A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal na sexta-feira (8) relatório com a conclusão de uma investigação sobre o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no qual afirma ter indícios de que o político cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nogueira é investigado por suspeita de recebimento de propina do grupo J&F, dono da JBS. Segundo os policiais, a empresa teria feito pagamentos para garantir o apoio do PP à reeleição de Dilma Rousseff à Presidência em 2014.
O inquérito contra Nogueira, que é presidente licenciado do PP e um dos principais articuladores da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi aberto em setembro de 2018, tendo como base a delação premiada de executivos da J&F. A PF também aponta indícios de crimes de Gustavo Lima, irmão de Ciro Nogueira; de Edinho Silva, prefeito de Araraquara (SP) e tesoureiro do PT na campanha de Dilma; além de Joesley Batista e Ricardo Saud, antigos executivos da J&F. No relatório, a PF diz que Joesley, por solicitação de Edinho, e com auxílio de Saud, fez repasses de vantagens indevidas para Nogueira “visando a garantir o apoio do Partido Progressista às eleições de Dilma Rousseff”. A petista foi reeleita em 2014, e em 2016 perdeu o cargo após processo de impeachment, que contou com apoio do PP.
De acordo com publicação da Nexo, o relatório final da PF, uma parte do dinheiro foi encaminhado ao PP por meio de uma doação eleitoral oficial, como consta nos recibos da prestação de campanha. Outra parte, de cerca de R$ 5 milhões, conforme o relatório, teria sido repassada em espécie por meio de uma pessoa ligada ao ministro, que posteriormente teria tido acesso ao recurso.
A defesa de Nogueira nega ilegalidades. Em nota, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse estranhar o relatório da PF porque, segundo ele, a conclusão é totalmente baseada em delações que não são confirmadas com nenhuma prova externa. “A defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal. Continuamos à disposição do Poder Judiciário com plena convicção que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não mais se sustenta”, disse.
As conclusões da PF devem ser remetidas pela ministra Rosa Weber, relatora do inquérito no Supremo, ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Caberá a ele decidir se denuncia Nogueira e outros envolvidos, pede novas diligências ou mesmo arquiva o caso por considerar que não haveria provas dos delitos apontados pela polícia, diz a Nexo.
NOTA DO PREFEITO EDINHO SILVA
O RCIA encaminhou demanda à assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal e do prefeito Edinho Silva que se defende da acusação em uma nota.
“Edinho Silva, que foi coordenador financeiro da campanha de Dilma 2014, reforça que todas as doações ocorreram dentro da legalidade e as contas da campanha foram aprovadas pelo TSE.”