Home Destaques

Em entrevista, Pedro Martins fala sobre a sua saída da Ferroviária

Em entrevista ao Portal RCIARARAQUARA, o ex-diretor executivo da Locomotiva falou sobre o trabalho realizado em 2020, dos investimentos realizados no clube, Série D e sobre o seu futuro

426
Crédito: Divulgação

Após comunicar a sua saída na manhã desta sexta-feira, o ex-CEO da Ferroviária, Pedro Martins, atendeu a reportagem do Portal RCIARARAQUARA para falar mais sobre a sua segunda passagem pelo clube.

Entre os assuntos abordados durante a entrevista, estão a transição que feita dentro da diretoria com a chegada de Sidiclei Menezes, as competições que a equipe masculina disputou em 2020, o fracasso na Série D e a estruturação que o clube sofreu com a chegada da MS Sports.

O profissional ressaltou também que o seu pedido de demissão tem a ver com uma proposta recebida, mas não revelou qual será o seu destino. Confira:

RCIARARAQUARA: O que motivou a sua saída da Ferroviária no exato momento em que o clube está no início do planejamento para a temporada 2021?

Pedro Martins: Durante o ano de 2020, todo o trabalho foi de reorganização do clube para entrada dos nossos investidores, para estruturação de um plano de crescimento da empresa e das equipes de futebol como um todo.

Já o final da temporada, em meio a estas conversas de avaliação do projeto como um todo, eu acabei abrindo ao Comitê de Gestão que eu tinha uma proposta profissional muito boa para o meu crescimento e progresso, era muito interessante. Construí com eles uma transição da minha função dentro do clube, resultando na contratação do Sidiclei Menezes. como diretor de futebol. e na transformação do Rodrigo Possebon em diretor técnico e também na transição de algumas funções minhas para outras diretorias.

No final das contas, a gente foi cuidando das etapas desta transição para que a diretoria não sofresse com a minha saída agora no início deste ano.

RCIA: Você aceitou voltar como CEO em dezembro de 2019. O projeto que foi proposto pela MS Sports ocorreu da forma como você esperava dentro do clube?
PM: A proposta foi justamente para que eu pudesse contribuir com a transição da Ferroviária Futebol S/A, do modelo que ela operou até 2019, quando eu tive participação neste formato de gestão deste novo projeto, que incluía, entre outras coisas, a transformação do clube na compreensão do que é a cultura e o modelo de funcionamento na forma atual, e também na compreensão dos novos objetivos, das novas ambições, enfim, tudo o que a chegada da MS Sports estava representando.

Este processo nunca é simples. Quando a gente fala dessa transição no processo na aquisição ou difusões de grandes empresas, a gente vê isso acontecer dentro de três, quatro ou cinco anos. A Ferroviária, por ser um clube pioneiro e sempre foi um clube pioneiro, passou por um processo em 2020. Isto foi sendo formatado e isso nunca é um processo linear, é algo que você desenha e não acontece da forma como você desenhou. O que a gente fez foi construir em conjunto do que é essa nova Ferroviária.

O que eu avalio hoje é que o clube está muito mais preparado. Existe um alinhamento muito maior entre todas as pessoas do Comitê Gestor, da diretoria, da sociedade local, na compreensão do que foi a Ferroviária ao longo dos anos e o que eles querem da Ferroviária nos próximos anos e essa compreensão é dentro do processo de tomada de decisão nas mais diversas áreas, tanto no meio e fim.

Eu acredito que tive um papel importante dentro desta etapa de desenvolvimento para a nova Ferroviária com a chegada dos investidores.

RCIA: Como foi esta montagem do elenco para as disputas do Paulistão de 2020, tendo a parada durante a pandemia, a Copa do Brasil e a Série D?
PM: O ano de 2020 tem muito a ver com o que foi de 2019. A Ferroviária passou por várias mudanças, começando pela diretoria de futebol e depois na troca do comando técnico. O Campeonato Paulista vem com parte do elenco que vinha sendo formatado nos últimos anos. A entrada deste grupo de investidores deu a possibilidade da Ferroviária manter um grupo de jogadores para o segundo semestre. Isso nunca tinha acontecido. Essa manutenção veio de maneira importante.

