auxilio emergencial do governo Português, terminou em Setembro, porém eles lançaram um novo auxilio para os trabalhadores independentes. De acordo com Priscila, mesmo ela não tendo voltado a trabalhar, continua pagando sua contribuição ao seguro social.

Este novo abono é de $ 480 euros que vai até dezembro podendo se prolongar caso necessário, mas funcionará como um empréstimo. “Você pode receber, mas tem obrigação de contribuir com o seguro social por dois anos”.  Ressaltou a araraquarense.

As normas para conter a doença são as mesmas que estão em vigor no Brasil, máscaras, álcool gel, sem aglomerações, entre outras. Com a diferença de que por aqui, a segunda onda do coronavírus não chegou. E esperamos que não chegue, afinal estamos na Morado do Sol, distantes do frio europeu.