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Canasol completa nesta quarta-feira (07) 71 anos em defesa da classe canavieira

De Associação dos Fornecedores de Cana para Canasol, um longo período pontuou o trabalho dos plantadores e fornecedores de Cana, tornando a entidade como marca de uma das mais importantes atividades da economia brasileira. A Canasol faz parte da história e cultura da nossa gente.

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Luís Henrique Scabello de Oliveira, presidente da Canasol

Bons motivos tem a Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara, a Canasol, para festejar mais um aniversário de sua fundação neste dia 07 de junho, o principal deles de representar com dignidade e respeito a classe canavieira na região central do Estado de São Paulo.

A revitalização dada pela atual diretoria ao prédio que abriga a Canasol em 2023, por si só, mostra a preocupação dos seus gestores na preservação do patrimônio que a entidade construiu durante seus 71 anos de vida. Sua história, contudo se assemelha ao processo de desenvolvimento de Araraquara e a dedicação de ex-diretores, que não se intimidaram com as transformações da economia brasileira ao longo deste tempo.

O atual presidente Luís Henrique Scabello de Oliveira, ousado em suas iniciativas, enaltece o trabalho realizado por antigos diretores e destaca que cada um foi importante na época vivenciada pela instituição: “Reconheço os méritos de todos, pois graças ao esforço coletivo é que hoje, temos o orgulho em dar continuidade aos projetos que dão a Canasol alto índice de credibilidade. Paralelamente, buscamos oferecer ao setor regional a representatividade que merece e nosso trabalho é que possibilita a sustentação de uma marca (Canasol) projetada em todo o país”.

A importância da Cana para a nossa região

De fato, desde que a atual diretoria assumiu o comando da associação, o objetivo era adequar sua administração aos novos tempos tendo a tecnologia como base de sustentação a projetos arrojados e desafiadores, comenta o dirigente: “Se de um lado tínhamos o apoio da diretoria, por outro, o quadro de fornecedores sempre garantia a energia que precisávamos para vencer os desafios”.

O reconhecimento veio de imediato, pois Luis Henrique passou a fazer parte de entidades representativas do agronegócio brasileiro como a FEPLANA (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil) e Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil; consequentemente a Canasol passou a ter voz ativa na discussão das políticas públicas. “Este é um período de crescimento da associação e por extensão da classe produtora”, comenta o dirigente que efusivamente comemora mais um ano de fundação da entidade.

A HISTÓRIA

Início dos anos 50. A cana de açúcar reinicia sua saga nos Campos do Aracoara, no terceiro Ciclo Intermediário e de Adaptação da economia de Araraquara (1931-1955), período em que a planta começa a substituir nas terras de cultura, a lavoura do café. Esta etapa é conhecida por Economia Agrícola Canavieira e Cítrica e Agroindústrias Sucro-Alcooleiras e Cítricas, que vai de 1955 a 1993, quando a economia da cidade firma-se com base nas agroindústrias da cana e da laranja.

Prestígio de Hélio Morganti trazendo para uma visita a Usina Tamoio na época os presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Foi na Tamoio que se deu a fundação da Canasol.

Assim, imensos canaviais são plantados no lugar do café nas melhores terras. A laranja ocupou áreas desprezadas pela cana e melhoradas a partir dos anos 60, surgindo a Suconasa, a Cociza e a Sucocitrico Cutrale, em 1967.

Já no final da década de 60, Araraquara colocava-se como uma das maiores produtoras de álcool-combustível de São Paulo. A cidade com isso se urbaniza e um forte imigração acontece regional começa a acontecer. Paralelamente a essa revolução rural e urbana, ocorre a industrialização convencional, com a instalação de inúmeras empresas, inclusive multinacionais, diversificando a produção na cidade.

A revitalização do plantio e produção da cana como poder econômico para o País, no entanto, só começa a ocorrer de fato com grande intensidade no início dos anos 50, com a necessidade da criação de uma associação destinada a agregar e defender os plantadores e os fornecedores das usinas.

A frente deste movimento também está um dos usineiros mais conceituados de São Paulo, Comendador Hélio Morganti, filho de Pedro Morganti, que falecera pouco tempo antes; Hélio cede inclusive as dependências da Tamoio para reunião preparatória de fundação da Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara, em 24 de maio de 1952, sábado. Pouco mais das 16h, neste dia de Nossa Senhora Auxiliadora, estão reunidos no salão do Tamoio Futebol Clube cerca de 40 plantadores de cana da região de Araraquara.

A Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara assina a compra do terreno da Dianda Lopes, na Vila Xavier, para a construção da sua primeira sede própria; Caramuru Nascimento (Cartório), José Maria Teixeira Ferraz (presidente da Canasol), Carlos Armando Fortes Vaz, Dr. José Del Grande (diretor da Dianda Lopes), Felício Tortorella, Luiz Baptista Ferreira de Almeida, Dr. Francisco Lofredo Júnior (Juiz de Direito), Jonas Ribeiro e Waldo Barbieri. A transação ocorreu no final de 1959.

