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Maior acionista da Ferroviária compra clube em Portugal

O que é a marca Ferroviária na atualidade? Divide-se na verdade em duas partes: uma é a antiga Associação Ferroviária de Esportes (1950), mantida por um Conselho Deliberativo e proprietária de direitos federativos para competições oficiais. Outra parte é a Ferroviária Sociedade Anônima (2013), empresa com fins lucrativos, que para participar de atividades oficiais usa os direitos federativos da antiga.

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Luiz Antônio Duarte Ferreira (à dir.) e o ex-jogador Palhinha são os proprietários do União Almeirim (Jornal da Manhã, Marília)

O que é a marca Ferroviária na atualidade? Divide-se na verdade em duas partes: uma é a antiga Associação Ferroviária de Esportes (1950), mantida por um Conselho Deliberativo e proprietária de direitos federativos para competições oficiais. Outra parte é a Ferroviária Sociedade Anônima (2013), empresa com fins lucrativos, que para participar de atividades oficiais usa os direitos federativos da antiga.

Com pelo menos 49% de ações da Ferroviária S.A, o empresário Luiz Antônio Duarte Ferreira, o “Cai-Cai”, diretor da Know How, empresa lincada a sociedade anônima criada em 2013, está indo embora de Araraquara. Seu destino é o União Almeirim, equipe da 4ª Divisão do futebol português. A compra da agremiação na Europa foi realizada em parceria com o ex-jogador Palhinha, bicampeão mundial com o São Paulo em 1992 e 1993 e que vestiu a camisa do Marília em 2002, na conquista do título do Campeonato Paulista da Série A-2.

Para a compra do clube português ele vai gastar inicialmente 200 mil euros (R$ 870 mil na cotação atual). O investimento é resultado de uma verdadeira saga ao redor de Portugal, caçando uma agremiação que reunisse as condições que Cai-Cai e Palhinha procuravam no mercado e, claro, que também concordasse com a sua proposta. Este é um dos motivos que levou “Cai-Cai” esta semana a anunciar a venda dos 49% das ações que possui na Ferroviária S.A.. A cidade Almeirim fica a uma hora da capital Lisboa, tem 11.700 mil habitantes e é famosa por sua tradicional sopa da pedra.

Por aqui, as ações pertencentes a Know How serão negociadas com um grupo de investidores ligado ao empresário Giuliano Bertolucci, um dos principais nomes que existem no mundo do futebol, porém com nome citado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul em irregularidades no Internacional de Porto Alegre, entre 2015 e 16. Outras 13 pessoas também estão envolvidas e foram denunciados por crimes de organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O empresário tem negado  as acusações, em audiência realizada pelo MP.

Venda de Éder Militão para o Real Madrid no valor de 50 milhões de euros foi motivo de comemoração na cidade do Porto. Na foto, os responsáveis pelo negócio: Giuliano Bertolucci, Ulisses Jorge e Kia Joorabchian, que mantém parcerias no mundo do futebol

Da mesma forma que Bertolucci que chega, também “Cai Cai” apresenta um passado empresarial supostamente nebuloso como fabricante de cigarros tendo ficado milionário sem pagar impostos. Em maio de 2007, a Revista Isto É chegou a publicar matéria feita pelos jornalistas Hugo Marques e Hugo Studart e repicada no site do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol). Segundo a Isto É – “A Polícia Federal descortinou um esquema de venda de sentenças na Justiça e prendeu dois desembargadores e um juiz ao deflagrar a Operação Hurricane.” E continua a revista: “Aos poucos, começam a surgir as empresas acusadas de comprar as decisões judiciais. Uma delas é a fábrica de cigarros American Virginia, que pertence ao empresário Luiz Antônio Duarte Ferreira, 46 anos”. Na época, o empresário também era presidente do Marília Atlético Clube.

COMO VAI FICAR

A venda das ações de Luizinho “Cai-Cai” para Bertolucci será considerada concretizada após passar por assembleia entre os conselheiros da Sociedade Anônima, presidida pelo médico Welson Alves Ferreira Júnior, o Juninho, com a antiga Associação Ferroviária de Esportes, liderada por Milton Cardoso.

Juninho possui ações que chegam a 19%; “Cai-Cai” tem 49%; a própria Associação Ferroviária de Esportes (antiga) é dona de 20% das ações; o restante, 12%, é dividido em pequenos acionistas como Roberto Massafera, Luis Antônio Massafera, Luis Roberto Neves, Enio Rodrigues, Milton Cardoso, Waldemar Paschoalino Júnior, Marcelo Liba, Júlio Carneiro, Antônio Eduardo Mauro, Humberto Lima Boschiero, Everson Miguel Inforsato (Dicão) e Silvio Henrique Barboza.

Já o conselho da Associação Ferroviária de Esportes, além de Milton Cardoso, é formado por Benedito dos Santos, Silvio Aparecido Pinheiro, Mário Malara, Gilberto Virgilio de Souza, José Wellington Pinto, Marcelo Barbieri, Edson Casaut, Robson Cardoso, Antonio Eduardo Mauro, Edelcio Margonar, Elton Roni Pinto, Bruno Guerreiro, Ana Maria Dias, Wilson Pedroso, Paulo Clemente Filho, José Gonçalves e Silvio Henrique Barbosa. Na oportunidade deverão ser apontados os dois novos conselheiros efetivos que substituirão a Oscar Sbáglia e Pedro Paulo “Nenê” Ferrenha, recentemente falecidos.

Nesta quinta-feira (7), o presidente do Conselho da Ferroviária (antiga), Milton Cardoso assegurou que é favorável a negociação desde que seja colocada em uma das cláusulas que – em momento algum a Associação Ferroviária de Esportes ou Ferroviária S.A. poderão ser transferidas para outra cidade, tendo eternamente que se manter em Araraquara.