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Membro da comissão técnica de time araraquarense é vítima de racismo na Copa Sul/Minas de Futsal

Caso aconteceu na final da categoria Sub-12 entre a Invictus e La Coruja/AABB Ribeirão Preto, realizada na cidade de Batatais

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Mais um caso deplorável de racismo envolvendo o esporte araraquarense aconteceu durante o Dia de Finados.

A Sociedade Esporte Clube Invictus representou a cidade na disputa da Copa Sul/Minas de Futsal, evento que começou no último final de semana e foi encerrado na tarde desta terça, no Ginásio de Esportes Marinheirão, em Batatais.

O time viajou na noite da última sexta e tudo estava dentro do planejado para a disputa da competição.

“Estava com mais quatro professores e com várias categorias. Começamos os jogos no sábado e chegamos na final em três delas. O clima no Sub-10 foi normal e no Sub-14 perdemos na semifinal, mas foi tudo tranquilo. No Sub-12, chegamos na final e enfrentamos a AABB, de Ribeirão Preto. Existe uma rivalidade entre as equipes”, narrou Zé Sérgio, membro da comissão técnica da Invictus, ao Portal RCIA Araraquara.

A equipe da La Coruja representa a AABB e conta com o patrocínio da associação. Na grande decisão, o jogo seguia normalmente quando o time araraquarense conseguiu abriu o placar e levou a vantagem até o final do primeiro tempo. Porém, as coisas mudaram a partir daí.

“No intervalo, cerca de quatro pessoas estavam próximas do alambrado e um deles chegou perto para ver as instruções dos nossos treinadores. É normal isso acontecer, pois acabam pegando informações para passar para o treinador adversário. Eu estava na quadra e entrei na frente para que ele não pudesse ver o que estava na prancheta e depois ele disse “sai da frente, seu neguinho macaco”, contou.

Zé Sérgio precisou ser contido pelos outros membros da comissão e uma grande confusão se criou atrás do banco da Invictus. Presentes no local ouviram as palavras racistas e partiram pra cima da pessoa, mas ela acabou fugindo do local, se escondendo em uma mata atrás do ginásio.

A pessoa era conhecida por ser pai de um dos alunos da La Coruja e estava consumindo bebida alcóolica nas dependências do ginásio. Segundo relatos, ela estava alterada. A Guarda Civil Municipal acabou chegando até o local do jogo, onde foram colhidos os dados do acusado.

Sobre o jogo, Zé Sérgio disse que a partida deveria ter sido encerrada, mas seguiu normalmente. Com os ânimos exaltados, a equipe da AABB conseguiu a virada por 3 a 1 e ficou com o título.

“Eles [alunos] ficaram bastante assustados com o ocorrido. Viramos vencendo por 1 a 0 e o jogo estava normal para gente, mas acabou 3 a 1 para a AABB. O psicológico deles ficaram abalados. Acho que a organização deveria ter paralisado o jogo e encerrado ele”, declarou.

Zé Sérgio não conseguiu fazer o boletim de ocorrência no plantão da Polícia Militar de Batatais, pois estavam atendendo casos de flagrante. Por conta disso, precisou se dirigir até a delegacia de Araraquara para apenas fazer o registro apenas na manhã desta quarta-feira. Ele pretende levar o caso adiante para que sirva de lição. Emocionado, disse que nunca passou por uma situação dessas em sua vida.

“Trabalho com a equipe há cinco anos e participei de diversos campeonatos. Às vezes, têm conversas com árbitro e outros times, mas nunca de chegar a esse tom agressivo e se dirigindo até a mim desta maneira”, disse a reportagem.

Em contato da reportagem, o treinador da La Coruja, Rafael Jacob, lamentou o episódio ocorrido na cidade de Batatais e reforçou que a conduta de pegarem informações da Invictus não partiu de sua comissão técnica.

“Estávamos dentro do próprio jogo e nenhum momento partiu de nós para que algum pai, responsável ou membro da comissão técnica ir até o banco pra tirar informações deles. Não faz parte da nossa metodologia de trabalho”, declarou.

Jacob confirmou que alguns torcedores estavam alcoolizados, lamentou o ocorrido e espera que as coisas possam ser esclarecidas.

“Alguns torcedores estavam alcoolizados, sim, mas nada justifica este tipo de atitude. A AABB repudia qualquer tipo de ataque, independente da cor, raça sexualidade e qualquer tipo de descriminação. Nós não vimos nada, pois estávamos do outro lado da quadra, só a confusão acontecendo. É algo que precisa ser investigado e individualizado. Caso seja comprovado, ele tem que ser punido e apoiamos isso”, contou.

Em nota enviada ao Portal RCIA Araraquara, a organização da Copa Sul/Minas de Futsal declarou que repudia qualquer ato de racismo e preconceito, e que em sete anos de disputa, isso nunca havia acontecido.

Caso seja comprovado o ato, a equipe da La Coruja pode ser excluída do próximo evento. Confira a nota enviada:

“Nós da comissão organizadora acionamos a Guarda Municipal da cidade de Batatais, onde compareceu ao longo da partida. Identificamos o nome do suposto agressor e foi passado o nome para esposa do professor José Sérgio.

Repudiamos qualquer ato de racismo a nossa competição, que já está a mais de sete anos e nunca aconteceu isso. Estamos à disposição para qualquer coisa que precisarem.”

**ATUALIZAÇÃO 3/11/21, ÀS 17H22**

Em novo comunicado, a empresa Sport & Ação, que organiza a Copa Sul/Minas de Futsal, declarou que repudia qualquer e que aguarda as autoridades policiais para averiguações para que possam tomar as medidas desportivas necessárias.

https://www.facebook.com/SociedadeInvictusAraraquara/posts/278720684259423

CASO DE RACISMO TAMBÉM NO HANDEBOL

Recentemente, o treinador de Handebol da Fundesport/Araraquara, Robison Santos, foi vitima de ato racista e homofóbico por parte da equipe de arbitragem, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro Feminino de Handebol Juvenil.

A justiça julgou o caso e deu pena branda aos acusados. Os comentários feitos saíram ao vivo durante a transmissão da partida e trouxeram grande repercussão pedindo para que a Confederação afastasse a dupla de imediato. O vídeo foi apagado pouco tempo depois.