Nesta semana, o MASP – Museu de Arte de São Paulo realiza a abertura da exposição “Judith Lauand: desvio concreto”, revendo a trajetória da artista que foi a única mulher a participar do grupo Ruptura, que reuniu de modo pioneiro artistas interessados em desenvolver a arte concreta no Brasil. A exposição reúne três obras do acervo da Pinacoteca Mario Ybarra de Almeida, de Araraquara.
Esta é a maior exposição já dedicada à obra de Judith Lauand, que neste ano completou 100 anos de vida e mais de sete décadas de produção. Lauand é uma artista central na arte brasileira, sobretudo no contexto do movimento concretista surgido na segunda metade do século 20.
Nascida no interior de São Paulo, Lauand diplomou-se pela Escola de Belas Artes de Araraquara, um importante polo artístico da região. Em 1952 mudou-se para São Paulo com a família. Três obras óleo sobre tela, da Pinacoteca de Araraquara, compõem a exposição do MASP: “Construção” (1952), Sem título (1953) e “Abstrato” (1969).
“Construção”
O coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca, lembra que o MASP entrou em contato em busca de obras para compor a exposição. “A Pinacoteca Municipal Mário Ybarra de Almeida possui em seu acervo 26 xilogravuras da artista e quatro telas em óleo. Destas quatro telas, três telas expressam a escola do concretismo. Assim, a curadoria da exposição ‘Desvio Concreto’ solicitou o empréstimo para esta exposição que inaugura dia 25 de novembro e segue até o primeiro semestre de 2023. Ficamos muito honrados em poder colaborar com esta exposição e acompanhar o processo de produção de uma instituição tão significativa como o MASP.”
“Abstrato”
Vale destacar que que a “Exposição Concreta – Judith Lauand 100 anos” está em cartaz na Biblioteca Municipal Mário de Andrade até dia 02 de dezembro.
Desvio Concreto – A obra de Lauand muitas vezes foi negligenciada pela crítica de arte e deixada em segundo plano. Uma retrospectiva de sua trajetória pretende ainda fomentar novas pesquisas e debates em torno de sua produção.
“Judith Lauand: desvio concreto” busca colocar em perspectiva a decisiva transição operada por ela em dado momento de sua longa trajetória: a passagem para a geometria abstrata, em meados dos anos 1950, a partir de uma produção inicialmente calcada no figurativismo. Tanto a narrativa da exposição — que com 128 obras e dezenas de documentos do arquivo pessoal da artista atravessa seis décadas — quanto os ensaios de seu respectivo catálogo apontam para o fato de haver, desde cedo em seu percurso, uma propensão à geometria e ao abstracionismo.
“Sem título”
Apesar do rigor formal que empregou em suas composições, o ritmo e o movimento nunca desapareceram de seus trabalhos, que contrapõem os elementos por meio de um equilíbrio dinâmico, gerando tensões e rupturas, outra marca de sua singularidade artística que será explorada por esta exposição.
Além disso, a mostra irá abordar novas perspectivas em sua obra, reforçando a presença de questões políticas como a repressão da ditadura militar no Brasil, a guerra do Vietnã e a condição da mulher na sociedade brasileira, quando a artista atravessa temas como violência, sexualidade, submissão e liberdade feminina.
Judith Lauand: Desvio concreto é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; e Fernando Oliva, curador, MASP; com assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP.