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A tragédia dos Yanomami não é de hoje, mas foi agravada no Governo Bolsonaro

O sociólogo e jornalista José Maria Viana escreve sua coluna Bastidores nos fins de semana. Nesta edição, Viana critica o censo realizado a mando de Bolsonaro seguindo o que disse o ex-presidente do IBGE - “o Censo se configura uma tragédia absoluta que se abateu sobre a pesquisa”.

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DESMILITARIZAÇÃO DO GOVERNO
O presidente Luís Ignácio Lula da Silva está conseguindo com certa maestria promover a desmilitarização do Governo! Acertou em intervir na Segurança do DF em vez de pedir ajuda ao Exército nos episódios golpistas de 08 de janeiro, pois poderia ter se tornado um precedente para as Forças Armadas intervirem alegando que o chefe do Governo não reunia as condições para manter a Lei e a Ordem, aí seria o caos e tudo se perderia…

BOLA DENTRO
Lula acertou de novo com muita coragem ao demitir o Comandante do Exército Júlio César de Arruda. O general – nomeado ainda no Governo Bolsonaro, acertado pelo fraco ministro da Defesa José Múcio que tinha parentes no acampamento (e deveria ter pedido para sair) – se recusou a dar sustentação à democracia e ao Governo, protegendo descaradamente baderneiros golpistas e os militares “puxa-saco” e golpistas do Governo anterior.

PROTEGENDO E AMEÇANDO
Júlio César de Arruda – além de proteger o comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, ten-cel Paulo Jorge Fernandes da Hora, suspeito de impedir a prisão de vândalos no palácio invadido e o office boy de Bolsonaro, ten-cel Mauro Cid, investigado por “Fake News” contra as urnas eletrônicas e transações suspeitas com cartão corporativo da Presidência – protegeu também com tanques e soldados a desocupação do acampamento de radicais bolsonaristas em frente ao QG de Brasília. Numa reunião ameaçou o comandante das forças de segurança da Polícia de DF dizendo: Veja, “a minha tropa é maior que a sua”.

DE OLHO NELE!
Corajoso, Lula o demitiu acertadamente e nomeou para seu lugar o mediato mais antigo na linha da caserna, general Tomás Paiva. Há suspeita de que Paiva só fez o discurso em favor da democracia e do resultado das urnas porque desejava ser o novo comandante do Exército, uma vez que seu parceiro se “queimava” com o Governo. Instado, disse: “foi pura coincidência”. Não esqueçam que em seu discurso disse que nem sempre o resultado das urnas contemplava o que eles preferiam ou votaram, mas “Há que se respeitar, acatar, como bom militar”. De olho nele!

POLITIZAÇÃO DAS ARMAS
O presidente Lula quer os militares fora da política e de setores estratégicos do Governo Civil. Jair Bolsonaro militarizou o governo a fim de alimentar seus instintos golpistas. A leitura do Governo Lula é que quando a política entra nos quartéis pela porta da frente, a disciplina militar sai pela porta de trás. E se hoje se fala em politização das armas, o assunto é mais antigo do que parece. As Forças se politizaram a partir do Golpe Militar de 1964 e não largaram mais o assunto! E se me perguntarem porque insisto no tema, respondo que é o assunto do momento. Tem que ser debatido e lembrado para que não tenhamos mais retrocessos agora e no futuro!

GENOCÍDIO YANOMAMI
É de chorar até às últimas lágrimas o que está ocorrendo com o povo indígena Yanomani, classificada pelo médico tropicalista André Siqueira “como a pior situação humanitária que já vi”. Há muitas crises humanitárias no Brasil, a fome, os moradores de rua de São Paulo e do país, mas a dos Yanomami é de estarrecer! O país mata seus índios desde a invasão de Pedro Álvares Cabral! O Brasil possuía oito milhões de índios e a Amazônia outros 12 milhões, portanto 20 milhões de almas! Portugueses e brasileiros já mataram 19 milhões até agora.

TRAGÉDIA AGRAVADA
A tragédia dos Yanomami não é de hoje, mas foi agravada no Governo Bolsonaro que apoiou garimpo ilegal e negligenciou no atendimento alimentar e de saúde com o único fim de exterminar aquele povo, empecilho para garimpeiros. O CIMI apontou crescimento de 180% dos garimpos ilegais no Governo Bolsonaro. Com isso, a caça foi afastada e os rios contaminados por mercúrio, além da infestação por doenças de não índios. Resultado, a desnutrição, a fome e a pneumonia dizimaram 570 crianças. Parecem imagens de crianças morrendo de fome na África!

“FARSA DA ESQUERDA”
Jair Bolsonaro, a “Besta do Apocalipse”, soltou mais uma: “A crise com os Yanomami é uma farsa da esquerda”. Se a gente pudesse esquecíamos esse Anjo do Mal, mas não podemos! Ele continua a pecar pela boca, depois de ter barrado todas as políticas para os índios e passar por cima da recomendação de bloquear a entrada de garimpeiros na região. E, além de alimentar e curar os índios, Lula precisa mandar o Exército fazer alguma coisa: retirar os garimpeiros, recuperar as áreas do mercúrio e reflorestá-la. O Brasil e mundo vão te ajudar Lula, com certeza!

GUERRA DA SABESP
Vai começar uma guerra político-ideológica de bastidores entre os deputados estaduais do PT de São Paulo contra o governo de Tarcísio Freitas. Os petistas pretendem construir uma frente parlamentar contra a venda da Sabesp, prometida por Tarcísio. Já na campanha o PT mostrava que a privatização da CEDAE do Rio de Janeiro pelos bolsonaristas, dobrou o valor da tarifa de água e esgoto para os fluminenses e que o mesmo ocorreria em São Paulo com choro e vela!

CENSO NA BERLINDA
O Censo de 2022 que entrou em 2023 sem conclusão, está em debate desde as suas primeiras prévias! Segundo IBGE, 863 municípios brasileiros dos cerca de 5.568 do país, tiveram suas populações diminuídas significativamente. Como consequência essas cidades vão perder polpudas receitas dos cerca de R$ 188 bilhões do Fundo de Participação dos Municípios. Para não perderem despesas já orçadas, centenas de prefeitos entraram no STF contra o novo cálculo do IBGE. O ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar restabelecendo a partilha anterior.

“TRAGÉDIA ABSOLUTA”
O ex-presidente do IBGE, engenheiro Roberto Olinto, criticou duramente a publicação dos dados preliminares do Censo Demográfico (2022). Segundo disse, “se configura uma tragédia absoluta que se abateu sobre a pesquisa”. Olinto defende uma “auditoria sobre os dados para verificar se são válidos, se é preciso realizar um trabalho adicional ou, em caso extremo, se é o caso de elaborar um novo Censo. Os dados não são confiáveis”, garante, lamentando que “o país pode ter desperdiçado R$ 2,3 bilhões em vão”. IBGE rebate e diz que “Censo é transparente”.

ARARAQUARA 250 MIL HAB
Segundo a prévia do Censo para 2022, Araraquara atinge uma população de 250.304 habitantes e se aproxima de São Carlos que contabiliza 256.898 viventes. O cálculo populacional do IBGE obedece a protocolo do TCU para calcular o FPM de cada município. Vejam que Araraquara ganhou em 12 anos 42 mil habitantes. No Censo de 2010, possuía 208.662 almas e em 2021, atingiu a estimativa de 240.542 pessoas. Capital regional C, pelo IBGE, é sede de Região Geográfica Intermediária de 26 municípios e Geográfica Imediata de 17 cidades.