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Livro com história da escravização em Araraquara foi lançado nesta sexta no SESC

A obra desenvolvida por meio de uma parceria entre a Prefeitura e a OAB Araraquara está tendo grande repercussão no País, por conta da originalidade do material coletado pelos pesquisadores.

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Prefeito Edinho Silva ao lado da deputada Estadual Thainara Faria uma das grandes defensoras dos movimentos que visam exterminar o preconceito racial

Nesta sexta-feira (24), o SESC Araraquara recebeu o lançamento oficial do livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”, obra que reúne um raro conteúdo composto por documentos, fotos e informações sobre o período da escravização na cidade.

O projeto é realizado pela Prefeitura, por meio do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araraquara – 5ª Subseção, contando com o apoio do Sesc, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) da Uniara, da Academia Araraquarense de Letras, do NUPE- Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa em Extensão, da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB e da Frente Parlamentar Antirracista.

Início da solenidade de lançamento do livro

A obra, que conta com a organização de Alessandra Laurindo, Claudio Claudino, Edmundo Oliveira, Felipe Oliveira e Fernando Passos, traz prefácios de instituições e pessoas comprometidas com o combate ao racismo, como o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda; o professor Dr. da Unesp Araraquara, Dagoberto José Fonseca; além do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo, Defensoria Pública, Fórum Trabalhista de Araraquara e outras organizações.

O livro reúne mais de 500 páginas digitalizadas de escrituras de compra e venda de escravizados em Araraquara no final do século 19, entre os anos de 1874 e 1887, que estavam arquivadas em cartório. Em 1890, pouco tempo após a abolição, o então Ministro de Estado, Rui Barbosa, determinou que fossem queimados todos os documentos relacionados à escravização no Brasil, restando poucas cidades que mantiveram os livros dos tabelionatos intactos, contrariando sua ordem. Após inúmeras tentativas e mediante autorização do Juiz-Corregedor Permanente do 1º Tabelião de Araraquara, as cópias digitalizadas dessas escrituras foram liberadas para a 5ª Subseção da OAB/SP e sua Comissão de Combate à Discriminação Racial.

Vereador João Clemente, Thaynara e Edinho

A publicação desse conteúdo foi autorizada pelo Juiz-Corregedor Permanente da Serventia Extrajudicial e expõe a realidade sobre a época da escravatura no Brasil e a realização de estudos sobre o período, além de possibilitar que descendentes de escravizados tenham acesso à verdade sobre as histórias de suas famílias. A inclusão dos prefácios, por sua vez, permite que as entidades e pessoas envolvidas com a temática manifestem, sob sua ótica, a importância do livro na luta contra o racismo.

Casa lotada para o espetáculo de lançamento

O encontro contou ainda com a apresentação do historiador e professor Douglas Belchior, nome importante dos direitos humanos e da luta contra o racismo no país. A noite também foi abrilhantada por uma belíssima apresentação do Grupo Ilú Obama de Min, que reúne mulheres negras e tem como madrinha a cantora e deputada Leci Brandão. Além de uma homenagem servidor aposentado da Câmara Municipal Resendo Camargo, outra importante personalidade araraquarense na luta pelos direitos da população negra.

O lançamento do livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense” integra a programação dos “21 Dias de Ativismo contra o Racismo”, campanha que existe desde 2017 e funciona como uma grande agenda antirracista, onde movimentos sociais, coletivos, figuras públicas e pessoas independentes podem propor diversas atividades que pautem o debate pelo fim da discriminação racial.