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Começou como Jumbo Eletro em 73, depois Extra; o futuro ao Assaí pertence.

Para a construção do Jumbo Eletro foi preciso a derrubada de um convento dos Padres Redentoristas da Igreja de Santa Cruz. Era quase 1969; só em 1973 foi inaugurado o hipermercado com suas lojas de departamentos o que durou por cerca de 20 anos, quando surgiu a marca Extra. Daqui 9 meses deve nascer o atacarejo Assaí, hoje entre os 10 maiores grupos do setor no país.

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1973, a chegada do Jumbo Eletro que comprara área ocupada pelo convento dos padres Redentoristas da Santa Cruz

Considerado um dos maiores hipermercados do interior o Extra de Araraquara ficou na saudade a partir desta sexta-feira, 17h; bem no  centro antigo onde está mais de 38% do comércio atuante de Araraquara a loja que foi referência por mais de três décadas deixa de existir por conta das transformações mercadológicas e a concorrência feita pelo aparecimento de atacadistas e pequenos empórios na periferia.

Ainda não se sabe ao certo o que ocupará o prédio que em toda sua extensão chega a 10 mil metros quadrados, abrangendo parte da Avenida José Bonifácio e Rua São Bento com entrada e saída pela Avenida Feijó, espaço utilizado para descarga de mercadorias. Além disso há o estacionamento no subsolo com capacidade para mais de 200 veículos, nos últimos anos administrado pela UDEFA – União dos Deficientes Físicos de Araraquara.

O que prevalece neste momento é o compromisso assumido entre o Grupo Pão de Açúcar – proprietário da marca Extra e o atacarejo Assaí, nome que pode parecer complicado à primeira vista, mas significa apenas “atacado de autosserviço” ou, também, “atacarejo”. Assim, é um local em que o comprador pode adquirir produtos tanto para a sua casa quanto para o seu negócio, escolhendo se deseja comprar em grandes ou em pequenas quantidades.

Extra e os seus últimos momentos na história comercial da cidade

Segundo o acordo firmado – 71 lojas do Extra deverão ser transferidas ao Assaí Atacadista, caso de Araraquara, onde o Extra vinha enfrentando dificuldades para concorrer com Tonin, Atacadão e outras redes que que se constroem com  a quantidade de produtos vendidos. Há o peso da concorrência com os supermercados como Savegnago, Jaú Serv, 14 Supermercados, Sempre Vale, Vencedor que apresentam uma visão voltada para periferia.

Na primeira quinzena de dezembro o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e o Assaí Atacadista oficializaram  a transação estimada em R$ 5,2 bilhões, a qual se refere à cessão de 71 pontos do hipermercados Extra para a operação do Assaí. De acordo com o Grupo Pão de Açúcar a venda das unidades tem como objetivo expandir as lojas que hoje trazem mais rentabilidade e performance para o Grupo, e garantir, ainda, a liderança no e-commerce alimentar. Para o Assaí, o negócio significa novo fôlego em busca da “liderança absoluta” no setor de Cash & Carry no país, sendo ele representado pelo modelo atacarejo de negócios.

Além dos 71 pontos que serão convertidos em Assaí, outros 32 Extra ficarão sob o comando do Grupo Pão de Açúcar. No entanto, vale ressaltar, o GPA já anunciou que 4 unidades serão desinvestidas e 28 lojas serão incorporadas nas bandeiras de maior rentabilidade, como é o caso do Pão de Açúcar e o Mercado Extra, o que significará a descontinuação do hipermercado Extra no país.

Protagonistas do fechamento da loja em Araraquara

Os hipermercados são caracterizados pela venda de produtos usualmente comercializados por lojas de departamentos, como é o caso de roupas e acessórios, enquanto os supermercados oferecem uma gama de produtos que vão da alimentação à higiene e limpeza.

O INVESTIMENTO

Do valor total que deve ser investido na operação após os trâmites legais e que estão previstos para serem concluídos entre final de 2021 e início de 2022, R$ 4 bilhões se referem diretamente à cessão das lojas. A outra fatia da negociação, de R$ 1,2 bilhão, está ligada à alienação de imóveis.

Fim de um ciclo na vida comercial da cidade

“Adicionalmente, no contexto da Transação, e sujeito à sua conclusão, o GPA celebrou outro memorando de entendimentos com um fundo imobiliário (”Fundo”), com a interveniência e garantia do Assaí, regulando a alienação de 17 (dezessete) imóveis próprios do GPA. O preço estimado de venda desses imóveis é de R$1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de reais), e será pago pelo Fundo ao GPA, perfazendo o Preço Total da Transação. A garantia do Assaí consiste na obrigação de pagamento pelos imóveis caso o Fundo não cumpra o prazo acordado”, conforme Fato Relevante publicado.

Apesar de não ter divulgado os valores em cada etapa, o documento versa ainda sobre as formas de pagamento da transação, sendo o inicial com data prevista para dezembro de 2021 e outras 5 parcelas corrigidas que serão pagas entre 2022 e 2024.

HISTÓRIA E SONHOS

Convento dos Padres Redentoristas nos anos 30 ao lado da igreja, onde seria o Jumbo Eletro

Na tarde do dia 21 de setembro de 1920, chegava a Araraquara, o Pe. Luís Weiss, conhecido como Pe. Luizinho, missionário redentorista, a fim de iniciar uma nova fundação. Ele assumiria a Igreja (Capela) Santa Cruz, que ainda estava inacabada, e assim permaneceria por muito tempo. Mas, apesar de inacabada, foi inaugurada poucos dias depois, em outubro daquele mesmo ano.

Araraquara tinha nesta época cerca de 10 mil habitantes, concentrados no que hoje é o centro da cidade, mas este pequeno núcleo urbano era favorecido pela ferrovia, a EFA – Estrada de Ferro Araraquarense, e pelo fato de estar localizada bem no centro geográfico de nosso estado.

O convento foi derrubado no final dos anos 60 para a construção do Jumbo; área do convento virou o estacionamento

A primeira residência dos Redentoristas era uma casa alugada localizada na Rua Padre Duarte, 77, a uns 200 metros da Capela de Santa Cruz. As primeiras refeições eram feitas na Casa paroquial até a chegada do Irmão Estanislau que passou a cuidar da cozinha.

Foi nos anos 30 que uma área de cerca de 10 mil metros quadrados passou a ser ocupada na Avenida José Bonifácio, esquina com a Rua São Bento, pela igreja católica, interessada na formação de padres. Era então o primeiro convento, localizado no lado esquerdo da igreja de Santa Cruz, onde permaneceu até 1965 quando a área foi negociada com a Eletrorádiobraz.

Com o nome de Jumbo Eletro, inaugurado em 06 de dezembro de 1973, houve a concentração de inúmeras lojas de departamentos submetidas a uma mesma administração; contudo, cada uma delas tinha o seu gerente subordinado à gerência geral. O estacionamento descoberto era fronteiriço, ocupando praticamente o mesmo espaço outrora do convento dos padres redentoristas.

Mais de 20 anos depois, 1999, chegou o Extra Hiper, dispondo de 7.500 m² de área de vendas e 25 caixas, oferecendo cerca de 60 mil itens.