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Ferroviária 70 anos: A salvação como clube-empresa

Os anos 2000 são marcantes na vida da Ferroviária. Foi quando a Associação deu espaço para a chegada do clube-empresa comandar a instituição, a criação do time feminino e um título oficial que não vinha há 40 anos

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Ferroviária de 2001 - Em Pé: Wagner, Anderson Xavier, Rodrigo Bido, Adriano, Cacá, Aritana, Serginho, Alexandre, Jonas, Milton e Samuel. Agachados: Marcos Vinícius, Rodrigo Tabata, Luís Fernando, Grafite, Carlos Alberto, Lei e Lucas Polito.

No penúltimo capitulo do especial voltado aos 70 anos da Ferroviária, a RCIARARAQUARA traz a trajetória do clube nos anos 2000, se tornando uma década importante para a existência do que é hoje: um clube-empresa.

Antes de decretar o seu fim, a Associação Ferroviária de Esportes disputou ainda, em 2001, a Série B1, a quarta divisão do Campeonato Paulista.

Com Grafite e Rodrigo Tabata no elenco, em 28 jogos, a Locomotiva acumulou 14 vitórias, cinco empates e nove derrotas, terminando na quarta colocação geral da competição.

Apesar da boa campanha, a equipe só garantiu o acesso para a Série A3, pois foi criada a Liga Rio-São Paulo, fazendo com que os grandes do estado esvaziassem o Paulistão, abrindo vaga para outras equipes. Na oportunidade, Osasco e Sertãozinho, campeão e vice, estavam garantidos. As novas vagas ficaram com Palmeiras B e Ferroviária.

Após a competição, Grafite foi vendido ao Santa Cruz para disputar o Brasileirão.

Em 2003, o que poderia ser uma retomada, se transformou em mais um capítulo melancólico em sua história. Novamente, a equipe voltou a decepcionar e foi novamente rebaixada para a Série B1. Em 14 jogos, obteve três vitórias, três empates e oito derrotas. Esta foi a última vez que a Associação disputou uma edição de Campeonato Paulista.

No final daquele ano, mais precisamente no dia 11 de novembro, nascia a Ferroviária Futebol S/A. Com a AFE totalmente esfacelada e afundada em dívidas, a condição de se tornar clube-empresa foi a única salvação para que a instituição continuasse com vida ativa e ininterrupta desde 1950.

Outra mudança no rumo de sua história foi da aquisição, por parte da Prefeitura, do estádio da Fonte Luminosa, para sanar as dívidas do clube. O estádio Municipal Tenente Siqueira de Campos foi leiloado ao Clube Araraquarense.

Empresários da cidade cooperaram e vivaram acionistas para que a Ferrinha mantivesse a equipe, que teria que começar a cavalgada da Série B1 do Paulista. Uma parceria com o Athletico Paranaense foi feita naquele período. O uniforme, inclusive, foi feito pela Umbro, material esportivo do Furacão até hoje.

Com campanha avassaladora, a Locomotiva sagrou-se vice-campeão da B1. Em 28 jogos, venceu 18, empatou quatro e perdeu seis, ficando atrás apenas do Monte Azul, que somou mais pontos (61 contra 58) e foi campeão.

Grafite com a camisa grená em confronto diante do Velo Clube

NASCIMENTO DO TIME FEMININO

Foi em 2001 que a Ferroviária deu início ao seu projeto com o futebol feminino, sendo dos clubes percursores da modalidade no Brasil.

Em parceria com a Fundesport, o clube fomentou várias jogadoras de Araraquara e região (entre elas, a zagueira Andreia Rosa, que está hoje de volta ao clube) para se tornar uma das referências do futebol feminino no Brasil.

Naquele período, a Ferroviária/Fundesport ganhou os títulos do Campeonato Paulista de 2002, 2004 e 2005. Anos depois, firmou também parceria com o Hipermercados Extra, fortalecendo ainda mais a equipe, que chegou a contar com a volante Formiga.

A PIOR DERROTA DESTE SÉCULO E O PRIMEIRO TÍTULO DA S/A

Quando a equipe se firmou na A3, o ano de 2006 foi um ano emblemático para o torcedor afeano. Com um grande elenco comandado, a Ferrinha contou com três treinadores naquele ano: Toninho Moura, João Martins e Edson Só.

O futebol vistoso, com uma defesa sólida e com meio-campo que sabia tocar a bola e constantemente chegava na cara do gol, trouxe ao torcedor a clareza de que o acesso para a Série A2 aconteceria naquele ano, mas ficou no quase e da forma mais dolorosa.

