O comércio considerado não essencial e os shoppings centers ainda não retomaram suas atividades na cidade de São Paulo, em quarentena até 15 de junho. A reabertura só será possível após a assinatura de protocolos pelas associações representantes dos diversos setores econômicos junto à administração municipal.
Enquanto que na capital a prefeitura começou a receber os protocolos setoriais, o comércio de rua e os shoppings centers começaram a ser reabertos nesta segunda (01/06) em diversas cidades e regiões paulistas.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 32 shoppings foram reabertos em São Paulo, todos no interior. O estado é o principal mercado de shopping centers do País, com 182 unidades, um terço dos empreendimentos do setor.
Apesar do decreto do governo de São Paulo regulamentar a flexibilização da quarentena em fases distintas dependendo da região do estado, a reabertura das atividades econômicas nas cidades depende de decretos das respectivas prefeituras.
As administrações municipais têm autonomia para definir regras específicas do que abre e o que não abre, a partir das determinações feitas pelo governo estadual por meio do Plano São Paulo.
No primeiro dia de funcionamento, o movimento do comércio foi avaliado como positivo por dirigentes de associações comerciais de cidades do interior paulista ouvidos pela reportagem do Diário do Comércio.
MOVIMENTO INTENSO
Em Marília, cidade classificada pelo governo do estado na fase 2 (laranja) de flexibilização, as lojas do comércio estiveram abertas das 10h às 16h. Também abriram os shoppings centers, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marília (ACIM), Adriano Luiz Martins, as lojas da cidade receberam um grande número de consumidores após 70 dias de fechamento obrigatório.
“Isso já era esperado. Muitas pessoas aproveitaram o primeiro dia para colocarem as contas em dia pagando seus carnês e para a compra de necessidades emergenciais”, justificou o dirigente, que circulou pelas principais ruas do Centro.
Desde as primeiras horas do dia, o centro comercial da cidade apresentou um movimento intenso. “Com uma demanda reprimida por tanto tempo, era de se esperar que muitos saíssem de casa logo no primeiro dia”, comentou Martins. “Ainda precisamos de tempo de adaptação entre comerciantes, comerciários e consumidores”, completou.
As lojas do comércio de Marília funcionarão de segunda a sexta, das 10h às 16h, em turno único. Aos sábados, será das 9h às 13h, com duas horas semanais que exigirão combinação entre empregadores e empregados, com troca através de folgas. “Esse período evita aglomerações com os trabalhadores industriais, que encontram mais dificuldades na mudança dos turnos”, afirmou o presidente da ACIM.
TRÂNSITO CAÓTICO
Em Sorocaba, a reabertura do comércio varejista reuniu um grande número de consumidores nas principais vias comerciais da cidade. O trânsito ficou caótico e o movimento, de acordo com o presidente da Associação Comercial de Sorocaba (ACSO), Sérgio Reze, foi acima do esperado, principalmente em lojas de roupas e calçados.
“Isso causa, ao mesmo tempo, entusiasmo e preocupação”, apontou o dirigente. O intenso movimento provocou certa aglomeração, já que, além do horário reduzido de funcionamento das lojas, das 9h às 13h, elas só puderam receber 20% da capacidade máxima de ocupação.
Nos shoppings centers, as atividades de lazer para crianças, cinemas e praças de alimentação permaneceram fechadas e as lojas funcionaram das 15h às 19h, mesmo horário das atividades imobiliárias, concessionárias de veículos e escritórios.
“Devemos lembrar que estamos vivendo um momento de crise e é de extrema importância que os empreendedores e consumidores façam a sua parte para que a cidade não regrida e volte ao estágio inicial da quarentena. É nosso dever se cuidar e proteger a saúde de todos, evitando aglomerações”, aconselhou Reze.
DESORIENTAÇÃO
Na cidade de Ribeirão Preto, também na fase 2 de flexibilização, o comércio funcionou das 12h às 16h, com atendimento presencial de 20% da capacidade máxima dos estabelecimentos. Os shoppings centers e as galerias do município abriram das 16h às 20h.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP), Dorival Balbino, no primeiro dia de reabertura os lojistas ainda estavam um pouco desorientados, principalmente em relação aos horários de funcionamento.
“Algumas questões sobre a reabertura ainda estão deixando dúvidas, principalmente em relação ao horário, que não está claro se são quatro horas para atendimento ao público ou se esse é o total de horas de funcionamento dos estabelecimentos”, afirma Balbino. A ACIRP já enviou um ofício à prefeitura municipal solicitando esclarecimentos.
O dirigente acredita que a partir da semana que vem a entidade terá números mais precisos sobre o retorno financeiro das vendas nos primeiros dias de reabertura, e a respeito das adequações nas lojas e mudanças de comportamento dos consumidores.
“Muitos receberão seus pagamentos e terão um período mais aceitável para se adequarem à nova realidade. Mas é certo que a reabertura do comércio, cumprindo rígidos padrões de segurança, será benéfica para todos”, diz.
EXCELENTE RECOMEÇO
Diferentemente das cidades citadas anteriormente, São Carlos está na fase 3 (amarela) de flexibilização. Dessa forma, além do comércio em geral e dos shoppings centers, foram reabertos, com restrições, os restaurantes, bares e similares, além dos salões de beleza. O funcionamento de academias, teatros, cinemas e a realização de eventos com aglomeração continuam proibidos.
O comércio funcionou das 10h às 16h, com capacidade limitada de 40% no atendimento. Os shoppings também ficaram abertos com horário reduzido, das 12h às 18h, com proibição de praças de alimentação (exceto ao ar livre).
Na avaliação do presidente da Associação Comercial e Industrial de São Carlos (ACISC), José Fernando Domingues, o movimento no primeiro dia de flexibilização foi intenso, sobretudo para pagamentos de crediários.
“Os consumidores também aproveitaram para comprar aqueles itens e objetos que estavam precisando e que, durante a quarentena, não tiveram como adquirir. Foi um excelente recomeço”, destacou.
Para o dirigente, é importante que todos os lojistas tenham responsabilidade no cumprimento das exigências sanitárias, “para que não retrocedamos nessa flexibilização. Se não cuidarmos, os casos de coronavírus podem aumentar e a gente perde o direito de funcionar dessa forma. Por isso, estivemos visitando o comércio e solicitamos o apoio de todos os comerciantes, funcionários e também dos próprios consumidores”.
As normas sanitárias, em São Carlos, são as mesmas para todos os segmentos: disponibilizar higienização para funcionários e consumidores com álcool gel 70% em pontos estratégicos; uso de máscaras pelos funcionários durante toda a jornada de trabalho, assim como pelos consumidores; o acesso e o número de pessoas nos estabelecimentos devem ser controlados; manter todas as áreas ventiladas; além de respeitar o distanciamento de 2 metros entre as pessoas.