Há cinco anos, pontualmente em um sábado, 22 de outubro, a Sessão Zoom, com a exibição do longa francês “O Fabuloso Destino de Amélie Poulan” no finado Cine Lupo, colocava fim a mais uma de suas saudosas temporadas, cujo objetivo sempre foi a difusão do Cinema de Arte para o grande público.
“Falamos sobre resistência e militância. Foi uma luta contra o formato, a falta de incentivo, a chuva e as adversidades gigantes. Mas vimos o prazer nos olhos dos produtores e espectadores, que veem na luz do cinema uma realidade mais que perfeita, mostrada de forma crítica e artística. Chegamos a última sessão, mas outras virão e em outros formatos”, comenta o professor e cinéfilo Breno Rodrigues de Paula, à época curador do projeto.
Iniciativa de universitários amantes do mundo das artes, a Sessão Zoom foi criada em 1978, sempre com exibições de produções fora do circuito comercial. Os ingressos ou eram gratuitos ou eram vendidos a preços mega populares. Esse cinema alternativo caminhou por toda a cidade: Cine Capri (Espaço ParaTodos), Cine Veneza, Casa da Cultura (na sala Jean-Paul Sartre), Shopping Lupo e Biblioteca Municipal, sempre com o campus da Unesp como base. Depois, se descentralizou, e foi para outros espaços, mais periféricos e abertos.
“Exibir filmes é uma relação entre espaços adequados e formatos. Predominantemente, a Sessão Zoom desfilou filmes nos chamados “cinemas de rua” que se confundiam com o formato, sendo exibidos em película de 35mm contendo o movimento de um segundo sob a luz a cada vinte e quatro fotogramas. No entanto, os locais fecharam em 1999, viraram loja comercial de mercadorias e de fé. No templo do consumo, se converteram em formato digital, alguns se enlataram”, finaliza Breno Rodrigues.
SAUDADES
Frequentador da Sessão Zoom desde os anos 80, Valdir Ramos guarda, com carinho, folhetos e cartazes da época. “Em 1988, inclusive, organizei uma exposição de vídeo-filmes para comemorar os 10 anos dessa iniciativa”, comenta.
Adriana Murad torce para a retomada do projeto. “Penso que hoje eu seria uma pessoa muito diferente se não tivesse tido a oportunidade de acesso, por vários anos, a grandes obras na tela gigante do nosso Cine Capri”, comenta.
(Por Matheus Vieira)
