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Araraquarense de coração, professora de 88 anos homenageia, em livro, sua irmã, estrela da rádio novela

Em 'Minha irmã e a Rádio Novela', Bia Cotrim também relata importantes passagens sociais e econômicas do Brasil das décadas de 40 e 50, bem como conta bastidores da era de ouro de rádio

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Bia Cotrim com o livro que, infelizmente, sua irmã não chegou a ver pronto (Foto: Divulgação)

Alda Cotrim, artisticamente rebatizada como Tânia Maria, foi uma atriz brasileira de rádio novela sucesso nos anos 40 e 50, principalmente em Porto Alegre/RS, cuja voz emocionava a todos pelas ondas das emissoras Farroupilha, Difusora e Gaúcha. Amiga de nomes como Mário Lago, Régis Cardoso, Norah Fontes, suas atuações, inclusive, eram elogiadas por Assis Chateaubriand, baluarte da comunicação brasileira.

Alda Cotrim, ou Tânia Maria, estrela da rádio novela brasileira. (Foto: Divulgação)

Dona Alda faleceu aos 99 anos em outubro do ano passado, sem poder acompanhar de perto a imensa homenagem feita por sua irmã, Bia Cotrim, araraquarense de coração, carioca de pia e, atualmente, moradora da capital do Rio de Janeiro.

Em meio ao isolamento promovido pela pandemia do novo coronavírus, Bia, no auto dos seus 88 anos, começou a rabiscar o livro “Minha irmã e a Rádio Novela”, terminando apenas em 2021. O lançamento está a cargo da Biblio Editoral.

Bia morou em Araraquara de 1972 até 1986, lecionando na extinta Fefiara (atual Uniara). Foi casada com Carlos Eduardo Guimarães, Professor Titular De Filosofia Da Educação no campus local da Unesp.

“Tânia Maria não tinha sobrenome. Era, ao fundo, uma personagem solitária e órfã. Foi contratada para brilhar, como mulher, num momento histórico onde as mulheres não tinham lugar. Alda Cotrim aceitou tudo isso, acompanhando-a passo a passo, dia-a-dia, curvando-se ao seu talento e coragem. Sem inveja, tal como seu espelho”, conta Bia Cotrim.

Obra faz um paralelo ao momento político social do Brasil nos anos 40 e 50. (Foto: Divulgação)

CONTEXTO

“Minha irmã e a Rádio Novela” não passeia apenas por fatos marcantes da carreira da atriz Tânia Maria ou mesmo diversas  situações ligadas ao rádio e seus bastidores. Segundo a autora, toda a história é narrada sob uma ótica crítica a assuntos e movimentos atrelados ao momento político e social do Brasil nas décadas de 40 e 50.

Assim, estão relatadas passagens sobre o Cangaço, a Coluna Prestes, o Estado Novo, a 2ª Guerra Mundial, o Holocausto, entre outros. “Insisto em argumentar que não se trata de um livro, mas de um simples caderno-álbum, que fiquei à vontade para escrever”, finaliza  Bia.

(Por Matheus Vieira)