Home Cidade

Pomar comunitário é o paraíso em bairro de Araraquara

Terreno abandonado vem sendo cuidado por Vicente há cinco anos e já se transformou em refúgio de pássaros e alimentação a quem precisa.

1715

Há cinco anos, um terreno ao lado do condomínio de prédios no Jardim Paraíso, estava à mercê do mato alto, lixo, entulhos e animais peçonhentos que incomodava os moradores dos “predinhos”.

Vicente colhe frutas e verduras para entregar aos visitantes do pomar

O local anteriormente usado pela prefeitura de Araraquara, como horta comunitária, havia sido abandonado. E diante do quadro que se apresentava Vicente de Paulo Santos, soldador autônomo de 54 anos, e morador do condomínio, resolveu fazer bom uso do espaço, sem pedir ajuda alguma do poder público ou de vizinhos.

Em entrevista ao Portal RCIA, Vicente conta que quando resolveu limpar o terreno, tirou vários caminhões de sujeira “trabalhei muito, às cinco horas da manhã já estava aqui e só saia à noite” – afirmou.

O local é limpo e bem arrumado

Segundo ele, “dizem” que o terreno é do CDHU, então resolvi deixá-lo em ordem, e sozinho começou a fazer uma horta e um pomar comunitário. Vicente diz que as vizinhas visitam o local, trazem comida para as galinhas, mas o trabalho pesado ficou com ele mesmo, “faço porque eu gosto, e para montar tudo isso, já gastei R$ 26 mil, nesses anos”.

As abobrinhas crescem nas parreiras

Na sexta-feira (2), dia em que a reportagem visitou a horta, ainda restava desta última plantação na horta, cheiro verde e rúcula, mas Vicente afirmou que chegou a perder muitos pés de alface, “todos que chegam para buscar, faço uma sacolinha com um pouco de tudo que tenho plantado, e mesmo assim chego a perder banana”. Segundo Vicente, vai tirar em sua safra deste ano umas 50 caixas de banana. Perguntado se não venderia os produtos ele afirma que planta para ele e para quem for buscar, “não vendo nada”.

Mamão e banana, são as frutas mais comuns em seu pomar

“Abobora deu tanto este ano que saiu um caminhão daqui, e troquei um pouco também por esterco que preciso recomeçar o plantio de verduras”- diz Vicente animado com seus novos canteiros.

A plantação no local é diversificada, conferimos que há mandioca, mamão, abobrinha, três tipos de limão, carambola, pitaia, cana, ervas medicinais, banana, uva, pimenta do reino, coco, goiabinha do norte, cravo, canela, fruta do conde, maça, acerola, abacate, jabuticaba, manga, entre outras tantas frutas.

Carambolas maduras chamam a atenção

Vicente diz que sente feliz por transformar um terreno abandonado em um paraíso e agradece todas as tardes quando os pássaros fazem visitas para se alimentar “já tenho dois tucanos que passam sempre por aqui atrás de frutas”, ressalta ele.

Vicente que já tentou a vida como produtor rural em um assentamento próximo a Matão, diz que gosta de trabalhar com a terra, e relembra com tristeza quando foram expulsos da propriedade que ele e a irmã já haviam formado uma roça , por não fazer parte de nenhum movimento agrário. “Tem gente que precisa trabalhar na terra, outros se aproveitam dos coitados”, afirmou ele, referindo-se aos lideres de invasões que se aproveitam da boa fé de quem sonha em ter um pedaço de terra.

Vicente mostra o esgoto lançado diretamente no Ribeirão das Cruzes

Como o pomar-horta, fica próximo ao Ribeirão das Cruzes, Vicente levou a reportagem até o leito do rio e pediu para que o poder público tomasse providências quanto ao esgoto jogado diretamente no rio que, além de poluir e matar os peixes que ele diz pescar, “o mal cheiro as vezes é insuportável” – finalizou nosso pequeno produtor urbano.

Por Suze Timpani