Nascida em Araraquara, Eliana Honain, filha de Amalfi Mori e Luiza Pelicola Mori, viveu uma infância feliz no bairro do Carmo com os irmão Luiz, Eloisa e João. Os pais cursaram até o quarto ano primário, mas educaram os filhos para alçarem voos mais altos. “Meu pai tinha uma oficina mecânica, minha mãe era dona de casa. A gente cresceu no espaço grande, brincando muito na rua, sempre com muito cachorro, com muita liberdade”, recorda a secretária municipal de Saúde, enfermeira que há mais de 30 anos trabalha na administração pública da cidade.
Eliana era a caçula da família, crescendo quando os pais estavam em uma situação mais estável financeiramente. “Levamos uma vida simples, mas tranquila. Não frequentávamos clube, mas tivemos uma infância extremamente feliz”, completa.
Adolescente, estudou nas escolas públicas Florestano Libutti, Victor Lacorte e EEBA. Em seguida, foi cursar enfermagem na USP de Ribeirão Preto. “Eu sempre gostei muito da área da saúde. Naquela época, meu pai consertava os carros do Doutor Antonio Alonso Martinez e ele era nosso médico. Esse contato também propiciou um gosto em poder ajudar as outras pessoas, estar nesse meio, poder fazer diagnóstico”, relembra.
Enquanto cursava enfermagem, teve início seu relacionamento com o então estudante de medicina Eduardo Honain, que conhecia desde os tempos do Florestano Libutti. “Ele fazia medicina em Rio Preto e eu fui pra lá fazer residência em enfermagem geral. Sempre gostei de trabalhar em hospital, na urgência e emergência. Foi mais um ano de grande desafio. Aprendemos muito. Eu sempre ressalto minha formação, que foi muito boa naquela época. Lá no Hospital de Base, no sábado e no domingo, era a única enfermeira para todo o hospital”, conta Eliana.
Foi assim que conheceu toda a estrutura de um hospital, bem como suas dificuldades. “Era uma situação de grande aprendizado”, volta no tempo a titular da pasta da Saúde, que formou-se em 1983, com residência em 1984. “São 38 anos de formada, mas nunca parei de estudar”, acrescenta.
Morou em São Paulo, quando Eduardo foi fazer residência, época em que ficou grávida. Retornando para Araraquara, passou em concurso para atuar no Hospital Nestor Goulart Reis, em Américo Brasiliense. Pouco depois, também concursada, transferiu-se para o serviço público da Prefeitura de Araraquara.
Na Unidade Básica de Saúde, pode colocar em prática o que aprendeu desde a sua formação e adquiriu ainda mais experiência. Em 1989, foi convidada a ser coordenadora dos serviços de enfermagem, familiarizando-se mais com a questão da gestão na saúde e passando a comandar toda a rede.
Ao longo de sua trajetória na administração pública, trabalhou com vários secretários da Saúde, como Regina Barbieri e Dr. Anuar Lauar. De um novo salto na carreira, coordenando o setor de avaliação e controle e participando de reuniões da direção do Sistema Único de Saúde, em São Paulo. “Dediquei-me de corpo e alma a aprender a fazer a gestão da saúde, fazer contratação de serviços, ver o financiamento da saúde”, acrescenta.
Eliana conta que quando o prefeito Edinho assumiu em seu primeiro mandato, ele não a conhecia, mas já tinha recebido informações de seus pares sobre a capacidade de fazer a gestão. “Ele me convidou para ser coordenadora administrativa da Secretaria de Saúde quando a Dra. Clara Peckman assumiu a secretaria. Depois de um ano, pela idade, ela se afastou e recebi com surpresa o convite do prefeito para ser secretária de saúde, por ser uma pessoa técnica que conhecia o sistema, a legislação.”
Eliana também foi secretária na segunda gestão de Edinho, mas sai no último ano por problemas pessoais, tinha que se dedicar a cuidar de sua mãe, acometida por Alzheimer. “Mas fiquei ajudando da mesma forma no governo. Voltei para a minha vida na Secretaria, no setor de gestão e controle e, quando o Edinho, eleito novamente, me convidou, eu enfrentei resistência familiar, mas acabei aceitando.”
MISSÃO
Ela, que já havia enfrentado a epidemia de dengue em Araraquara, não imaginava que enfrentaria seu maior desafio, a pandemia de covid-19. “Acredito que isso é uma missão e eu deveria estar à frente disso”, enfatiza a secretária.
Diagnosticada recentemente com a doença, ele garante que não teve medo, embora tivesse sofrido todos os sintomas. “Sempre acreditei que tivesse condições de sair dessa e nesse momento o fator emocional ajuda muito. O que mais me motivou é que eu tinha deque me recuperar rapidamente para voltar a atuar diretamente na população. Eu sei que a população precisa muito de uma liderança e eu sei que eu passo confiança para ela. Então me agarrei a
Deus e, apesar de apresentar todos os sintomas, fui superando cada um deles e hoje estou de volta à luta. É uma luta árdua, um grande desafio, mas mostra, principalmente, a força do Sistema Único de Saúde (SUS)”, avalia.
Para ela, se não fosse o sistema público de saúde, o número de óbitos seria muito maior, por falta de assistência. “Podemos comparar com os Estados Unidos, que é o maior país das Américas e que tem o maior número de óbitos. porque não tem sistema público que garanta assistência. Isso me deixa orgulhosa de ter participado da construção do Sistema Único de Saúde e ver que ele, neste momento, se torna extremamente fortalecido e tem condições de atender toda a população”, finaliza Eliana Honain.
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