No dicionário, desaforo é um comportamento ou uma fala desrespeitosa. Na boca da banda La Burca, é um manifesto sonoro à intolerância, ao racismo, o assédio, entre outros indignantes temas socias e políticos.
Assim nasce a essência nervosa, questionadora e contemplativa do álbum “Desaforo – volume I”, disponível na web a partir desta terça-feira, 20/07. Este é o primeiro registro do grupo com a nova formação, em power trio e com músicas autorais em português e instrumentais.
A liderança da trupe é comandada por Amanda Rocha (composição, guitarra e voz) – nascida em Bauru, porém morada de Araraquara. Ela é acompanhada pelo araraquarense Daniel Guedes (guitarra) e o bauruense Ed Paolow (bateria). Ouça o trabalho, no Bandcamp, clicando aqui.
Flertando com o post punk, punk e folk rock, o material foi gravado em agosto de 2020 no Outside Estúdio pelo também prata da casa Marquinhos Fróco. A mixagem e masterização é de Guilherme Vazzoler. A arte do encarte tem a assinatura de Amanda Rocha, Azucena Rodrigues e Fernanda Robles.
Por conta da pandemia, a La Burca adiou a data de lançamento inicial em seis meses. O trabalho também marca o início da parceria com o Coletivo Lança, em dobradinha com o selo !punklorecords!.
“É um disco especial, feito em um momento bem complicado para quem lida com música, cultura, estamos todos parados, sem tocar há um ano e meio. Então tudo foi feito com toda intensidade e dedicação, driblando todos os problemas pandêmicos e pessoais no meio do caminho. Foi um desaforo bom”, conta Amanda.
Segundo Amanda, o material também carrega um certo sentimento de expurgo. “Precisava por para fora o que tinha guardado aqui há tempos. E 2020 foi um ano muito pesado, de muita mudança pessoal e mundial. É exaustivo essa demanda online. Por exemplo, o Guedes, longe do estúdio, mandava as idéias via WhatsApp. Então, tivemos vários momentos onde a gente se empolgava e outras saturava”, brinca Amanda.
CAMINHO
“Desaforo – volume I” começou a ser trabalhado em 2019, quando houve a mudança na formação da La Burca. As músicas já estavam prontas e sendo testadas antes da pandemia em shows pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A capa do disco carrega uma peculiaridade: ela foi inspirada pela morte de um pássaro causada pelo gato da Amanda. “Acho que é muito a minha cara, post-punk-romantic”, finaliza em tom de brincadeira.
(Por Matheus Vieira)