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Morre Jorge Nagle, ex-diretor da Filosofia e depois Reitor da Unesp

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Jorge Nagle 153

O falecimento de Nagle entristece e torna o ensino brasileiro ainda mais pobre

Jorge Nagle 153Nagle, por 30 anos residiu em nossa cidade; morreu aos 90 anos

Exemplo de ser humano e um dos maiores integrantes do ensino brasileiro; assim é que podemos definir Jorge Nagle, o professor Jorge Nagle que foi Reitor da UNESP – Universidade Estadual Paulista, entre 1985 e 1988. Anteriormente tinha sido diretor da Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara.

Professor do curso de Pedagogia era um estudioso da Educação Brasileira com obras escritas sobre esta temática; em Araraquara residiu por mais de 30 anos, granjeando amizades e tornando-se uma das pessoas mais influentes.

 Após sua passagem na Reitoria em Sao Paulo foi Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, e Secretário Estadual da Educação e assumiu ainda a Reitoria da Universidade de Mogi das Cruzes, cidade onde atualmente residia e faleceu neste sábado (20).

SUA HISTÓRIA

Nasceu em Cerqueira Cesar, SP, em 18/06/1929.

1949 – Professor normalista pela Escola Normal de S.Cruz do R.Pardo.

1955 – Licenciado em Pedagogia, pela FFCL da USP.

1966 – Livre-Docente, na área de Pedagogia Geral, na UNESP, campus de Araraquara.

1967 – Professor Titular da UNESP.

1975 – Professor Adjunto, por concurso, da UNESP.

1967-1969 – Diretor da FFCL de Araraquara – UNESP.

1978-1979 – Chefe de Departamento de Ciências da Educação – UNESP.

1980-1984 – Diretor do Instituto de Letras, Ciências Sociais e Educação, UNESP, Araraquara.

1984-1988 – Reitor da UNESP.

1989-1990 – Presidente da FUNDUNESP (Fundação para o Desenvolvimento da UNESP).

1988 – Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia.

PARTICIPAÇÃO EM COLEGIADOS

1984-1995 – Conselho Superior da FAPESP (Presidente em 1992-1994)

1986-1988 – Presidente do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo)

1987-1988 – Diretório Executivo do CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras)

1987-1988 – Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta.

1989-1992 – Conselho Curador da Fundação Instituto de Física Teórica (Presidente em 1992)

1992-1994 – Conselho Federal de Educação

1993-1995 – Representante da FAPESP junto ao Conselho Universitário da USP

1995 – Presidente da Sociedade Amigos do Museu Paulista

1996 – Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo

PRODUÇÃO ACADÊMICA

A reforma e o ensino, São Paulo, EDART, 1973

Educação e sociedade na Primeira República, São Paulo, Edusp, 1974

Educação brasileira: questões de atualidade (org.), São Paulo, EDART, 1975

Educação e linguagem (org.), São Paulo, EDART, 1976

Produziu 11 capítulos de livros

Dezenas de artigos, entrevistas e outros trabalhos publicados em revistas especializadas e jornais.

NA POLÍTICA

Peça-chave na condução e na pacificação administrativa da Unesp durante a reabertura democrática do país, Nagle assumiu o comando da Universidade ainda como reitor “pró-tempore”, em 1º de agosto de 1984, para na sequência cumprir o mandato, já como reitor eleito, de 17 de janeiro de 1985 a 16 de janeiro de 1989.

Nessa época, a importância da ascensão de Jorge Nagle à Reitoria da Unesp, ainda como “pró-tempore”, motivou discurso marcante do então deputado estadual Wagner Rossi na Assembleia Legislativa de São Paulo. Rossi presidira a Comissão de Educação do Legislativo e elogiava a “coragem” do gesto do então governador Franco Montoro ao nomear Nagle, com base na “vontade da comunidade universitária”, para pôr “fim à crise” da Unesp, com “atividades acadêmicas paralisadas há meses” – em 1984, o Brasil vivia um turbulento período de transição do regime militar para a democracia. “Lembramos que este é o momento de avanço democrático, de reconquista da universidade para o povo de São Paulo”, discursou Rossi na ocasião.

Jorge Nagle esteve ligado à Unesp desde o ano de criação da Universidade, em 1976, até 1990, quando foi presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp). Em 1988, durante o seu mandato, houve o surgimento do câmpus de Bauru, com a incorporação da Universidade de Bauru à Unesp em agosto daquele ano.

Em 1989, ano em que deixou de ser reitor, Nagle empossou no cargo o professor Paulo Milton Barbosa Landim, que havia sido vice-reitor durante a sua gestão.

Em fevereiro de 1989, menos de um mês após Nagle deixar o cargo, o então governador Orestes Quércia publicou o decreto que conferiu às três universidades estaduais paulistas –USP, Unesp e Unicamp—a autonomia administrativa e financeira do governo estadual, seguindo os preceitos estabelecidos pela Constituição de 1988.