O paleontólogo e padre Giuseppe Leonard estará em Araraquara no próximo sábado (13), pela manhã, às 8 horas, em visita ao MAPA – Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara. O museu estará especialmente aberto para visitação de Giuseppe e um grupo de paleontólogos estrangeiros.
Giuseppe Leonard, especialista em dinossauros, figura entre as principais autoridades no mundo em pegadas fósseis de tetrápodes e em comportamento e sociologia de dinossauros, pterossauros (pterodactilos) e cervos fósseis.
Na década de 1970, Giuseppe, italiano naturalizado brasileiro, constatou que as lajes de arenito exploradas comercialmente e utilizadas na pavimentação de Araraquara continham inúmeros registros de pegadas de dinossauros e mamíferos, além de rastros de invertebrados. Esses registros são chamados de icnofósseis, um tipo específico de fóssil.
Não é a primeira vez que o paleontólogo e padre Giuseppe Leonard, precursor dos estudos paleontológicos do acervo de Araraquara, visita o MAPA. Ele já esteve na cidade em outras situações, inclusive em 2013, Giuseppe Leonardi recebeu o título de cidadão araraquarense pelo importante trabalho paleontológico e por ter projetado Araraquara no cenário científico nacional e internacional.
De acordo com Gustavo Ferreira, gerente dos Museus, a visita vem sendo organizada por Heitor Francischini, professor de paleontologia da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e antigo colaborador do MAPA. “Ele estará trazendo um pessoal do exterior (Argentina, EUA, Japão, Itália e Espanha) para um tour pelo patrimônio fossilífero da cidade, e quer levá-los ao MAPA e, em seguida, às calçadas da cidade. E dentre os participantes, estará o Giuseppe Leonardi, padre e paleontólogo que dá nome à sala de exposição de paleontologia do MAPA, e quem descobriu as primeiras pegadas de dinossauros por aqui, nos anos 70. A ideia é eles começarem no MAPA uma caminhada até o Parque Infantil.”
Vale destacar que o MAPA possui a exposição permanente “Areias do passado, marcas no presente”, inaugurada em 2016, com os saberes produzidos a partir dos estudos de Giuseppe Leonardi, na década de 1970. A exposição – com curadoria da Fundação Araporã e também de Marcelo Adorna, paleontólogo que deu sequência aos estudos de Giuseppe – está organizada em três módulos: introdução à Paleontologia; uma viagem no tempo e no espaço; e o patrimônio paleontológico de Araraquara.
Dentre os recursos expográficos, destacam-se o cenário que reconstitui hipoteticamente os esqueletos dos possíveis vertebrados produtores das pegadas e pistas em seu paleoambiente e um mapa com a distribuição dos icnofósseis por toda a cidade. Ela se estende pela rua Voluntários da Pátria (rua 5), onde ilhas de pegadas foram criadas em 2007, na ocasião de revitalização do Boulevard dos Oitis.
Esta conexão entre o interior e o exterior do MAPA vem sendo reforçada nos últimos anos, com a intenção de estender o acervo do museu pelas calçadas de Araraquara, onde é encontrada a maior parte do patrimônio paleontológico da cidade.
Por tudo isso, Araraquara é grata à história que foi escrita na cidade a partir das observações e estudos de Giuseppe Leonard. A programação é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura, por meio da Coordenadoria de Acervos e Patrimônio Histórico.
HISTÓRIA
De acordo com a história da paleontologia na região, em 1976, com uma intensa dor de dente, Giuseppe Leonardi parou em Araraquara e, ao passear pela cidade, descobriu centenas de pegadas de dinossauros e se entusiasmou com a abundante fauna fóssil. Assim, o padre voltou para Araraquara muitas vezes e passou a estudar o caso.
O paleontólogo realizou o levantamento do calçamento de Araraquara e, neste processo, retirou pedras para as coleções do Departamento Nacional da Produção Mineral. Por meio de sua pesquisa, descobriu-se que Araraquara possui o maior afloramento urbano do mundo, o que significa a maior exposição de uma rocha na superfície da Terra.
Vale destacar que as calçadas da área central de Araraquara possuem evidências da existência de mamíferos e de outros dinossauros maiores do período jurássico e cretáceo no Brasil, há cerca de 140 milhões de anos. As pegadas podem ser encontradas em placas de arenito usadas nas calçadas da cidade, especialmente no Museu a Céu Aberto, na Rua Voluntários da Pátria (Rua 5).
QUEM É O PADRE GIUSEPPE LEONARD
Paleontólogo, especialista em dinossauros, figura entre as principais autoridades no mundo em pegadas fósseis de tetrápodes e em comportamento e sociologia de dinossauros, pterossauros (pterodactilos) e cervos fósseis. Produziu cerca de 160 publicações científicas com ênfase na área da Icnologia dos Vertebrados. Realizou cerca de 90 expedições na América do Sul, da Patagônia à Amazônia, entre elas 32 na bacia do Rio do Peixe (PB), na qual passou mais de um ano no campo, outro tanto em Araraquara (SP) e arredores, além de várias expedições na Austrália, África, Europa, América do Norte e Central e Oriente Médio. Contribuiu para a padronização da metodologia e da terminologia internacionais do campo da Icnologia dos Vertebrados com a publicação de um Glossário e Manual em oito línguas (Brasil – DNPM; 1987).