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‘Estamos fazendo o dever de casa’, diz dona da Lupo sobre competição e cenário macro

Marca centenária e orgulho do parque industrial no Estado está abrindo ‘hub’ de startups em Araraquara

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Liliana Aufiero, presidente da Lupo

Empresas centenárias não estão imunes ao incômodo do varejo local com a suposta concorrência desleal de marketplaces estrangeiros.

— Claro que incomoda. Você tem uma empresa que paga os impostos devidos, os salários e dá todas as condições de trabalho. Aí vem uma de fora que não faz nada no Brasil, cujas regras e ambiente você não sabe quais são. Ao mesmo tempo, é difícil saber o que o governo vai fazer quanto a isso — diz Liliana Aufiero, presidente da Lupo, marca de meias e moda íntima fundada por seu avô há 102 anos. — Incomoda, mas a gente também não está ficando parado. Estamos fazendo o dever de casa.

Parte do “não ficar parado” teve a ver com aquisições. No começo do ano, a Lupo comprou uma malharia em Maracanaú (CE). Um ano antes, já havia adquirido uma planta na vizinha Pacatuba que era da Marisol. Até então, a Lupo só tinha fábrica na Araraquara (SP) Natal e em Itabuna (BA). A ideia é “verticalizar” a produção e, potencialmente, entrar em novas categorias, na esteira da entrada da Lupo em moda esportiva nos últimos anos.

— Operacionalizar duas plantas a 3 mil quilômetros não é fácil, e o resultado ainda está aquém do esperado. Por isso, estamos em um momento de transição e fazendo tudo isso em um cenário não tão favorável. Mas, a todo momento, vemos oportunidades que podem levar a novos segmentos.

A integração deve ser dolorosa porque Liliana é direta quanto perguntada sobre planos de novas aquisições.

— Não, não, não, pelo amor de Deus! — diz, rindo e abanando as mãos.

LUPOLAB

O cenário “não tão favorável” já apareceu nos números. No primeiro semestre, a Lupo registrou R$ 680,1 milhões em receitas líquidas. Foi uma queda de 4,3% ante o mesmo período de 2022, resultado do que a Lupo chama de “política econômica restritiva para o consumidor final” e inverno menos rigoroso.

— O mercado não é dos melhores que a gente já viveu, mas já passamos por muita coisa nesses mais de cem anos. E, se a gente excluir da conta as máscaras contra Covid, que a gente ainda fabricava no ano passado, nosso faturamento cresceu 3% — explica ela.

Outra parte do “dever de casa” será inaugurada nos próximos dias: o LupoLab, ecossistema de startups que funcionará ao lado do Shopping Lupo e no prédio que abrigou a primeira fábrica da marca, em Araraquara. O espaço será operado pela Onovolab, que conecta empresas a startups e da qual a Lupo é investidora. A primeira startup a ser recebida nasceu dentro da própria Lupo, a LLI9, que desenvolveu seu software de frente de loja.

— O processo de atração de novas empresas começou, temos vários interessados. Mais de 120 pessoas trabalharão no espaço — diz o diretor superintendente Carlos Mazzeu, acrescentando que o hub receberá também 100 estudantes em vulnerabilidade social. (Informações: Rennan Setti, Globo/Capital)