Através de exames o Instituto Ricardo Gumbletono Daunt (IIRGD), na capital paulista, identificou em novembro do ano passado o corpo de um homem que foi morto após ser espancado depois de furtar um celular no Santa Felícia. Na época, ele foi enterrado sem identificação.
Denílson Donizetti de Paula, 39, é o mesmo bandido que realizou 34 assaltos contra uma idosa de 77 anos, entre 2014 e 2015, na Vila Elisabeth, em São Carlos.
O criminoso aproveitava da fragilidade da mulher que morava sozinha para cometer os crimes. Ele chegou a amarrar e amordaçar a vítima.
Os roubos praticados na casa da senhora passaram a ser rotina. Mesmo quando encontrava o portão e a porta trancados, Denilson escalava o muro e retirava as telhas para entrar na casa. Ele sabia até o dia e o valor que a idosa recebia o benefício do INSS. Além do dinheiro, ele roubava objetos e valor e quando contrariado, agredia fisicamente a vítima.
Os familiares que acreditavam que a idosa estaria com a síndrome de Estocolmo, devido quantidade de crimes e estaria com pena do marginal, decidiram montar uma campana (tocaia), para prendê-lo.
Na noite do dia 7 de junho de 2015, a afilhada da mulher e o namorado flagraram Denilson no interior da casa. Ele foi detido até a chegada da Polícia Militar.
Denilson foi encaminhado ao plantão policial, onde foi autuado em flagrante e depois recolhido ao Anexo de Detenção Provisória (ADP) de Araraquara.
CONDENAÇÕES
O inquérito policial aberto pelo 1º Distrito Policial, chefiado pelo delegado Maurício Dotta e Silva, para apurar os 34 assaltos foi entregue ao Ministério Público e em 2016 Denilson foi condenado a uma pena de mais de 23 anos de prisão.
REDUÇÃO DA PENA
Denílson contratou um advogado que recorreu das sentenças junto ao Tribunal de Justiça (TJ), e após analisar a decisão na comarca de São Carlos, os desembargadores, no dia 29 de junho de 2017, reduziram a pena para 10 anos, 04 meses e 13 dias de reclusão.
SAIDINHA DE NATAL
Denílson então, deixou o presídio em Araraquara e foi transferido para a penitenciária do bairro de Belém, na zona leste de São Paulo, onde após ficar por pouco tempo no regime fechado passou para o regime semiaberto e no dia 20 de dezembro de 2018, teve sua conduta na penitenciária avaliada e foi beneficiado com a saída temporária do Natal mas não regressou ao sistema prisional.
FURTO DE CELULAR E MORTE
No final de 2018, o criminoso retornou para São Carlos e passou a viver nas ruas da região oeste, onde iniciou uma série de pequenos furtos para sustentar seus vícios, até que no início da tarde do dia 7 de janeiro de 2019, ele andava pela rua Manoel José Serpa, no Santa Felícia e furtou do interior de um Corsa, um telefone celular, cujo aparelho tinha atrás da capinha o cartão bancário e uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de uma senhora, sogra de um comerciante autônomo de 27 anos.
Após o crime, o comerciante foi averiguar quem seria o autor e percebeu que as câmeras de vigilância haviam registrado a ação do marginal e passou a procurar por ele e foi informado ainda que naquela tarde que o bandido teria sido visto na região do bairro Santa Angelina, nas proximidades de biqueiras (ponto de drogas), e por volta das 15 horas, encontrou o receptador que comprou o celular furtado da sua sogra. Ele conseguiu reaver o aparelho por R$ 50,00 e continuou a procurar por Denilson.
Já no início da noite, quando estaria a caminho de uma casa de carnes do bairro, o comerciante reconheceu o ladrão que teria furtado o celular da sogra e resolveu detê-lo, com a intenção de entregá-lo à Polícia Militar, porém o criminoso correu e pessoas que estavam nas proximidades, sabendo que ele seria o autor de pequenos furtos na região, resolveram espancá-lo.
Denilson chegou a ser socorrido pelo Samu, mas morreu dois dias depois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de São Carlos.
Na época, o criminoso não portava nenhum documento e o corpo chegou a ficar 10 dias no Instituto Médico Legal (IML) aguardando reconhecimento, mas acabou sendo enterrado como indigente no cemitério Nossa Senhora do Carmo.
No mês de novembro de 2020, o Instituto de Identificação Ricardo Gumbletono Daunt (IIRGD) da capital Paulista, concluiu os trabalhos e no mês seguinte emitiu o laudo oficial onde aponta que o corpo que está sepultado no cemitério Nossa Senhora do Carmo, pertence ao presidiário Denílson Donizetti de Paula que era foragido da Justiça.
A Polícia Civil deverá concluir os trabalhos no início deste ano e dar baixa no inquérito policial.
Já o comerciante que teria detido Denilson responde ao processo na Justiça. Segundo as advogadas, ele é inocente e além de não ter agredido o bandido, ainda providenciou o socorro através do Samu, bem como aguardou a chegada da Polícia Militar. (Colaboração SCA).