Mas, como eu disse, foi a primeira vez que isso aconteceu na Ferroviária, foi a primeira vez que monta o elenco com a participação de novas pessoas. Isso tudo é um processo de aprendizagem. Não tem como. O clube estava habituado em um processo de tomada de decisão e isso é modificado. Este aprendizado amadureceu todos os envolvidos para que agora, em 2021, aconteça de uma maneira mais ágil, madura e assertiva.

RCIA: E dentro da Série D, toda a cidade, nós da imprensa, a torcida e, principalmente, a diretoria, que trabalhou para deixar o time perto do ideal para a disputa da competição, criou a expectativa para o acesso. Ao longo das 16 rodadas, a Ferroviária nunca mostrou um futebol que “esse time vai subir”. Qual o sentimento que ficou na disputa desta Série D?
PM: É óbvio que o objetivo do clube era o acesso. O investimento que foi feito era para que viesse o acesso. A linha desenhada de trabalho que foi constituída foi para que o acesso viesse. Mas estamos falando de futebol. Não conseguimos controlar todas as variáveis, o desempenho ponta a ponta. É óbvio que o resultado final é frustrante, não era o que o clube esperava. A avaliação geral, não só de atletas, comissão técnica, diretoria e Comitê Gestor, é de que poderia ter sido melhor. O que a gente está fazendo? Onde errou? O que poderia ter sido feito de maneira diferente? Como estes erros devem servir de aprendizado para a disputa da Série D de 2021?

Eu acredito que este processo que o clube fez no final de ano com todos os envolvidos serve como um amadurecimento para que 2021 seja mais sólido e estável. A avaliação geral, de todas as pessoas, é que, este ano, represente mais estabilidade para a Ferroviária. Eu, mesmo saindo, tenho a convicção e otimismo de que 2021 seja uma temporada mais sólida para o clube.

RCIA: O que você pode falar sobre os investidores neste primeiro ano que estão a frente do clube? Qual experiência você teve?
PM: Eu falo da minha relação com o Comitê Gestor como um todo. São pessoas que estão muito interessadas em colocar a Ferroviária em outro patamar do futebol brasileiro. O objetivo inicial e atual é que o clube esteja disputando uma Série B de Campeonato Brasileiro, tenha um Centro de Treinamento, que seja uma referência na formação de atletas. Isso tudo está em curso. Não é porque houve uma competição e não resultou em algo que foi planejado que tenha dado tudo errado. Muito pelo contrário. O que sinto do Comitê Gestor é que eles têm um compromisso com o clube que é de longo prazo e isso é um discurso recorrente com todos que estão envolvidos.

Agora, insucessos desportivos, fazem parte. O grande ponto e aprendizado é: o que você vai fazer com ele e quais são as próximas etapas para que você cresça com ele?

RCIA: Um dos carros-chefes da atual gestão são as categorias de base. O que foi a categoria de base neste ano de 2020?
PM: Este foi um ano atípico em termos de competições de base. Tivemos pouca capacidade para avaliar as equipes em competições. O esforço que foi feito pelo Comitê Gestor foi de qualificar e melhoraram as condições que os atletas das categorias de base antes tinham. Marcelo Teixeira, Milton Costa e Annie Kopanakis, eles vê fazendo um trabalho muito importante de suporte e apoio para capitação de jovens talentos.

Hoje, a Ferroviária tem uma estrutura de desenvolvimento de jovens atletas que é condizente a clubes com estrutura de Série A do futebol no Brasil. É óbvio que isso o resultado não é imediato. Ele é de médio/longo prazo e acredito que, ao longo do tempo, as pessoas poderão avaliar o que foram estes investimentos realizados em 2020.

RCIA: Para encerrarmos, clubes e até a própria FPF, teriam entrado em contato com você. Qual será o futuro do Pedro agora?
PM: A minha saída ela é fruto de uma proposta profissional que recebi. Pelo acordo que eu tenho com o novo emprego, eu ainda não posso divulgar porque faltam detalhes contratuais e burocráticos, mas creio que dentro de 10, 15 dias, eu poderei comunicar sobre o meu novo trabalho.