Restando apenas um jogo para o término da segunda fase, a equipe precisava de apenas um simples empate diante do XV de Jaú, na Fonte Luminosa, para carimbar a vaga. Porém, não foi o que aconteceu.

Com gols de Paulinho e Douglas Richard (jogou na Ferroviária no ano seguinte), o Galo da Comarca venceu por 2 a 0 e calou o bom público que esteve presente na enfeitada Fonte Luminosa.

Um dos times da Ferroviária de 2006 – Em pé: Tuti, Thiago Costa, Mauro, Leandro Donizete e Vagner.
Agachados: Leônico, Francisco Alex, Caiubi, Diego Isaias, Max Carrasco e Tobias

Porém, no segundo semestre e com a base mantida do Paulista, a Locomotiva fez bonito e voltou a conquistar um título oficial depois de 40 anos, o primeiro da era S/A.

Na Copa Federação Paulista de Futebol, em boa campanha na primeira fase, os comandados por Edson Só chegaram na fase mata-mata. Nas quartas, eliminou o Guarani (5 a 1 e 2 a 1), o São Bernardo (1 a 0 e 1 a 1) e chegou na decisão para encarar o Bragantino.

No primeiro jogo, em Araraquara, vitória por 1 a 0, gol marcado por Alex, de pênalti. Ainda neste prélio, o volante Leandro Donizete acabou sendo expulso e desfalcou a Ferroviária na partida de volta.

Em Bragança Paulista e com uma arbitragem bastante confusa, o Bragantino abriu o placar aos 37 minutos com o atacante Bill.

Na parte final da segunda etapa, o árbitro Élcio Paschoal Borborema marcou penalidade a favor da Ferrinha. Quando Alex ajeitou para bater, o árbitro voltou atrás de sua decisão e deu bola a favor do Massa Bruta, causando inconformismo aos 11 grenás.

Mas, aos 42 minutos, Vagner cobra falta na área, Jackson dá leve desvio de cabeça e marca o gol do título grená. Até hoje, que leva o nome de Copa Paulista, a Ferroviária é o único time de Série A3 a ter vencido esta competição.

A conquista rendeu ao time uma participação na Copa do Brasil de 2007. No jogo contra o Juventude, vitória por 3 a 1 na Fonte Luminosa, mas foi eliminada ao perder por 2 a 0, no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.

NOVO REBAIXAMENTO, MAS QUE DUROU POUCO TEMPO

Em 2009, foi novamente um ano que machucou o torcedor grená. Em mais uma campanha desastrosa, o time foi rebaixado para a Série A3 e da pior forma possível.

No dia em que completou 59 anos, foi goleada pela já rebaixada Portuguesa Santista por 5 a 3, no estádio Ulrico Mursa. Ali, colocou-se em cheque até mesmo o futuro da S/A dentro da Ferroviária.

Em uma matéria publicada no extinto jornal “Tribuna Impressa” daquele ano, conta que um grupo de empresários, liderado pelo ex-jogador Careca, estaria disposto a comprar a Ferroviária. A notícia veiculada causou muita revolta na cidade e, dias depois, o negócio não aconteceu.

O ano marcou também a reinauguração do estádio da Fonte Luminosa. Moderno e mais amplo, demorou um pouco mais de um ano para ficar pronto, passando de 18 para 25 mil espectadores, além de ficar todo coberto.

A última partida na antiga Fonte aconteceu no dia 3 de maio de 2008, quando venceu o clássico diante do Botafogo por 4 a 1. Depois, mandou os seus jogos em Taquaritinga, até que fosse inaugurado o estádio Cândido de Barros, no Jardim Botânico.

Na inauguração, desta vez a Ferroviária foi derrotada para o Botafogo por 2 a 1, em jogo válido pela Copa FPF.

A Fonte Luminosa foi reinaugurada no dia 22 de outubro de 2009, em partida diante do Ituano, agora denominada Copa Paulista. Com público de 21.254, a Locomotiva bateu o Galo de Itu por 2 a 1. O lateral-esquerdo Fernando Luís marcou o primeiro gol no novo estádio.

Já no ano de 2010, a equipe voltou a brilhar e conquistou novamente o acesso para. Em ótima campanha, a Ferroviária foi vice-campeã da Série A3 após perder a decisão para o Red Bull, mas estava com a vaga garantida para a Série A2.

Reinauguração da Fonte Luminosa em 2009 – Crédito: cidademaravilhosa2016

Fonte: Blog “Ferroviária em Campo”, de Vicente Baroffaldi