Uma programação “incendiária”, esquentando os sentidos do público e colocando “fogo” nos artistas em cena, chega no penúltimo dia do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara, terça-feira (28), a partir das 19 horas, no canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube.
A primeira atividade da terça é a mostra e a live da residência artística “Extinto(s)?” com Denny Neves (PE) e mediação de Carlos Henrique Fonseca.
A proposta da residência foi compor um coletivo de artistas do corpo atuantes na cidade e que se debruçam sobre a produção das artes da dança, artes visuais e música juntamente com cidadãos “invisíveis” que trabalham em empresas de reciclagem, para juntos desenvolverem objetos-corpos-instalações que ocuparão os espaços contemporâneos, convocando a cidade para um debate sobre a temática “Extinto(s)”.
A história do extermínio dos povos indígenas em São Paulo dos séculos passados foi romanceada e contada pela perspectiva dos “vencedores” – Os Bandeirantes. De romantismo em romantismo consideramos que, atualmente, em virtude da Carta Constituinte de 1988, os povos indígenas são designados como eternos candidatos à “nobres selvagens” que passaram a ser os heróis “ecológicos” da Nação.
“A provocação da residência é a reflexão sobre o extermínio que a história oficial paulista fez questão de sepultar sob a tampa de concreto do silêncio, escrevendo, em seu lugar, relatos fantasiosos romanceados por escritores e folcloristas, como uma ‘simples saga de imigrantes’ ”, comenta Denny, que é pernambucano vivente em Salvador – BA. Dançador e coreógrafo Brincador, Denny é Mestre e Doutorando pelo PPGDANÇA – Programa de pós-graduação em Dança, UFBA – Universidade Federal da Bahia e atua nas práticas de salvaguarda das manifestações provenientes das culturas Indígenas, repertórios populares e afro-brasileiras na Escola de Dança da UFBA.
BRUXA
Depois, às 20h30, será apresentado o espetáculo “Bruxa preta em RE-TOMADA – Travessia cinematográfica de dança”, um espetáculo-experimento digital premiado pelo PROAC – Expresso LAB/2020.
Em cena: bruxas, curandeiras, guerreiras, feministas habitam o corpo negro feminino em uma jornada de transformações. Dançam em denúncia. É o levante de lutas por territórios e existências, na batalha pela re-tomada de suas próprias histórias.
Luzinete Silva convida o público ao agora, em conexão com a terra, cavando a si mesma junto às raízes e rituais da ancestralidade afro-brasileira e indígena. No chão híbrido das telas cibernéticas, a mulher dança, e se faz dança em comunidade, em um plugar de memórias e trajetórias.