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Boom de delivery pega de surpresa mercados e fornecedores de alimentos 

Atrasos na entrega, taxas caras e valor mínimo de compra revoltam e assustam consumidores de Araraquara

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Entregas ficaram comprometidas em alguns supermercados

Com o lockdown total na cidade, supermercados, padarias, açougues e quitandas tiveram de se adaptar para dar conta de tanta procura por delivery em Araraquara, o que causou um estrangulamento nas operações dos que não estavam preparados, gerando atraso no serviço de entrega e muita reclamação por parte de clientes. As broncas dos consumidores também são motivadas pelo preço das taxas de entrega cobradas por alguns estabelecimentos e pelo valor mínimo de compras, que inviabiliza o acesso de parte da população.

A manicure Vanessa Souza ficou indignada com o valor mínimo cobrado por um supermercado para poder fazer a entrega. “Teria de comprar R$ 80 em produtos, mais a taxa de entrega de R$ 10”, conta.

Sobre o atrasado nas entregas dos mercados, que tem sido assunto em diversas postagens nas redes sociais, o empresário e servidor público Marcelo Roldan fez uma lista resumindo os motivos que causam o problema. “Nenhum mercado estava preparado para o volume de pedidos que necessariamente seriam feitos para entregas”, avalia.

A lista de Roldan  aponta que: os mercados não possuem a quantidade de veículos e nem de entregadores para atenderem às demandas; estão trabalhando com apenas 30% do quadro de funcionários em suas dependências; a maioria das pessoas recebeu vale alimentação ou vale salário às vésperas do Lockdown e estão fazendo pedidos de despesas maiores; e a prorrogação do decreto pegou as pessoas que aguardavam a liberação dos mercados para fazer compras presenciais de surpresa, o que criou novo aumento na demanda de compras para entrega.

“Infelizmente, é preciso ter paciência e entender que todos temos prioridades e muitos de nós estamos precisando de produtos que podem demorar a chegar. Mas, se você está aguardando sua compra e ela está atrasada, você já faz parte de um grupo privilegiado. Muita gente não tem nem como comprar nada”, completa.

Por parte de quem faz a entrega de produtos, a correria é intensa. A reportagem tentou falar com donos de mercados e padarias, sem sucesso. “Não posso responder agora porque não param de chegar pedidos”, disse a proprietária de um dos estabelecimentos contatados. A RCIA também tentou contato com o Procon para checar as reclamações e denúncias de preços abusivos, mas não obteve resposta.

Leonardo Timpani, do Varejão Capim-Limão e Quitanda da Sandra, explica que sua estrutura para entregas conta com três carros e pessoal para fazer a separação dos legumes, frutas e verduras, mas opera no limite neste lockdown. “A demanda de entrega está uma loucura. Temos 100 entregas hoje, outras 100 amanhã e mais 100 na sexta-feira”, informa.

TENDÊNCIA

O publicitário e comunicador social Jofre Ferreira da Costa Neto acredita que o lockdown apenas tornou mais explícita uma tendência que havia sido percebida por muitas empresas há alguns anos. “Antes mesmo de pensarmos em pandemia, as grandes redes como Mercado Livre e Netshoes, já mostravam um poder e a tendência do comércio online. Agora, o que era apenas comodidade se tornou uma necessidade, não apenas para mercado, medicamentos, roupas, até mesmo educação. Sim, a mudança já aconteceu”.