O varejo restrito brasileiro -sem considerar vendas de veículos e material de construção -deve apresentar crescimento de 1,1% em 2019 na comparação com o ano passado, de acordo com projeção da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
“É um resultado fraco e um indicativo de que a economia brasileira parou de se recuperar. Trata-se de um número bem inferior aos 2,3% de 2018 e aos 2,1% de 2017”, avalia o economista da ACSP Marcel Solimeo.
Ele lembra que, em maio, o varejo cresceu 1,3% na variação em 12 meses, segundo o IBGE. “Pela projeção da ACSP, os números do setor irão arrefecer até atingir o resultado de 1,1% em dezembro”.
O economista salienta que, no começo do ano, as expectativas de aumento para o setor estavam na faixa entre 2% e 3%, mas as dificuldades econômicas já não permitem mais uma recuperação nesse patamar.
“Contudo, há tempo para que medidas sejam tomadas, como reduzir os juros e os depósitos compulsórios dos bancos, o que beneficiará muito o crédito à pessoa física, estimulando o varejo”, diz Solimeo.
Ele acrescenta que a inflação sob controle e o fraco ritmo da atividade econômica abrem espaço para o Banco Central reduzir a taxa básica de juros/Selic algumas vezes até o fim do ano.
“Se a Reforma da Previdência for aprovada rapidamente e os demais ajustes foram viabilizados, a confiança do consumidor e do empresariado tende a aumentar, o que por sua vez melhora a projeção para o comércio”.
Por fim, ele ressalta que os segmentos que têm deixado o varejo no azul em 2019 são supermercados, farmácia e artigos de uso pessoal – “produtos de primeira necessidade e de menor valor”.
A projeção foi feita pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal/ACSP com base em dados: do varejo do IBGE; dos juros, do crédito à pessoa física e da massa salarial ampliada disponível, do Banco Central; e do Índice Nacional de Confiança/ACSP.