Hélio Morganti, dono da Tamoio, sugere o nome do engenheiro agrônomo Joaquim Barreto Costa, para presidir a assembleia, pois também tinha sido dele, no final de 1950, a proposta de criação da entidade.  Como secretário foi convidado o lavrador e farmacêutico Herculano de Oliveira. “Após os agradecimentos pela presença de todos, Joaquim Barreto Costa, apresentou e submeteu à discussão os estatutos neste ato lido em voz alta por mim, elaborados mediante prévia reunião e estudo dos presentes, e que deverão reger a vida da Associação, ora em organização”, explica a ata preparada por Herculano.

Fundado em 1949, o jornal Umuarama circulava em tôdas as colônias da Usina Tamoio. Eram cerca de 5 mil exemplares distribuídos nas diversas secções mostrando não apenas o trabalho realizado pela empresa, mas servia principalmente para destacar a atividade e o desempenho dos seus trabalhadores. Era chamado de o órgão dos empregados, operários e associações da Usina Tamoio.

Naquele junho de 1952, o jornal também anunciava a fundação da Associação dos Fornecedores de Cana, afinal a reunião preparatória para constituição da entidade tinha acontecido – a convite de Hélio Morganti, na sede do Tamoio Futebol Clube.

Três meses depois da reunião preparatória na Usina Tamoio, os fornecedores de cana estão reunidos no Clube Araraquarense para a assembleia de fundação. A publicação do edital no jornal O Imparcial alertara os produtores para a reunião do dia 7 de junho, sábado, às 14h30, em primeira convocação.

Apontado como presidente da diretoria provisória Joaquim Barreto Costa, então com 60 anos de idade, convidou Renato Corrêia Rocha para secretaria e da mesa também fizeram parte Achilles Vezzoni e Herculano de Oliveira.

Rocha fez a leitura dos estatutos, ocorrendo a aprovação por unanimidade. Ele chamou a atenção de todos para o artigo 1°, explicando que a Associação dos Fornecedores de Cana Araraquara reger-se-á por estes estatutos, e se constituirá em órgão de defesa da classe dos fornecedores e lavradores deste município”.

LUÍS HENRIQUE E A PAIXÃO PELA CANASOL

Luís Henrique na entrevista ao RCIA

Luis Henrique Scabello de Oliveira, atual presidente da Canasol, esta semana foi convidado a contar ao RCIA ARARAQUARA sua experiência como gestor da associação, onde ele se sente envolvido com seus conhecimentos e experiência há 38 anos.

“Comecei a trabalhar como Engenheiro Agrônomo na Associação da Cana (era desse jeito que todos chamavam a Canasol naquele tempo) no comecinho de 1985. O nome Canasol, só fui saber que existia quando o Benatti mandou pintar na porta de vidro da entrada um sol enorme, circundado de colmos de cana, onde estava escrito CANASOL.

Tinha também a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Centro do Estado de São Paulo – Coplacentro. Lá se vendia de tudo: ferramentas, sementes, veneno pra cupim, pra formiga, mata-mato, ninguém falava agrotóxico, e principalmente adubo. A Cooperativa tinha até uma misturadora de adubo, os componentes vinham de trem, porque havia um ramal ferroviário para abastecer os depósitos.

A Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana do Centro do Estado de São Paulo – Credicentro, fundada em 1982, estava começando e usava uma das salas da Canasol.

Trabalhei por dois períodos na entidade. De fevereiro de 1985 a junho de 1986. Retornei em julho de 1987 e fiquei até junho de 2005. Ou seja, quase 20 anos! Depois disso, fui gerente de uma usina e hoje sou produtor de cana.

Em 2015, dez anos depois, retornei juntamente com um grupo de associados que desejavam renovação e mais dinamismo à entidade.

Nesses 8 anos de administração, a Canasol tornou-se uma associação de classe nacionalmente conhecida e reconhecida não só pelo empenho na defesa dos produtores de cana, mas pela qualidade nos serviços oferecidos, pela solidez financeira e patrimonial, e pela seriedade com que seus colaboradores e gestores encaram suas atividades, afirma Luis Henrique.

Durante essa jornada, conheci pessoas maravilhosas. Aprendi muito com elas e as guardo com grande carinho em minhas memórias.

Nesses 71 anos da Canasol, temos que homenagear todos aqueles que fizeram parte dessa longa e bonita história de luta em prol do produtor de cana. Desde o idealismo de seus fundadores, passando pelas diversas administrações, até os dias atuais. Meu muito obrigado aos diretores e funcionários pelo empenho e dedicação.

E, por fim, em nome da equipe da Canasol, nosso agradecimento a todos os nossos associados pela confiança em nosso trabalho.”