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Chocante: a morte da moradora de rua da qual o socorrista do SAMU de Araraquara participou

Até então socorrista do SAMU, Morílio Rodrigues da Silva, hoje 52 anos, contou em depoimento sua participação num crime chocante: uma rua de terra na Vila Galvão, em Guarulhos, local onde Rosângela de Souza, de 30 anos, morreu com dois tiros.; ela tinha três filhos, mas, por causa das drogas, foi morar na rua. No dia que foi morta, estava em uma esquina, tentando arrumar dinheiro para comprar crack.

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Morílio e seu depoimento narrando o que aconteceu na madrugada da Vila Galvão

Cinco dias atrás (07), a Prefeitura Municipal confirmou a prisão de um funcionário socorrista do SAMU pela Polícia Federal e, apoio da Polícia Civil. Não houve ainda a divulgação do nome do envolvido, porém se tornou público o crime cometido: ele teria praticado um homicídio em Guarulhos, região da Grande São Paulo, em 2012. A Prefeitura de Araraquara, onde Morílio Rodrigues da Silva, que no dia 17 de janeiro completou – 53 anos – vinha trabalhando como Motorista Socorrista do SAMU, optou a comentar em nota que prefere aguardar a manifestação das autoridades, visando tomar medidas legais.

Na mesma nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que ele foi identificado pela Justiça como acusado de autoria de um homicídio praticado em 2012 na cidade de Guarulhos. Em serviço, a prisão foi feita pela Polícia Federal por meio de mandado de prisão judicial.

Se antecipando as informações que poderiam ser distorcidas, a prefeitura relatou que Morílio foi contratado pela Prefeitura de Araraquara, na Secretaria Municipal de Saúde, em 2022, via concurso público para o qual apresentou toda documentação necessária para efetivação, incluindo o documento de antecedentes criminais. Pela documentação apresentada não havia nenhum registro que o pudesse impedir de ser contratado.

Dados extraídos do site da Prefeitura de Araraquara

Estranho contudo, que passados 10 anos, pois o servidor assumiu o posto no ano passado – nada constava da sua ficha de antecedentes criminais. Ele prestou concurso em 2019 e somente foi chamado três anos mais tarde, assumindo as funções após classificação final com 107,5 pontos, em 10° lugar. O primeiro classificado obteve 131,0 pontos, assegura o relatório. Como houve a contratação dos 10 primeiros, Morilio teve que aguardar três anos.

Resultado da avaliação psicológica entregue pela Consulpam à `Prefeitura em agosto de 2020. Morilio é o último (207.004.090)

Com relação ao cargo na Prefeitura, por se tratar de acusação de crime cometido fora do âmbito da administração pública, o município aguarda a manifestação das autoridades incumbidas de investigar o fato para tomar as medidas legais cabíveis.

No exame de avaliação psicológica, segundo o Instituto Consulpam que organizou o concurso público, Morílio foi o último colocado em uma lista de 16 nomes. Desta mesma lista um dos aprovados foi considerado inapto para desempenhar as funções, ainda que na pontuação tenha sido melhor que Morílio, pois se classificou em 8° lugar. No dia 04 de agosto de 2020, o prefeito Edinho Silva assinou a homologação da classificação final do Concurso Público nº. 003/2019 de 08 de agosto de 2.019, mas Morílio não foi chamado naquele instante.

A HISTÓRIA DO CRIME DO QUAL MORÍLIO PARTICIPOU

Dia 09 de maio de 2012. O G1 contou na época, que dois guardas-civis de Guarulhos, na Grande São Paulo, estão presos e vão responder pelo assassinato de uma moradora de rua. Para o Ministério Público, os guardas mataram por prazer.

Um outro suspeito está foragido. O crime aconteceu em 9 de maio.

Uma rua de terra na Vila Galvão foi o local onde Rosângela de Souza, de 30 anos, morreu com dois tiros. A parede de uma fábrica ajudaria a esconder o que aconteceu, mas as imagens de uma câmera viraram provas. Rosângela tinha três filhos, mas, por causa das drogas, foi morar na rua. No dia que foi morta, ela estava em uma esquina, tentando arrumar dinheiro para comprar crack.

A rua de terra e o muro da fábrica, onde aconteceu o assassinato da moradora de rua em Guarulhos

Dois carros pararam diante dela. Um deles era o da Guarda Municipal de Guarulhos. Uma testemunha viu quando ela foi pega. “Os polícia vieram, pararam ela, começou a bater nela ali na frente, colocaram ela dentro da viatura e levaram para lá. Nós

estávamos gritando, aí ele correu para o outro lado da rua e começou a dar tiro”, descreveu.

As imagens mostram quando o carro da guarda passa diante da câmera. Um carro preto vai logo atrás. Três minutos depois, os dois veículos voltam de marcha ré. Rosângela já estava morta. Mais dois minutos e o carro da guarda municipal volta ao local do crime. Os guardas tinham esquecido de tirar as algemas da vítima.

Essa explicação foi dada por um dos guardas, que confessou ter participado do crime e está preso. Ele disse que estava na ronda quando, um dos guardas, ao avistar a vítima, falou: “vamos abordar”. Nesse momento, segundo esse suspeito, encostou atrás do veículo um carro preto, de onde desceu outro guarda, vibrando e dizendo: “é minha, é minha, deixa que eu faço”.

Ele contou ainda que, no local do crime, foi virar o carro quando ouviu um estampido. E viu os dois guardas empunhando armas. O preso relatou ainda que, depois que foram embora, ele e outro guarda pegaram pão em uma padaria para fazer um lanche. Esse outro suspeito também está preso.

Câmera instalada no muro da fábrica captou imagem da viatura dirigida por Morílio na madrugada do crime

Em 13 de maio, o outro guarda, que está foragido, fez um boletim de ocorrência dizendo que arma que ele usava no dia do crime tinha sido roubada. O Ministério Público decidiu denunciar os três guardas municipais por homicídio qualificado. “Tudo está indicando que foi um crime praticado por prazer. Não tinha um motivo, eles não tinham nada contra ela”, disse o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira.

A polícia suspeita que um quarto homem tenha participado do assassinato. Ele ainda não foi identificado. Em nota, a Prefeitura de Guarulhos disse que, desde que foi informada pela Polícia Civil, a Corregedoria da Guarda Municipal afastou imediatamente os envolvidos e abriu sindicância para apurar as responsabilidades.

Morílio, empregado no SAMU em Araraquara, após prestar concurso público, foi preso na unidade de saúde por agentes da Polícia Federal.